Mostrando postagens com marcador Gleydson Salviano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gleydson Salviano. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de março de 2016

Quando Deus se cala








Sabe aqueles momentos em que você precisa ouvir a voz de Deus e nem sequer um sussurro é ouvido e parece que Deus não existe ou não atenta mais para você? Entenda o silêncio dEle.
---------------------------------------------------------------------------------

TEXTO BASE: Habacuque 1.2
2 Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás?

O livro do profeta Habacuque é um livro único, pois apresenta algumas características únicas. Diferentemente dos demais livros proféticos da Bíblia, nele não encontramos uma descrição de profecias de Deus a ser dita diretamente a Israel ou a outras nações. Nele vemos uma espécie de “diário” do homem de Deus, onde Habacuque escreve suas experiências com Deus.
Outra característica interessante deste livro em apreço é que, ao contrário dos demais livros proféticos em que Deus busca sempre estar em comunicação com o seu povo, o livro de Habacuque se inicia com o silêncio de Deus. Habacuque estava passando por uma situação que muitos de nós já enfrentamos ou enfrentaremos durante nossa caminhada na fé: os momentos em que Deus se cala.
Habacuque via o pecado do povo de Judá crescer assustadoramente a cada dia que passava e a opressão que vinha sobre aqueles que ainda buscavam a Deus. E ele orava incessantemente a Deus buscando uma resposta, uma orientação, uma ação punitiva de Deus. Entretanto, Deus não lhe respondia nada. Isso, conforme o texto lido estava deixando o profeta Habacuque frustrado.
Quantas vezes nós não nos encontramos assim como Habacuque? Temos enfrentado dificuldades, lutas, decisões difíceis a serem tomadas somente por nós e esperamos de Deus uma resposta, uma saída, um milagre, mas, tão somente, recebemos o seu silêncio. E essa situação nos frustra, nos desanima, nos desespera e muitas vezes discutimos com Deus como o profeta de o porquê de Ele não fazer nada. Achamos ruim o silêncio de Deus, como uma falta de consideração, de amor, de respeito para conosco. Mas eu pergunto quem ficou em silêncio pela primeira vez?
A Bíblia nos mostra que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Deus se comunicava livremente com sua criação. Ambos tinham um estreito laço de intimidade e comunhão e, isso, agradava a Deus. Contudo o homem e mulher deram ouvidos aos conselhos de Satanás e eles desobedeceram a ordem de Deus para não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal.
E a Bíblia nos fala em Gênesis 3.8 que durante a viração do dia Deus foi ao jardim. E onde, antes, o homem apareceria alegre e feliz para falar com Deus, dessa vez havia apenas silêncio. O pecado fez com que Adão e Eva se escondessem de vergonha. O pecado foi a primeira barreira para que houvesse silêncio entre Deus e sua criação. Porém Deus com seu infinito amor quebrou o silêncio e disse a Adão: “Onde estás?”. Nós muitas vezes reclamamos quando Deus em sua infinita sabedoria se cala, achamos ruim. Contudo, esquecemo-nos que nós, com nossas fraquezas, paixões e inclinação para o mal, foi quem primeiro nos calamos para Deus.

