sexta-feira, 18 de março de 2016

Quando Deus se cala








Sabe aqueles momentos em que você precisa ouvir a voz de Deus e nem sequer um sussurro é ouvido e parece que Deus não existe ou não atenta mais para você? Entenda o silêncio dEle.
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TEXTO BASE: Habacuque 1.2
2 Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás?

O livro do profeta Habacuque é um livro único, pois apresenta algumas características únicas. Diferentemente dos demais livros proféticos da Bíblia, nele não encontramos uma descrição de profecias de Deus a ser dita diretamente a Israel ou a outras nações. Nele vemos uma espécie de “diário” do homem de Deus, onde Habacuque escreve suas experiências com Deus.
Outra característica interessante deste livro em apreço é que, ao contrário dos demais livros proféticos em que Deus busca sempre estar em comunicação com o seu povo, o livro de Habacuque se inicia com o silêncio de Deus. Habacuque estava passando por uma situação que muitos de nós já enfrentamos ou enfrentaremos durante nossa caminhada na fé: os momentos em que Deus se cala.
Habacuque via o pecado do povo de Judá crescer assustadoramente a cada dia que passava e a opressão que vinha sobre aqueles que ainda buscavam a Deus. E ele orava incessantemente a Deus buscando uma resposta, uma orientação, uma ação punitiva de Deus. Entretanto, Deus não lhe respondia nada. Isso, conforme o texto lido estava deixando o profeta Habacuque frustrado.
Quantas vezes nós não nos encontramos assim como Habacuque? Temos enfrentado dificuldades, lutas, decisões difíceis a serem tomadas somente por nós e esperamos de Deus uma resposta, uma saída, um milagre, mas, tão somente, recebemos o seu silêncio. E essa situação nos frustra, nos desanima, nos desespera e muitas vezes discutimos com Deus como o profeta de o porquê de Ele não fazer nada. Achamos ruim o silêncio de Deus, como uma falta de consideração, de amor, de respeito para conosco. Mas eu pergunto quem ficou em silêncio pela primeira vez?
A Bíblia nos mostra que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Deus se comunicava livremente com sua criação. Ambos tinham um estreito laço de intimidade e comunhão e, isso, agradava a Deus. Contudo o homem e mulher deram ouvidos aos conselhos de Satanás e eles desobedeceram a ordem de Deus para não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal.
E a Bíblia nos fala em Gênesis 3.8 que durante a viração do dia Deus foi ao jardim. E onde, antes, o homem apareceria alegre e feliz para falar com Deus, dessa vez havia apenas silêncio. O pecado fez com que Adão e Eva se escondessem de vergonha. O pecado foi a primeira barreira para que houvesse silêncio entre Deus e sua criação. Porém Deus com seu infinito amor quebrou o silêncio e disse a Adão: “Onde estás?”. Nós muitas vezes reclamamos quando Deus em sua infinita sabedoria se cala, achamos ruim. Contudo, esquecemo-nos que nós, com nossas fraquezas, paixões e inclinação para o mal, foi quem primeiro nos calamos para Deus.

