Transcrição
do debate entre Adeildo Belisário e Adriana Santos sob o tema “Ordenação
Feminina: mulheres podem ser pastoras?”, ocorrido em 28 de Maio de 2017
no Grupo de Estudos “Teologia com Propósito”.
Acompanhe
abaixo o desenvolvimento deste debate, com pergunta dos leitores e respostas
dos debatedores, que foi mediado pelo moderador Davi Faria de Caires, de
Campinas-SP.
PERGUNTAS DOS LEITORES
PERGUNTA: “O
Novo Testamento diz que, em Cristo, não há homem nem mulher, todos são iguais
diante de Deus (“Nisto não há judeu nem
grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um
em Cristo Jesus.” - Gálatas 3:28). Proibir as mulheres de serem oficiais da
Igreja é fazer uma distinção baseada em sexo?” – (Pergunta enviada por Davi Faria de Caires)
Adriana Santos:
O Novo Testamento também diz que todos somos sacerdócio real. Trata-se de
questão cultural, e não distinção de sexo. Muitos vêem essa situação como uma
medição de força e nisso quem perde é o reino de Deus.
Adeildo Belisário:
O texto de Gálatas está se referindo à nossa condição de pessoas salvas e
regeneradas em Cristo. Nada tem a ver com uma "discriminação" para
determinado cargo. Se há alguma discriminação, ela é feita por Deus. A própria
diferenças de sexo, já são prova de que, em certo sentido, somos diferentes. Só
as mulheres podem ser mães! Só os homens podem ser pais. Agora, a liderança foi
dada ao homem e isso antes da queda. Se queremos defender a bíblia, devemos
defender as diferenças de papeis a ser desempenhados.
PERGUNTA: Numa
sociedade e ambiente sócio-cultural e religioso e alguns até misógenos sob o
papel da mulher num ambiente greco-romano e judaico- cristão, porque Paulo usa
os termos em relação a Febe que seria possível diaconisa de prostatěs (protetora) e systatikõs ou hêpaineô (altamente recomendada ou elogiada) um termo
que não era comum a uma mulher, só um líder ou autoridade masculina para
representar e levar as cartas, por exemplo, a de Romanos ? – (Pergunta enviada por Fabrício)
Adriana Santos:
Febe e outras mulheres desenvolveram papéis de liderança. A prova disso é que
Febe era uma mulher de responsabilidade que Paulo deixa-a responsável para entrega da carta. Isso só reforça minhas
convicções.
Adeildo Belisário:
Não é claro se Febe era diaconisa. O termo ali é "servir". E o
aspecto da cultura influenciou sim a postura de Paulo a recomendar e elogiar
Febe. A questão de ‘prostates’ não
deve ser levada ao extremo de fazê-la um protetor nos moldes de provedora. Se assim o for, Cristo também era submisso às
mulheres que andavam com ele e os discípulos, e sabemos que ele recebia ajuda
financeira delas. Isto posto, não podemos dizer como um homem mais antigo: “eu estou pagando, eu mando”! Servir não
é ser líder.
PERGUNTA: O
conceito da submissão feminina ensinado na Bíblia não acarreta inevitavelmente
o conceito de que o homem é melhor e superior à mulher?” - Pergunta enviada por Davi Faria de Caires
Adeildo Belisário:
Não! Ser submisso não é ser inferior. Ser submisso a uma liderança civil
(presidente) não me faz menor em dignidade, respeito, honra, moral, intelecto,
sentimentos e capacidades. De maneira mais clara, somos submissos ao
"cargo" mais que a "pessoa que o ocupa". Devemos separar o
que a bíblia fala de nossa natureza e nossa missão como pessoas e servos de
Deus.
PERGUNTA: A
mulher pastora também deve ser a cabeça do marido? - Pergunta
enviada por Davi Faria de Caires
Adriana Santos:
Mulher como líder não é cabeça da igreja nem do marido. A Bíblia só menciona um
cabeça da Igreja: Jesus Cristo. A Bíblia diz que o marido é cabeça da esposa e
não que o homem é cabeça da Igreja.