Não quero dizer com isso, que todas as vezes que Deus se cala é devido o nosso pecado (há casos que sim, mas não todos). Até mesmo porque se assim fora Deus já não falaria mais conosco há muito tempo, tendo em vista que somos pecadores, e nele já fomos concebidos. Mas uma coisa é certa, devido a entrada do pecado, o nosso relacionamento com Deus nunca mais foi o mesmo e somente voltará a sê-lo depois da Vinda de Jesus. Mas então, se nem sempre é devido ao pecado, por que então Deus muitas vezes se cala?
Certa feita, Satanás aparece diante da presença de Deus e põe em “check” a fidelidade de Jó a Deus. Deus então permite a Satanás que toque em tudo o Jó possui: seus bens, sua fazenda, a vida de seus filhos e, por fim, sua saúde física. Eu imagino a angústia de Jó. A Bíblia fala que Jó era um “homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal” (Jó 1.1). Jó nem sequer sabia que aquilo era um teste de Deus, pois ele não fora avisado por Deus. Deus não enviou nenhuma Carta de Ofício comunicando a Jó das provas que viriam sobre ele. Eu imagino Jó clamando a Deus de o porquê de tamanho sofrimento e não obtinha nenhuma resposta de Deus. Deus permitia que Jó sofresse muito tempo, sem lhe dar nenhum consolo a não ser a partir do capítulo 38. A Bíblia fala que em um determinado momento, Jó em seu desespero e aflição, assim como Habacuque, questionou a Deus e vemos a resposta de seu amigo Eliú: “Eis que nisto te respondo: Não foste justo; porque maior é Deus do que o homem. Por que razão contendes com ele? Porque ele não dá contas de nenhum dos seus feitos. Antes Deus fala uma e duas vezes; porém ninguém atenta para isso” (Jó 33.12-14).
Muitas vezes pensamos que Deus se calou, mas não. Ele apenas fala conosco de outras formas. Muitas vezes queremos ou esperamos que Deus aparecesse a nós, em uma linda visão, rodeado por um exército de anjos e toda a glória possível e dizendo que virá em nosso socorro. E quando isso não acontece ficamos frustrados, desanimados. Afirmo uma coisa: Deus pode estar falando com você todos os dias e você não estar percebendo. Ele pode estar falando por meio da Sua Palavra, por meio dos louvores, por meio dos elementos da natureza, por meio de livramentos, por meio de testemunhos de outros irmãos, por meio do modo de viver dos ímpios (para ver do que Deus te livrou), e principalmente dentro do seu coração por meio do Santo Espírito de Deus que habita dentro de você. Deus fala, como diz o versículo, uma e duas vezes, porém ninguém atenta para isso e culpa a Deus.
Devemos entender que muitas vezes, Deus em sua infinita sabedoria saberá a melhor hora de agir e falar conosco. Quando, por fim Deus aparece para falar com Jó no meio de um redemoinho e diz: “Agora cinge os teus lombos como homem; e perguntar-te-ei, e, tu, responde-me. Onde estavas tu quando eu fundava a terra? Faze-mo saber se tens inteligência. Quem lhe pôs as medidas, se tu o sabes? Ou quem estendeu sobre ela o cordel?” (Jó 38.3-5).
É lindo quando vemos o quão grande é Deus. Quem é o homem para questionar os desígnios de Deus, sua vontade, seu tempo. Ele em Sua infinita sabedoria fez tudo o que existe. Ele conhece cada coisa, conhece todas as estrelas e chama cada uma delas pelo seu nome (Sl 147.4). Ele te conhece melhor do que você mesmo. Não precisa se preocupar, se você serve a Deus fielmente, no momento certo e oportuno Ele virá em seu favor, Ele falará contigo de uma forma ou outra. Esteja atento à voz do seu Deus quando Este estiver falando.
Você pode então me falar: Ah, irmão eu até entendo que Deus faça isso conosco, mas Ele não sentiu essa experiência tão ruim na própria pele, pois quando Adão pecou não foi tão duro para Deus o seu silêncio quando o é o Dele para nós. E eu respondo: será mesmo?
Quando Adão e Eva comeram do fruto proibido, o pecado entrou no mundo como eu já disse. E com ele o seu salário: a morte. Assim a Bíblia nos fala em Hebreus: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão”. (Hb 9.22). O homem estava com destino traçado. Todos nós deveríamos morrer por causa de nosso pecado. A única forma de recebermos o perdão e a salvação de Deus era que houvesse o derramamento de sangue pelo nosso pecado.
E a Bíblia nos relata que Deus enviou o seu Filho amado para cumprir essa missão. Jesus foi crucificado e, depois de quase seis horas em que ficou pendurado naquele madeiro, algo aconteceu: “E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46)
O autor Max Lucado diz que essas palavras não parecem ser saídas da boca de Jesus. Aquela voz que pregava com tanta autoridade, ensina com amor as verdades do Reino de Deus, expulsava demônios, curava enfermos, ressuscitava mortos. Não parece ser palavras vindas do Filho de Deus, que esteve junto com Ele no momento da criação. Aquele que sempre dizia com o sinal de exclamação ao final: Vem! Sai! Ide! Agora Jesus faz uma pergunta, denotando uma fragilidade, uma submissão. Além do mais temos o verbo “desamparar”. O Pão da Vida desamparado, a Fonte de Águas Vivas sozinho. Isso nem sequer parece coerente. Se talvez o verbo utilizado tivesse sido “desafiar”, pois isso faria dele um herói, porque enfrentam muitos desafio em prol dos fracos e oprimidos, ou ainda, o verbo “afligir”, o que faria dele um mártir morrendo por uma causa. Mas não, Jesus disse: “Por que me desamparastes? Desamparado, abandonado como um criminoso ou a mais terrível das criaturas[1].
Para entendermos o porquê dessa afirmação, nos reportamos aos escritos de João: “No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Ele veio para tirar o pecado do mundo, ele não simplesmente aniquilou o pecado com uma palavra, ele não destruiu o pecado, ele teve que tocar no pecado, pois sobre Ele estava o meu e o seu pecado. E naquele momento em que Ele se tornou maldito por nossa causa, e como Deus não convive com o pecado, teve que virar as costas para seu Filho. E o próprio Jesus sentiu o silêncio de Deus. Ele se sentiu desamparado, mas sabia que a vitória viria depois do terceiro dia e aquilo abriria novamente o acesso de Deus aos homens por meio Dele (Jesus). Se Deus tivesse falado e agido naquele momento, eu e você possivelmente não estaríamos mais aqui, pois Deus já nos teria destruído. Contudo, graças ao seu silêncio, naquele momento podemos ser salvos. O silêncio de Deus muitas vezes é para o nosso bem, para que eu e você possamos exercitar nossa fé, aprendermos a ser pacientes, sabendo que o amor de Deus por nós é tão grande, que Ele se manteve calado diante do sacrifício de seu Filho. Se ele não te amasse, nem sequer você e eu estaríamos vivos.
Voltando lá em Habacuque vemos que quando Deus respondeu ao profeta sobre o fim que viria para aqueles pecadores, Ele disse: “Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizo, em vossos dias, uma obra, que vós não crereis, quando for contada” (Hb 1.5). Deus não pára de trabalhar na sua vida, mesmo quando está calado. Ele está trabalhando e no tempo certo chegará a tua benção, e muitos não acreditarão no tamanho do milagre quando ele for contado, como diz a Palavra de Deus. Além disso, não devemos nos esquecer que Satanás sabe disso, e ele guerreia como foi na época de Daniel para que a tua resposta não chegue rápido. Creia, confie em Deus e na Sua Palavra. Ele é fiel e verdadeiro. Sua vitória vai chegar. Deus sabe o que é melhor para nós. Como Deus diz a Habacuque: “... mas o justo, pela sua fé, viverá”. (Hb 2.4b). Que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] LUCADO, Max. “Quando os anjos silenciaram”. Editora United Press, 1999.