Não quero dizer com isso, que todas as vezes que Deus se cala é devido o nosso pecado (há casos que sim, mas não todos). Até mesmo porque se assim fora Deus já não falaria mais conosco há muito tempo, tendo em vista que somos pecadores, e nele já fomos concebidos. Mas uma coisa é certa, devido a entrada do pecado, o nosso relacionamento com Deus nunca mais foi o mesmo e somente voltará a sê-lo depois da Vinda de Jesus. Mas então, se nem sempre é devido ao pecado, por que então Deus muitas vezes se cala?
Certa feita, Satanás aparece diante da presença de Deus e põe em “check” a fidelidade de Jó a Deus. Deus então permite a Satanás que toque em tudo o Jó possui: seus bens, sua fazenda, a vida de seus filhos e, por fim, sua saúde física. Eu imagino a angústia de Jó. A Bíblia fala que Jó era um “homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal” (Jó 1.1). Jó nem sequer sabia que aquilo era um teste de Deus, pois ele não fora avisado por Deus. Deus não enviou nenhuma Carta de Ofício comunicando a Jó das provas que viriam sobre ele. Eu imagino Jó clamando a Deus de o porquê de tamanho sofrimento e não obtinha nenhuma resposta de Deus. Deus permitia que Jó sofresse muito tempo, sem lhe dar nenhum consolo a não ser a partir do capítulo 38. A Bíblia fala que em um determinado momento, Jó em seu desespero e aflição, assim como Habacuque, questionou a Deus e vemos a resposta de seu amigo Eliú: “Eis que nisto te respondo: Não foste justo; porque maior é Deus do que o homem. Por que razão contendes com ele? Porque ele não dá contas de nenhum dos seus feitos. Antes Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso” (Jó 33.12-14).
Muitas vezes pensamos que Deus se calou, mas não. Ele apenas fala conosco de outras formas. Muitas vezes queremos ou esperamos que Deus aparecesse a nós, em uma linda visão, rodeado por um exército de anjos e toda a glória possível e dizendo que virá em nosso socorro. E quando isso não acontece ficamos frustrados, desanimados. Afirmo uma coisa: Deus pode estar falando com você todos os dias e você não estar percebendo. Ele pode estar falando por meio da Sua Palavra, por meio dos louvores, por meio dos elementos da natureza, por meio de livramentos, por meio de testemunhos de outros irmãos, por meio do modo de viver dos ímpios (para ver do que Deus te livrou), e principalmente dentro do seu coração por meio do Santo Espírito de Deus que habita dentro de você. Deus fala, como diz o versículo, uma e duas vezes, porém ninguém atenta para isso e culpa a Deus.
Devemos entender que muitas vezes, Deus em sua infinita sabedoria saberá a melhor hora de agir e falar conosco. Quando, por fim Deus aparece para falar com Jó no meio de um redemoinho e diz: “Agora cinge os teus lombos como homem; e perguntar-te-ei, e, tu, responde-me. Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?” (Jó 38.3-5).
É lindo quando vemos o quão grande é Deus. Quem é o homem para questionar os desígnios de Deus, sua vontade, seu tempo. Ele em Sua infinita sabedoria fez tudo o que existe. Ele conhece cada coisa, conhece todas as estrelas e chama cada uma delas pelo seu nome (Sl 147.4). Ele te conhece melhor do que você mesmo. Não precisa se preocupar, se você serve a Deus fielmente, no momento certo e oportuno Ele virá em seu favor, Ele falará contigo de uma forma ou outra. Esteja atento à voz do seu Deus quando Este estiver falando.
Você pode então me falar: Ah, irmão eu até entendo que Deus faça isso conosco, mas Ele não sentiu essa experiência tão ruim na própria pele, pois quando Adão pecou não foi tão duro para Deus o seu silêncio quando o é o Dele para nós. E eu respondo: será mesmo?
Quando Adão e Eva comeram do fruto proibido, o pecado entrou no mundo como eu já disse. E com ele o seu salário: a morte. Assim a Bíblia nos fala em Hebreus: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão”. (Hb 9.22). O homem estava com destino traçado. Todos nós deveríamos morrer por causa de nosso pecado. A única forma de recebermos o perdão e a salvação de Deus era que houvesse o derramamento de sangue pelo nosso pecado.
E a Bíblia nos relata que Deus enviou o seu Filho amado para cumprir essa missão. Jesus foi crucificado e, depois de quase seis horas em que ficou pendurado naquele madeiro, algo aconteceu: “E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46)
O autor Max Lucado diz que essas palavras não parecem ser saídas da boca de Jesus. Aquela voz que pregava com tanta autoridade, ensina com amor as verdades do Reino de Deus, expulsava demônios, curava enfermos, ressuscitava mortos. Não parece ser palavras vindas do Filho de Deus, que esteve junto com Ele no momento da criação. Aquele que sempre dizia com o sinal de exclamação ao final: Vem! Sai! Ide! Agora Jesus faz uma pergunta, denotando uma fragilidade, uma submissão. Além do mais temos o verbo “desamparar”. O Pão da Vida desamparado, a Fonte de Águas Vivas sozinho. Isso nem sequer parece coerente. Se talvez o verbo utilizado tivesse sido “desafiar”, pois isso faria dele um herói, porque enfrentam muitos desafio em prol dos fracos e oprimidos, ou ainda, o verbo “afligir”, o que faria dele um mártir morrendo por uma causa. Mas não, Jesus disse: “Por que me desamparastes? Desamparado, abandonado como um criminoso ou a mais terrível das criaturas[1].
Para entendermos o porquê dessa afirmação, nos reportamos aos escritos de João: “No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Ele veio para tirar o pecado do mundo, ele não simplesmente aniquilou o pecado com uma palavra, ele não destruiu o pecado, ele teve que tocar no pecado, pois sobre Ele estava o meu e o seu pecado. E naquele momento em que Ele se tornou maldito por nossa causa, e como Deus não convive com o pecado, teve que virar as costas para seu Filho. E o próprio Jesus sentiu o silêncio de Deus. Ele se sentiu desamparado, mas sabia que a vitória viria depois do terceiro dia e aquilo abriria novamente o acesso de Deus aos homens por meio Dele (Jesus). Se Deus tivesse falado e agido naquele momento, eu e você possivelmente não estaríamos mais aqui, pois Deus já nos teria destruído. Contudo, graças ao seu silêncio, naquele momento podemos ser salvos. O silêncio de Deus muitas vezes é para o nosso bem, para que eu e você possamos exercitar nossa fé, aprendermos a ser pacientes, sabendo que o amor de Deus por nós é tão grande, que Ele se manteve calado diante do sacrifício de seu Filho. Se ele não te amasse, nem sequer você e eu estaríamos vivos.
Voltando lá em Habacuque vemos que quando Deus respondeu ao profeta sobre o fim que viria para aqueles pecadores, Ele disse: “Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizo, em vossos dias, uma obra, que vós não crereis, quando for contada” (Hb 1.5). Deus não pára de trabalhar na sua vida, mesmo quando está calado. Ele está trabalhando e no tempo certo chegará a tua benção, e muitos não acreditarão no tamanho do milagre quando ele for contado, como diz a Palavra de Deus. Além disso, não devemos nos esquecer que Satanás sabe disso, e ele guerreia como foi na época de Daniel para que a tua resposta não chegue rápido. Creia, confie em Deus e na Sua Palavra. Ele é fiel e verdadeiro. Sua vitória vai chegar. Deus sabe o que é melhor para nós. Como Deus diz a Habacuque: “... mas o justo, pela sua fé, viverá”. (Hb 2.4b). Que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] LUCADO, Max. “Quando os anjos silenciaram”. Editora United Press, 1999.