PERGUNTA: Dom
é sinônimo de ordenação? Os requisitos são claros. Ninguém quebrou mais
paradigmas do que Jesus. Ele não escolheu nenhuma mulher para ser apóstola,
apesar delas participarem do seu ministério. Em 1 Timóteo e Tito 1, percebe-se que o dom do ensino é apenas um
dos requisitos. Há outros, como por exemplo, governar a própria casa e ser
marido de uma só mulher, que não podem ser preenchidos por mulheres cristãs,
por mais dons que tenham. Marido e não esposa de um... Como justificar a
ordenação como sendo cultural, à luz da Bíblia? Jesus estava preso a uma
cultura? – Pergunta enviada por Jeconias
Fontinele da Silva
Adriana Santos:
Jesus escolheu doze homens para serem discípulos e doze homens judeus. Dentre
eles, nenhum era gentio. Esses homens, após a ascensão de Cristo, se tornaram
apóstolos. Jesus sim quebrou várias questões culturais. Homem não podia falar
com mulher. Mas ele falava. Homem não podia ensinar mulher, pois era
vergonhoso, e ele parou na casa de Maria e Marta e ensinava Maria. Tem a uma
mulher o encargo de anunciar que ele havia ressuscitado. Quando a promessa da
descida do Espírito Santo se cumpriu, estava os homens e todas as mulheres que
acompanhava Jesus e todas receberam a virtude do Espírito Santo, assim como os
homens.
PERGUNTA: “Em
1Timóteo 3.11, ao descrever as qualificações do diácono, Paulo se refere às
mulheres: “Da mesma sorte, quanto a mulheres, é necessário que sejam elas
respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. Este versículo não
prova que havia diaconisas nas igrejas apostólicas?” - Pergunta enviada por Davi Faria de Caires
Adeildo Belisário:
Bom, os teólogos se perguntam porque Paulo interrompe o fluxo normal do
discurso. Alguns teólogos acham que Paulo fala das mulheres dos diáconos. Eu
penso que esse "da mesma sorte" tem um valor de "mudar o foco de
ação". Ele esta dando recomendações a um grupo, "da mesma
sorte", instrução a outro grupo, "da mesma sorte", e fala a um
terceiro. Não podemos dizer que o último grupo vá fazer TODAS as recomendações
que foram dadas aos três grupos.
PERGUNTA: A
Bíblia não contém o ensino de que homens são melhores que mulheres; tampouco
contém o ensino de que os homens são iguais às mulheres. Sempre o ensino bíblico
é dado a cada um, homem e mulher e os seus papéis no plano de Deus para a
humanidade. Isso nos remete à igualdade entre ambos perante Deus e
principalmente a papéis diferentes perante Deus. Tendo em mente a declaração
paulina dada a Timóteo: “Porque se um
homem não consegue governar a sua própria família, como poderá cuidar da igreja
de Deus?” (1 Timóteo 3.5), gostaria de ouvir sua opinião sobre a questão a
seguir, se possível, com referenciação veterotestamentária e neotestamentária.
A quem Deus deu a prerrogativa do governo: para homens ou para mulheres? - Pergunta enviada por Luís Roberto de Souza
Adriana Santos:
O texto diz a respeito dos bispos, que governem bem sua casa, ou seja, diz
respeito à administração. Pois vemos que alguém que tem a responsabilidade de
cuidar de um povo não consegue nem o menino que é administra sua casa aí não
servi para o ministério. Mas governar diz respeito administração e a mulher
também tem esse papel de administração, mas isso não significa que ela está
mais no controle. Mulher sábia edifica a casa. E só mantém uma casa edificada
com boa administração e bom governo.
PERGUNTA: “Onde
está na Bíblia que somente homens podem ser pastores, presbíteros e diáconos?
Existe algum texto na Bíblia que diga claramente “é proibido que as mulheres
sejam ordenadas ao ministério”?” - Pergunta
enviada por Davi Faria de Caires
Adeildo Belisário: Não
há na bíblia um verso que diga categoricamente que mulher não pode ser pastora.
Mas para mim é suficiente Efésios 5:22ss e as qualificações dos presbíteros.
Como falei antes, as próprias qualificações não são "unissex". Tem
coisas que só homens podem preencher! A mulher é importante no ministério? Sim!
Mas debaixo da autoridade e responsabilidade do homem. A submissão é bíblica,
mas a opressão é um desvio do plano de Deus.
PERGUNTA: “Podemos
afirmar que o patriarcado, conforme o encontramos na Bíblia, especialmente no
Antigo Testamento, é uma instituição nociva e perversa que denigre, inferioriza
e humilha a mulher?” - Pergunta enviada por
Davi Faria de Caires
Adeildo Belisário:
O patriarcado é bíblico e é o plano de Deus para nossas relações aqui na terra.
Mas não posso negar que durante toda a história a mulher foi oprimida e
injustiçada pelos homens. Isso mostra como a maldade humana distorce a vontade
de Deus. Eu afirmo que o machismo é o patriarcado executado sem amor, respeito
e dignidade que só existe na vontade de Deus. A libertação da mulher nesses
dois séculos foram uma reinvindicação que deveria ter sido feita por homens! Baseados
no amor sacrificial de cristo! O feminismo hoje está extrapolando seus pedidos.
O que foi legítimo nos primórdios (igualdade de raça) agora é despropositado
(independência). Nesse assunto ninguém é independente de ninguém.
Na próxima semana
será postada a última parte deste debate. Aguarde!
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