Gleydson Salviano


MINI-CURRÍCULO: Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto.





sábado, 30 de janeiro de 2016

Promessa feita é promessa cumprida!





(2º Estudo sobre Profetas Menores)

Será a mensagem dos Profetas Menores fiéis e verdadeiras para a orientação do povo de Deus? Aprenda o quão exato foram os cumprimentos das profecias a respeito do Messias e conclua o quão importante são as palavras desses homens de Deus.



TEXTO BASE: Atos dos Apóstolos 7.51-53
51 Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.
52 A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas;
53 Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.


No meu artigo “Pequenos frascos, melhores fragrâncias” eu tratei a respeito de algumas características ou peculiaridades dos Profetas Menores, entretanto, uma delas eu deixei para uma explanação mais detalhada neste artigo: as promessas messiânicas contidas nas escrituras dos Profetas Menores.
Desde o livro de Gênesis vemos na Bíblia, que o seu objetivo principal não era fornecer dados biográficos detalhados da história de Israel, mas sim uma linha do tempo que demonstra em todas as suas páginas como Deus é o Senhor da História e do Tempo e como as promessas dEle continuam seu alvo, apesar do cenário está em desfavor. Os Profetas Menores enfrentam uma crise espiritual em Israel sem precedentes a ponto de culminar no seu exílio na Assíria (reino do Norte) e Babilônia (reino do Sul), mas Deus usa seus servos para alertar que ainda não seria o fim, o Messias seria enviado e restauraria o seu povo.
Vejamos quais foram essas predições feitas pelos Profetas Menores a respeito do ministério terreno de Jesus Cristo:

1)                   Infância do Messias
a.        O nascimento do Messias na cidade de Belém de Judá: Mq 5.2 (cumprimento Mt 2.1-6)
b.        Ele seria descendente do governador Zorobabel: Ag 2.23 (cumprimento Lc 3.23-27)
c.         O Messias seria o Deus encarnado entre seu povo: Zc 2.10-11 (cumprimento Jo 1.14)
d.        O retorno do Messias do Egito: Os 11.1 (cumprimento Mt 2.14,15)