Gleydson Salviano


MINI-CURRÍCULO: Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto.





Problema sinótico: contradição sobre a cura dos cegos de Jericó





Por Davi Faria de Caires*

 


Introdução

A narrativa da cura dos cegos de Jericó contém diferenças e contradições aparentes.  Este milagre é registrado nos três primeiros evangelhos:


“E, saindo eles de Jericó, seguiu-o grande multidão. E eis que dois cegos, assentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós! E a multidão os repreendia, para que se calassem; eles, porém, cada vez clamavam mais, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós! E Jesus, parando, chamou-os, e disse: Que quereis que vos faça? Disseram-lhe eles: Senhor, que os nossos olhos sejam abertos. Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo viram; e eles o seguiram.” (Evangelho São Mateus 20.29-34, Almeida Corrigida Fiel)


“Depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi! tem misericórdia de mim. E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.” (Evangelho de São Marcos 10.46-52, Almeida Corrigida Fiel)


“E aconteceu que chegando ele perto de Jericó, estava um cego assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo. E disseram-lhe que Jesus Nazareno passava. Então clamou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim. E os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem; e, chegando ele, perguntou-lhe, dizendo: Que queres que te faça? E ele disse: Senhor, que eu veja. E Jesus lhe disse: Vê; a tua fé te salvou. E logo viu, e seguia-o, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.” (Evangelho de São Lucas 18.35-43, Almeida Corrigida Fiel)


A partir do relato bíblico supracitado, observemos o que diz o relato de cada evangelista:

Mateus:
- Diz que eram dois cegos;
- Curados na saída da cidade;
- E não cita o nome deles.

Marcos:
- Afirma que era um cego;
- Curado na saída;
- Cita o nome: Bartimeu.