2)                  Pré-ministério do Messias
a.        Um precursor que prepararia o caminho ao Messias: Ml 3.1 (cumprimento Mt 11.7-10)
b.        O precursor, como Elias, converteria muitos à justiça Ml 4.5,6 (cumprimento Mt 11.14)

3)                  Ministério do Messias
a.        O Messias ofereceria salvação para todos: Jl 2.2 (cumprimento Rm 10.12,13)
b.        O Messias é rejeitado pelos judeus: Zc 11.10 (cumprimento Lc 19.41-44)
c.         O Messias é crido pelos gentios: Am 9.11,12 (cumprimento At 15.13-18)
d.        O Messias é rei eterno: Mq 5.2 (cumprimento Lc 1.32-33)
e.        O Messias é homem de paz: Mq 5.5 (cumprimento Ef 2.14-17)
f.          O Messias é o pastor do rebanho de Deus: Mq 5.4 (cumprimento Jo 10.11,14)
g.        O Messias visitaria o Segundo Templo: Ag 2.6-9 (cumprimento Lc 2.27-32)
h.        O Messias é um governante sobre um jumento: Zc 9.9 (cumprimento Mt 21.1-9)

4)                   Morte do Messias
a.        Ao ferirem o Messias suas ovelhas fogem: Zc 13.7 (cumprimento Mt 26.31)
b.        O Messias traído por 30 moedas: Zc 11.12,13 (cumprimento Mt 27.1-10)
c.         O Messias na cruz e ao meio-dia o sol escurece: Am 8.9 (cumprimento Mt 27.45-46)
d.        O Messias traspassado: Zc 12.10 (cumprimento Jo 19.37)

5)                   Ressurreição do Messias
a.        O Messias no sepulcro por 3 dias e 3 noites: Jn 1.17 (cumprimento Mt 12.39-40)
b.        O Messias venceria a morte: Os 13.14 (cumprimento 1 Co 15.55-57)
No decorrer de todos os livros vemos profecias messiânicas que descrevem o ministério terreno de Jesus. Ao vermos o quanto todas foram cumpridas fielmente, louvamos a Deus, sabendo que nenhuma das suas palavras caem por terra sem cumprimento. Consequentemente, todas as promessas referentes a parousia ou Segunda Vinda de Cristo são tão fiéis e verdadeiras quanto às profecias da sua Primeira Vinda. Estejamos preparados para a sua volta, pois mui em breve acontecerá! Que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.

Gleydson Salviano


MINI-CURRÍCULO: Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto.

Se você gostou deste artigo, está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.






quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pequenos Frascos, Melhores Fragrâncias





Será que o tamanho define a qualidade? O que podemos aprender com os livros que muitas vezes são esquecidos por ocuparem apenas uma ou duas páginas na Bíblia? Aprenda sobre a riqueza teológica que podemos extrair dos Profetas Menores.



Por Gleydson Salviano*


2 Pedro 1.19-21
19 E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração,
20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;
21 porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus faltaram inspirados pelo Espírito Santo.


Há um conhecido dito popular que diz: “Nos pequenos frascos estão as melhores fragrâncias“ e deveras isso se aplica aos chamados Profetas Menores ou, simplesmente, Os Doze. Segundo os pastores Alexandre Coelho e Silas Daniel: “Na literatura judaica, esses livros são chamados de “Os Doze” ou “Os Doze Profetas” (ou Dodekapropheton), no texto grego da Septuaginta) pelo menos desde 132 a.C. (outros datam 190 a.C., época provável da produção do livro apócrifo de Eclesiástico, escrito por Jesus Ben Siraque, que é o primeiro registro conhecido dessa designação (...) Quanto à designação cristã “Profetas Menores”, ela surgiu na Igreja Latina, segundo afirma Agostinho (345-430 d.C.), bispo de Hipona, em sua obra  A Cidade de Deus”[1].
Os Profetas Menores são compostos pelos livros de Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Mas seriam eles chamados de menores em decorrência de possuírem uma superficial teologia? Ou ainda por terem recebido uma porção inferior de inspiração divina em seus escritos? Por tratarem apenas de temas específicos e restritos ao povo de Israel? Ou por serem profetas não respeitados pelo povo? De forma alguma nenhuma destas indagações terá uma resposta afirmativa. Foram assim chamados, devido aos seus escritos registrados e preservados não serem tão volumosos se comparados com os Profetas Maiores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel), a ponto dos escribas, no passado, transcreverem os doze livros em apenas um rolo.
De forma singular, os Profetas Menores, oferecem uma gama de riquezas teológicas, experiências, promessas e juízos. Vejamos alguns pontos apresentados de forma magistral nesse grupo de livros, por vezes, rejeitados ou menosprezados pelos irmãos:

1) Sua importância foi atestada pelo próprio Cristo e a igreja primitiva: Em diversas oportunidades se vê que Jesus chamava tanto os profetas maiores quanto os menores de apenas “Profetas”, colocando-os em um mesmo patamar de importância quanto à inspiração divina e valor teológico (Mt 5.17; Lc 16.29). O rolo dos Profetas Menores foi considerado como de valor tão estimável que Estêvão, em sua bela defesa, o usou como argumento ao citar uma passagem do livro do profeta Amós (At 7.42).

2) Uma diversidade entre os profetas e a sua mensagem: Ao analisar os Profetas Menores se vê uma variedade grande no processo de chamado e vocação de Deus. Ele chamou profetas dos mais diferentes níveis sociais, a exemplo de Amós que era um simples boiero e cultivador de sicômoros e Sofonias que fazia parte da Corte Real e era tataraneto do rei Ezequias. Isso corrobora com as palavras do próprio Deus ao dizer a Samuel: “Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (1 Sm 16.7). Há ainda um fator de destaque nos Profetas Menores quanto à sua mensagem e seus destinatários: Deus mostra o seu amor não somente ao povo de Israel, mas estende a outros povos as profecias de juízo para que também tivessem oportunidade de arrepender-se, a exemplo dos assírios (Na 1.1; Jn 1.2) e dos edomitas (Ob 1.1). Os livros dessas referências citadas são os únicos, na Bíblia, em que a sua mensagem são destinada, na íntegra, a povos gentílicos.

3) São livros altamente cristocêntricos: Se em nossos dias, infelizmente, as pregações e ensinos estão cada vez mais distantes de ter a Cristo como tema central, não era o que acontecia nos Profetas Menores. Em toda a sua extensão de profecias veremos o plano de redenção da humanidade por meio do Messias ser apresentada como uma realidade que se aproximava rapidamente. Observam-se profecias a respeito de toda a vida e ministério de Jesus Cristo: seu nascimento (Mq 5.2), sua infância (Os 11.1), morte e ressurreição (Jn 1.17; 2.10). Além de outras profecias referentes ao reinado eterno de Cristo (Mq 4.7) e o alcance da sua salvação a todos os que quiserem (Ml 4.2).

4)  O registro histórico do relacionamento de Deus com seu povo: Os Profetas Menores atuaram entre os séc. VIII e V a.C., sendo assim por meio das profecias podemos entender como Deus foi lidando com o seu povo em cada fase da sua história. Normalmente, as pessoas tem o entendimento errôneo de cada profeta foi enviado, necessariamente, após a morte de um profeta antecessor, porém não foi assim. Muitos profetas atuaram durante o mesmo período de tempo, tanto os Profetas Maiores quanto os Menores. Seguem a relação dos Profetas Menores utilizados em cada período histórico de Israel: período pré-exílico (Joel, Miquéias, Habacuque, Sofonias, Oséias, Amós, Obadias, Jonas e Naum) e período pós-exílico (Ageu, Zacarias e Malaquias).
A partir dessa publicação, iniciarei uma série de estudos envolvendo os Profetas Menores, por esta razão achei conveniente mostrar-lhes o quanto valorosos são estes escritos e o quanto podemos aprender com eles a respeito do conhecimento teológico teórico-prático, pois de quê nos serviria conhecer as Sagradas Escrituras, de capa a capa, e não aplicá-la em nossas vidas. Por isso Deus utilizando-se de um dos Profetas Menores, por nome Oséias, assim diz ao seu povo: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Os 6.4). Que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. “Os doze profetas menores”. Editora CPAD, 2012.



Gleydson Salviano



*Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto.



Se você gostou deste artigo, está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

No princípio criou Deus... Com intervalo ou sem? [Parte 2 de 2]





A Terra terá mesmo bilhões de anos? Houve um mundo pré-adâmico que fora destruído por um cataclismo tão intenso que deixou a Terra sem forma e vazia? Conheça a Teoria do Intervalo e a crença de dias não literais e comuns na narrativa de Gênesis 1.
----------------------------------------------------------------------------
Para ler a parte 1 deste artigo, clique aqui.



Agora vamos analisar se há base bíblica para defender dias não literais ou diferentes em tempo dos nossos atuais e, ainda, base para um intervalo onde houvera muitos bilhões de anos onde todo um mundo pré-adâmico foi sucumbido diante da rebelião de seu governante. Partiremos, primeiramente, dos argumentos bíblicos que defendem os dias como sendo literais e de 24 horas (os argumentos foram extraídos original e parcialmente da obra “Criacionismo: Verdade ou Mito” (Ham, 2003) do Dr. Ken Ham e citados aqui de forma indireta e acrescidos de comentários meus):


1)          O uso do termo hebraico yom traduzido como dia: O termo utilizado em Gênesis capítulo 1 para “dia” é yom. Na maioria das vezes que o termo é usado no Antigo Testamento refere-se ao dia comum, de 24 horas. Quando se tratava de um período longo ou indefinido utilizavam os termos hebraicos olam ou qedem. Por que apenas o livro de Gênesis seria a única exceção e não seriam dias comuns e, sim alegóricos ou representariam eras?


2)          O contexto de Gênesis reafirma o argumento 1: O próprio contexto de Gênesis e o uso de expressões como “noite e manhã”, “primeiro dia, segundo dia, terceiro dia”, o ciclo de luz/trevas, a associação do dia com os corpos celestiais (v. 14) apontam para dias literais e normais e reafirmam que o termo yom foi utilizado com o objetivo do argumento apresentado anteriormente.


3)          O registro das genealogias dos capítulos 5 e 11: As genealogias de Gênesis não nos revela, apenas, o quanto longevo eram os homens e mulheres do período pré-diluviano. Elas vão muito além revelando-nos que os anos entre a Criação e nossa época não são de bilhões de anos, mas apenas de poucos milhares (aprox. 6.000 anos).

4)          A instituição da guarda do sábado aos judeus: Ao meditarmos em Êxodo 20.9-11 observamos que ao instituir a guarda do sábado ao povo de Israel, Moisés ratifica que os dias da obra criativa de Deus em Gênesis eram dias comuns e normais. Assim diz o texto em apreço: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou” [grifo nosso]. No original hebraico, Moisés utilizou o termo yom tanto para referir aos dias normais que os israelitas deveriam trabalhar quanto para os dias que Deus utilizou-se para concluir sua Criação. Mais uma vez, Moisés poderia ter se utilizado dos termos olam e qedem para os dias da Criação a fim de defini-los como longos períodos e diferentes dos dias normais, mas não o fez.


5)          Jesus ensina sobre a idade da terra como sendo jovem: Jesus em alguns de seus discursos dava-nos indícios de como a idade da terra calcula-se em milhares de anos, ao invés de bilhões como afirmam os cientistas. Em Marcos 10.6 diz: “porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea”, com isso Jesus nos aponta que ainda no princípio de tudo (Gn 1.1) Deus fez o homem e a mulher, ou seja, não houve nenhum intervalo longo entre o princípio e o sexto dia da Criação, mas apenas um breve intervalo. Já em Lucas 11.50-51 consta: “para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração”, mais uma vez Jesus nos indica que entre a fundação e a morte de Abel havia um pequeno intervalo de tempo, considerando o assassínio de Abel como um evento próximo a fundação do mundo.