Lucas:
- Atesta que era um cego;
- Este ficou sabendo de Jesus na entrada da cidade;
- Era inoportuno, insistente e quase foi barrado pela multidão pelo seu
Infortúnio.


Análise

Os três relatos são distintos e se complementam. A bíblia foi inspirada por Deus, mas foi escrita por homens. Homens foram inspirados por Deus, mas o jeito de escrever é particular de cada autor. Contudo, harmoniosamente ela se complementa. No caso dos cegos de Jericó, os três relatos se complementam.
Lucas narra que o cego procurou Jesus na entrada da cidade, e perseguiu-o de forma insistente. Acrescentou inclusive que a multidão tentou barrá-lo, pois estava importunando pelo barulho que estava fazendo. Por Marcos, sabemos que o nome de um cego era Bartimeu. Mateus diz que eram dois cegos, enquanto Marcos e Lucas relatam que era um cego.

Conclusão
Com isso, podemos inferir que eram dois cegos que, no início da cidade começaram a seguir Jesus. Porém, Bartimeu era insistente, contundente e barulhento. Por isso chamou a atenção de todos. O outro cego era mais contido, e estava acompanhando Bartimeu. Ele não estava tão determinado quanto Bartimeu. Lucas acrescenta também que eles perseguiram Jesus. Não sabemos por quanto tempo eles perseguiram Jesus, mas não desistiram. Mas a multidão atrapalhava. E chegando ao final da cidade, com provável diminuição da multidão, e devido à insistência principalmente de Bartimeu, Jesus efetua a cura, no final do trajeto.

Aplicação
Essa passagem me faz lembrar a parábola da viúva que importunava o juiz (Lucas 18). Foi atendida por sua insistência e persistência. De igual modo, Bartimeu é atendido por sua persistência. Enfrenta a multidão, atravessa a cidade e segue clamando a Jesus até o final da cidade, e recebe a cura.
Por outro lado, o outro cego também recebe a cura, mas é menos 'inoportuno'. Temos outra aplicação aí. Este cego é menos insistente. Apenas acompanha o amigo, e recebe a cura por através da insistência do seu amigo. Isso nos mostra a importância dos relacionamentos. Mesmo que estejamos apenas rastejando na fé, podemos ser muito abençoados ao andarmos ao lado de pessoas fiéis, piedosas, intercessoras e persistentes.


Escrito em 02 de Março de 2015


Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®Contato: davifariadecaires@gmail.com


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Quem Criou o Mal?






Por Rodrigo Moraes* e Tiago Amorim**

Resumo
         Uma das teorias mais complexas e até às vezes contraditória é a Teologia e o problema do Mal. Muitos até tentam explicar de forma convincente sobre o mal, e o classificam sempre em duas formas, o “Mal Moral e o Mal Físico”, mas neste artigo queremos propor o entendimento da sua origem e não como ele se desenvolve no aspecto moral ou físico. Vamos abordar aqui o mal antes mesmo do Jardim do Éden, vamos falar do mal em sua essência.

Palavra-chave: Origem do Mal.

Introdução
         Muitas pessoas têm inquietações com a existência do mal, não porque ele possua qualquer desafio lógico ao Cristianismo, mas porque a sua existência cria uma lacuna na compreensão humana, que por falta de fundamentação acaba fugindo do tema, e a pergunta ainda permanece aberta. “Quem criou o Mal”?



O que é o Mal?
ü  O Mal não existe como um ser ou uma coisa, porque não é concreto, mas abstrato;
ü  O Mal não é uma Criatura ou uma Criação;
ü  O Mal não é Onipotente;
ü  O Mal não é Onisciente;
ü  O Mal não é Onipresente;
ü  O Mal acontece;
ü  Nada é Mal em si mesmo;

Conceito de Mal
“Todo Pecado é Mal, mas nem todo Mal é Pecado”.
Exemplo:
ü  Ferrugem de um carro é mal, mas não é pecado;
ü  Podridão de uma árvore é mal, mas não é pecado;
ü  Sua calça jeans rasgou é mal, não é pecado;
ü  A televisão da sua casa queima é mal, mas não é pecado;
ü  Fundiu o motor do seu carro é mal, mas não é pecado.
- As parteiras hebreias desobedeceram a Faraó e Deus não lhes imputou mal por seu feito (Êx. 1.15,20).