6)          O ensino da Bíblia sobre pecado, morte, redenção e caráter de Deus: Ao acreditar que a Terra tem bilhões de anos e houve um intervalo de período desconhecido ou ainda que os seis dias da Criação foram períodos ou eras longas, ao invés de dias normais e literais, nós ferimos todo o princípio que a Bíblia nos ensina sobre o caráter de Deus, o pecado, a morte e a redenção. Ao concluir sua Criação no sexto dia, Deus a contempla e chama tudo de “muito bom” (Gn 1.31). Deus criou tudo perfeito, belo e maravilhoso. Originalmente, tanto o homem quanto os animais tinham uma alimentação vegetariana apenas (Gn 1.29,30) e não havia derramamento de sangue e morte. Diante da astuta cilada da serpente, Adão e Eva acabaram por ceder ao pecado e, consequentemente, lhes sobreveio a morte física, a maldição do próprio solo. Paulo bem nos explica ao escrever aos nossos irmãos de Roma que toda a criação geme e está à espera da redenção final, quando veremos a restauração de todas as coisas (Rm 8.19-25). Com essa história aprendemos que a morte, a violência, a fome e todas as coisas ruins entraram no mundo em decorrência do pecado da desobediência. Ao aceitar as teorias de bilhões de anos, somos forçados a acreditar que todas essas camadas de fósseis descrevendo mortes, sofrimento, violência ocorreram antes de o pecado entrar no mundo, contradizendo o ensinamento bíblico. Além de descrever o caráter de Deus, diferente do restante das Sagradas Escrituras, onde um Deus utiliza-se da morte, da doença, a extinção para causar dano à sua Criação e, ainda assim, a chama de “muito bom”. Então por que precisaríamos que o nosso pecado fosse expiado na cruz por Cristo, se Deus permite todas as coisas ruins, mesmo que não tenha havido pecado? Ou ainda, se pensarmos que Deus permitiu essas mortes em decorrência da rebelião de Lúcifer, então teríamos um Deus injusto que puniu seres alheios ao pecado, ao invés do seu causador. No Dilúvio de Noé, Deus puniu os homens pelos seus pecados, mas preocupou-se em guardar os animais na Arca.

7)          A Teoria do Intervalo abole a evidência do evento histórico do dilúvio global: Segundo estes teoristas, a formação dos fósseis foi em decorrência do Dilúvio de Lúcifer ocorrido no período longo e indeterminado entre Gn 1.1 e 1.2. Contudo, se ele é o responsável pelos fósseis que evidência restou do Dilúvio de Noé? Eles acreditam que o segundo Dilúvio praticamente não deixou vestígios, pois se tratou apenas de um Dilúvio local. Mas esta teoria é inconsistente se analisarmos a luz de 2 Pe 3.5-7: “Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios”. O texto bíblico é claro ao comparar que o Dia do Juízo será semelhante ao Dilúvio, todos serão julgados e receberão sua recompensa, conforme sua vida de piedade ou impiedade. Se acreditarmos que o Dilúvio de Noé foi apenas local, devemos acreditar que no Juízo Final apenas uma parte será punida e outra não. Além de pensarmos o porquê Deus ordenaria a Noé construir uma arca para salvar a ele, sua família e os animais se o Dilúvio seria local? Bastaria, para tanto, que Deus indicasse a Noé em qual local não choveria e transportar para lá os animais.

Irmãos, ainda haveria outros argumentos que mostram a inconsistência da Teoria do Intervalo, mas creio que os elencados aqui já sejam suficientes no momento. Para um estudo mais aprofundado indico o livro “Criacionismo: Verdade ou Mito?” do Dr. Ken Ham, publicado pela CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus). Espero que esse pequeno artigo, seja um fator motivador para aprofundar-se nesta área do conhecimento teológico. E desejo que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.



Sobre o autor:
Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto. Escreve quinzenalmente neste Blog sobre o tema: "Profetas Menores".


Permissões:
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.


Referências:
HAM, Ken. “Criacionismo: verdade ou  mito?”. Editora CPAD, 2013.


quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

No princípio criou Deus... Com intervalo ou sem? [Parte 1 de 2]




A Terra terá mesmo bilhões de anos? Houve um mundo pré-adâmico que fora destruído por um cataclismo tão intenso que deixou a Terra sem forma e vazia? Conheça a Teoria do Intervalo e a crença de dias não literais e comuns na narrativa de Gênesis 1.



Gênesis 1.1-2
1 No princípio, criou Deus os céus e a terra.
2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.



Gênesis é um dos meus livros da Bíblia preferidos, sem esse precioso escrito, não poderíamos responder a perguntas básicas: Quem nós somos? Quem nos criou e por que viemos à vida? Quais os planos desse Criador para conosco?

 Moisés, utilizando-se de três formas de recuperação histórica (tradição oral, documentos preservados e a inspiração do Espírito Santo) recebeu a incumbência de Deus de registrar o princípio de tudo: a origem dos céus e da Terra, do homem, do pecado, do juízo, do plano de redenção, do povo de Israel (Êx 17.14; 34.27; Dt 31.9). O nome do próprio livro já nos fornece forte indício de seu objetivo, em hebraico bereshit, que significa “Princípio”. O nome Gênesis deriva da forma grega utilizada na primeira vez na Septuaginta.