Quem Criou o Mal?
Resposta: Deus!
         Muitos Teólogos querem defender Deus dessa pergunta eliminando Deus da equação e fazendo malabarismo com a soberania, o amor, perfeição, santidade, etc.
         O surgimento do mal é consequência da criação do bem; Algo só pode ser bom quando comparado a algo que é mau.
1.    Deus é Criador de tudo o que existe, “...sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo. 1.3);
2.    O Mal é algo que existe;
3.    Portanto, Deus é quem cria o Mal, e decreta sua existência.

         Rejeitar a primeira premissa leva ao dualismo, da mesma forma, negar a segunda leva ao ilusionismo que nega a realidade do mal, que seria “Panteísmo”. Concordar que Deus não criou todas as coisas é negar sua soberania, se na terceira premissa eu negar que Deus cria o mal eu estaria negando a primeira em que Ele é criador de tudo. Se pensarmos que existe uma criação paralela, então Deus não é o Criador e sim um dos “criadores”, sendo Deus não mais Deus e sim Deus de deus, ou seja, dois deuses e duas fontes de criação. Se alguma coisa foi criada fora de Deus, isso o desqualificaria como a origem de tudo. Se alguma coisa foi criada fora de Deus, Ele não teria domínio sobre ela.
         O fato de seres finitos não verem o propósito de certos males não significa que este não exista, a incapacidade de ver o propósito do mal não refuta a benevolência de Deus, apenas revela nossa ignorância.
         A Escritura ensina que a vontade de Deus determina todas as coisas, portanto nada existe ou acontece sem Deus, não meramente permitindo, mas ativamente desejando que exista ou aconteça:
ü  “...e farei toda a minha vontade”. (Is. 46.10)
ü  “...e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai” (Mt.10.29)
ü  “O Senhor fez tudo para seus próprios fins...”(Pv. 16.4)
ü  “...porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Ap. 4.11)

         Se negarmos que Deus é a origem de tudo, iríamos contra a Sua soberania. Não há nada que exista que Ele não tenha ativamente criado. Deus decretou a existência do mal, Ele não o permitiu meramente, como se algo pudesse se originar e acontecer aparte de sua vontade e do Seu poder, Deus decretou o mal, para a Sua própria glória.
         Em Atos 17.28 diz “nele vivemos, e nos movemos, e existimos”, portanto, é absolutamente impossível fazer algo em independência de Deus, sem Ele, uma pessoa não pode nem mesmo pensar ou se mover.
         Aos “ortodoxos” e “fundamentalistas”, que gostam de dizer que seguem a verdade e se fundamentam nas escrituras, ao invés de tentar “proteger” Deus de algo que Ele não precisa ser protegido, deveria reconhecer alegremente com a Bíblia que Deus decretou ativamente o mal, e então tratar com o assunto de forma responsável.
         Se Deus é o único que possui dignidade intrínseca, e se Ele decide que a existência do mal irá servir no final das contas, para glorificá-lo, então, o decreto é, por definição, bom e justificável.
Muitas pessoas contestarão o direito e a justiça de Deus em decretar a existência do mal para a Sua própria glória e propósito. Para uma pessoa ter dificuldade em aceitar que Deus decretou a existência do mal implica que ele encontra algo “errado” em Deus fazer tal decreto.
Contudo, qual é o padrão de certo e errado pelo qual esta pessoa julga as ações de Deus?
         Se há um padrão moral superior a Deus, ao qual o próprio Deus é responsável, e pelo qual o próprio Deus é julgado, então, este “Deus” não é Deus de forma alguma, antes, este padrão maior seria Deus, ou seja, se há algo mais alto do que o “Deus” que uma pessoa está argumentando contra, então, esta pessoa não está realmente se referindo ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, visto que Deus chama a Si mesmo de bom, e visto que Deus definiu a bondade para nós revelando Sua natureza e bondade, o mal é, dessa forma, definido como algo que é contrário à Sua natureza e aos Seus mandamentos. Visto que Deus é bom, e visto que Ele é a única definição de bondade, é bom também que Ele tenha decretado a existência do mal. Não há padrão de bom e mal pelo qual possamos denunciar Seu decreto como errado ou mal. Não estamos afirmando que o mal é bom, o que seria uma contradição, mas, estamos dizendo que o decreto de Deus para a existência do mal é bom.
         Quero me lembrar das 71 perguntas que Deus fez a Jó começando no capitulo 38, no versículo 4 “Onde você estava quando lacei as alicerces da terra?” versículo 33 “você conhece as leis dos céus?, você pode determinar o domínio de Deus sobre a terra?”. Vemos que partimos do nosso próprio conceito e definição de bondade a partir de Deus, acusa-lo de maldade seria como dizer que o bom é mal, o que é uma contradição.


Conclusão
         A Maldade é a causa secundária da quebra de uma Lei primária estabelecida por Deus, à quebra desta Lei causa uma existência secundária que seria a Maldade. Deus criou o mal, mas o homem é responsável por propagar a maldade através de sua relação com o pecado. Da mesma forma como Deus criou a galinha, esta por sua vez bota ovos, e os homens fazem dos ovos omeletes. Deus não criou a omelete, mas dEle é a origem.
A mentira é resultado secundário da verdade, é uma sub-realidade do que é verdadeiro. No instante em que é definido aquilo que é verdade, tudo o que estiver fora da delimitação é tido automaticamente como mentira. Então quando definimos aquilo que é bom, fica pré-definido de maneira automática a criação do que é mal.



Bibliografia

FITCH, William. Deus e o Mal. Editora Pes, 2005.
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de apologética: respostas aos críticos da fé; tradução Lailah de Noronha, São Paulo, Editora Vida, 2002.
SAYÃO, Luiz. O Problema do Mal no Antigo Testamento: o caso de Habacuque. São Paulo, Hagnos, 2012.
WRIGHT, N.T. O Mal e a justiça de Deus. Viçosa, MG, Ultimato, 2009.


Autores:
*Rodrigo Moraes
Bacharelado em Teologia - UMESP - Universidade Metodista; Gestão de Projetos - Universidade Mogi das Cruzes; Pós-Graduação em Teologia & Missão - FLAM - Faculdade Latino Americana de Teologia Integral (Cursando).



**Tiago Amorim
Bacharelado em Teologia - UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie; Bacharelado em Filosofia - CEUCLAR - Universidade Claretiano; Pós-Graduação em Teologia & Missão - FLAM - Faculdade Latino Americana de Teologia Integral (Cursando).




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quarta-feira, 2 de março de 2016

Desafios à Pneumatologia Pentecostal




  
Por Luís Roberto de Souza*


         A abordagem feita pela teologia pentecostal carece de apoio nas cartas apostólicas, na história da igreja e na teologia cristã. Uma análise feita a partir dos pilares da teologia cristã evidencia as lacunas quanto à interpretação sobre a ação do Espírito Santo na igreja. Lacunas estas que os defensores do pentecostalismo, como pregado desde os eventos da Rua Azusa em Los Angeles, no início do século XX, precisam responder para se firmarem como uma interpretação ortodoxa sobre o assunto.

Este artigo tem como objetivo levantar tais questionamentos acerca da ausência de paralelos doutrinários, históricos e teológicos que a visão pentecostal apresenta quando confrontada com quase vinte séculos de existência da igreja de nosso senhor Jesus Cristo.


Introdução
Desde sua fundação, a igreja tem como alicerce de fé e regra a bíblia. Santa, perfeita e incapaz de erro, ela dá luz aos questionamentos doutrinários e justifica as práticas do culto cristão. Com os ensinamentos bíblicos, o homem recebe o Espírito Santo como garantia divina de que está salvo (cf. efésios 1:13,14). Sem a observância da palavra não há o conhecimento de Deus para o cristão.

A teologia bíblica é o meio pelo qual a igreja interpreta a ação de Deus e suas relações com a humanidade, desde antes da criação do mundo até a eternidade vindoura.

Com o decorrer da história da igreja o entendimento teológico se apresenta de maneira paradoxal no que diz respeito a seu conteúdo, pois se por um lado verdades cruciais para a manutenção da salvação são imutáveis, por outro lado encontram-se abordagens que surgiram a fim de tratar de assuntos de determinada época, dando dupla natureza à teologia que pode ser definida como uma disciplina estática e dinâmica, simultaneamente.