Hoje em dia, há uma controvérsia muito grande quanto à idade da Terra em decorrência de “fatos científicos” que apresentam bilhões de anos em escala evolutiva, gradual e lenta. Até o século XVIII poucos ousavam interpretar o texto de Gênesis diferentemente do que indica o próprio texto, contudo diante das descobertas científicas muitos teólogos e estudiosos começaram a modificar a interpretação do texto com o objetivo de adequar-se às novas realidades. Argumentos de dias da Criação não serem dias literais e comuns (24 horas) e a Teoria do Intervalo, Ruína e Reconstrução começaram a ter cada vez mais espaço no meio evangélico. Cabe destacar aqui, que a maioria dos pais da Igreja, principalmente até o século IV d.C entendiam que os seis dias da Criação eram dias literais e não meramente alegóricos.

A chamada Teoria do Intervalo consiste em acreditar que entre os versículos 1 e 2 do primeiro capítulo de Gênesis houve um período de tempo longo e desconhecido em que houve um mundo pré-adâmico habitado e perfeito, governado pelo próprio Lúcifer, enquanto ainda gozava dos privilégios angelicais e, anteriormente a sua queda. Ensinam que esse mundo fora destruído por Deus em decorrência da rebelião liderada por Lúcifer, que foi o responsável pelo juízo divino vindo sob sua Criação perfeita em forma de um dilúvio global e devastador, o que explicaria o fato da terra ser apresentada no versículo 2 como sendo “sem forma e vazia” e que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Uma das maiores referências a essa Teoria é o pastor Finis Jennings Dake, que assim descreve o chamado por ele de Dilúvio de Lúcifer:

Esse dilúvio foi mais devastador e durou muito mais tempo do que o dilúvio de Noé, pois destruiu também a vegetação (Gn 2.5,6; Jr 4.23-26), enquanto um ano e 17 dias do dilúvio de Noé não o fizeram (Gn 8.11,22; 9.3). Não existe conflito entre a ciência e a Bíblia. Entretanto, descobertas científicas reais devem ser distinguidas de meras teorias. A ciência, em especial, a geologia, ainda está na infância e o testemunho das rochas não é confiável. As afirmativas verdadeiras da Palavra de Deus também devem ser distinguidas da interpretação que o homem faz delas. Quando os homens finalmente concordarem sobre a idade da Terra, então coloque os muitos anos (acima dos históricos 6.000) entre Gn 1.1 e 1.2, e não haverá nenhum conflito entre o livro de Gênesis e a ciência (Dake, 2012).

Ora, vocês podem perguntar: que diferença faz se os dias de Gênesis foram dias literais ou não, se houve um período longo e desconhecido entre os dois primeiros versículos ou que mal há em tentar conciliar a narrativa de Gênesis às novas descobertas da ciência? O problema encontra-se no princípio basilar de interpretação bíblica: ela é infalível, inerrante e interpreta a si mesmo. É algo muito preocupante quando se começa a utilizar fontes externas à própria Bíblia para interpretá-la. Quando eu digo, que diante dos avanços científicos, o livro de Gênesis pode ser reinterpretado a fim de equalizar-se a esses avanços, estou dizendo que a sua interpretação pode variar muitas vezes, conforme a necessidade e conveniência. E isso abre precedentes para que o mesmo ocorra com outros trechos das Sagradas Escrituras, além de que isso prejudica a imagem da Palavra de Deus que deixa de ser completa, suficiente e verdadeiramente fiel. Colocamos sua credibilidade em jogo. Não é à toa que em muitos países a Bíblia já não é tida como um livro de ensino fundamental e, consequentemente, a cada dia que se passa vê-se as gerações mais afastadas de Deus. Quando houver uma divergência entre ciência e a Bíblia, a filosofia e a Bíblia, a política e a Bíblia, nunca hesite em escolher a Palavra de Deus sempre. Quem a inspirou é o Criador de tudo. Glória a Deus!


Para ler a parte 2 deste artigo, clique aqui.


Sobre o autor:
Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto. Escreve quinzenalmente neste Blog sobre o tema: "Profetas Menores".


Permissões:
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.


Referência:
DAKE, Finis Jennings. “Bíblia de Estudo Dake”. Editora Atos, 2012.