A tradição, por meio dos credos, vem para ratificar o entendimento apostólico para preservação da sã doutrina pura e acessível a toda igreja, de geração em geração, considerando que “os credos históricos não partilham da autoridade final das escrituras, mas todas as tradições evangélicas seguem os reformadores na crença que os credos antigos são na verdade um resumo fiel das escrituras e fielmente tiram suas implicações” (Noble, 2015 pág. 22).

Uma leitura crítica da bíblia, mais especificamente das cartas doutrinárias e dos evangelhos, passando pelos credos que representam o entendimento que a igreja tem sobre o ensino apostólico e apoiando-se na lacuna histórica existente entre os eventos descritivos de Atos dos Apóstolos e os relatados no início do século XX, resultam em um grande desafio , de alta dificuldade, ao qual os teólogos pentecostais precisam responder, visando a abordagem feita sobre a ação do Espírito Santo em uma ortodoxia fundamentada e com bom argumento teológico.


Primeiro desafio: o silêncio bíblico
A afirmação pentecostal de que o batismo com o Espírito Santo é uma experiência subsequente à salvação ou:


“é um revestimento de poder do alto, com a evidência física inicial de línguas estranhas, conforme o Espírito concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente  serviço para Deus” (Gilberto, 2008 pág. 191).


O ensino apostólico é rico em explicações, comparações com tipos presentes no velho testamento, metáforas que exemplificam e tornam as ordenanças deixadas para a igreja claras e evidentes.

Os defensores da paracletologia pentecostal precisam apontar quais são as referências neotestamentárias a respeito da segunda benção a ser recebida. As cartas doutrinárias são as explicações teológicas acerca de tudo referente à fé cristã: os evangelhos, contendo os sermões de Cristo seus milagres e suas explicações acerca da lei, e o livro de Atos dos Apóstolos, com seus sermões dão à igreja uma visão clara sobre o batismo com o Espírito Santo.

Antes de afirmar que o batismo com o Espírito Santo é algo distinto da salvação, a teologia pentecostal precisa se desprender dos fatos relatados em Atos dos Apóstolos, tidos como paradigmas, e adentrar às cartas ou aos evangelhos que contêm textos didáticos e explicativos.

A composição dos livros aceitos pela igreja como inspirados e livres de erros não dão caráter doutrinário a um fato, ou a um conjunto de fatos, simplesmente por apresentarem aparentes semelhanças.

Quanto a esta diferença entre textos descritivos e explicativos, Jonh Stott  afirma: “digo porém que o texto descritivo tem valor somente até o ponto em que é interpretado pelo que é didático” (Stott, 1964, pág. 18).

O perigo deste método está na singularidade inerente a cada fato narrado, ao contexto histórico, ao período de transição que a igreja vivia, pois, se um fato narrado em Atos necessariamente deve ser constituído como exemplo doutrinário, então se abre precedente para que todos os demais também sejam tomados como doutrina e, a partir desta, a prática da doutrina apostólica torna-se inviável do ponto de vista bíblico como um todo, já que estabelecer padrões normativos baseados em eventos, como o evangelístico ocorrido entre Felipe e o eunuco, a conversão de Paulo e o carcereiro de Filipos, trariam à tona um perfil impraticável quanto à genuína conversão.

Em relação aos textos de Atos, um simples olhar histórico dará ao leitor a percepção da revelação contínua e progressiva da obra do Espírito Santo, a necessidade de concerto entre judeus e samaritanos com certificação apostólica, a abertura do evangelho aos gentios e a conclusão da obra dada aos últimos crentes que ainda esperavam o Messias.

Com este simples argumento, fica exposto que os derramamentos do Espírito, relatados em Atos dos Apóstolos, devem passar pelo crivo das cartas doutrinárias, dos evangelhos e dos escritos veterotestamentários para que um conceito bíblico de Batismo com o Espírito Santo seja extraído da bíblia.


Segundo desafio: a lacuna histórica
Considerando a história da igreja, a teologia pentecostal precisa identificar onde a doutrina da segunda benção foi praticada, pois qualquer tratado teológico sobre a história da igreja cristã não fornece de maneira clara a compreensão de que os eventos da Rua Azusa foram os pioneiros dessa natureza.

Em uma breve pesquisa utilizando ferramentas de busca on line ou a literatura acadêmica sobre a história da igreja como disciplina, oferecem uma visão panorâmica quanto ao silêncio histórico sobre o batismo com o Espírito Santo sendo abordado segundo a teologia pentecostal.

Não há relatos dos historiadores acerca de avivamentos baseados na segunda benção ou algo que remeta ao pentecostalismo atual.

A própria teologia pentecostal assume esta vanguarda, desqualificando o evangelho pregado por séculos na declaração de um renomado teólogo pentecostal: “através desta verdade, ressurgida na Rua Azusa em Los Angeles, no início do século passado, os pentecostais vêm anunciando o evangelho completo de nosso Senhor Jesus Cristo em todo o mundo”  (Gilberto, Lições Bíblicas, CPAD, 2009).

Com tal assertiva, surgem questionamentos inevitáveis como: O evangelho pregado antes da Rua Azusa teria sido incompleto?

Os avivamentos históricos na Europa e na América, que datam de antes destes eventos, não evidenciaram tais manifestações, sendo assim pode-se considerar que foram incompletos, considerando o ponto de vista teológico e espiritual?

Pelo exposto, concluo este desafio pedindo, humildemente, que os defensores da teologia pentecostal apresentem fatos que possam coadunar o avivamento da Rua Azusa com quase vinte séculos de existência da igreja, uma vez que, até onde é pesquisado, não há relatos de nenhuma alusão à segunda benção, até mesmo por parte dos grandes avivalistas.


Terceiro desafio: o silêncio dos teólogos
Como afirmado anteriormente, a teologia cristã é dinâmica no sentido de estar a serviço de mudanças de culturas, costumes, e quando precisar sair em defesa da fé genuína.

No entanto, questões tratadas desde os primórdios da teologia que são inerentes à salvação, possuem natureza universal e imutável, como a justificação pela fé, que foi um dos pilares reerguidos pela reforma, pois corriam o risco de se perderem com o passar do tempo.

A teologia praticada desde os teólogos patrísticos, os medievais, os reformados e as escolas seguintes até o início do movimento pentecostal, sempre apresentaram a obra do Espírito Santo, no que diz respeito aos dons, basicamente da mesma maneira, com poucas variações, mas não há registros na literatura anterior ao movimento pentecostal de nenhuma alusão que possa ter conexão ao pensamento pentecostal atual.

Estariam os teólogos equivocados por quase vinte séculos? Por que o pilar do evangelho completo, como requerido por Gilberto, só fora dado a partir da Rua Azuza?


Considerações finais
Não é objetivo deste artigo questionar a genuinidade da experiência pentecostal nem tampouco excluir a pneumatologia praticada por seus seguidores, tais questionamentos surgem após uma breve reflexão sobre os argumentos teológicos que, baseados em narrativas, fizeram abordagens que não são identificáveis nas cartas doutrinárias, nos evangelhos, na tradição histórica da igreja e estão ausentes nos escritos teológicos, em quase vinte anos de estudos.

Finalizo meu argumento desejoso de respostas bíblicas, teológicas e históricas necessariamente nesta ordem.


Referências bibliográficas
Gilberto, A. (2008). Teologia Sistemática Pentecostal (2ª edição ed.). Rio de Janeiro: CPAD.
_________. (2009). Lições bíblicas CPAD. Jovens e Adultos.
Noble, T. A. (2015). Trindade Santa Povo Santo a teologia da Perfeição Cristã. Maceió : Editora Sal Cultural.
Stott, J. (1964). Batismo e Plenitude do Espírito Santo (3ª edição ed.). São Paulo: Vida Nova.


Sobre o autor:
Luis Roberto de Souza, Casado, 37 anos, Técnico em Eletrotécnica, graduando em Tecnologia de Construção de Edifícios, possui curso básico em teologia, estuda teologia de maneira autodidata, é cristão Batista de tradição histórica. Administrador do Grupo de Estudos "Teologia com Propósitos". Co-Editor do Blog. Escreve semanalmente sobre o tema: “Teologia Paulina”. Contato: robertoluissouza78@gmail.com


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