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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CINCO QUESTÕES SOBRE O MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO



Por Davi Faria de Caires*

Efésios 4.11- “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.

Questão 1: MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO: É VITALÍCIO?
Não. Tem pessoas que usam Romanos 11.29 para tentar provar que o cargo eclesiástico é para sempre: “Porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29). Com isso, interpretam de forma errada que os dons e a vocação são para todo o sempre. Isso não é verdade. Basta vermos o contexto do versículo para vermos que Paulo se refere claramente à Israel, e à sua aliança eterna, e nós como gentios fomos enxertados, etc. Biblicamente, os dons e a vocação ministerial estão condicionados à perseverança na fé, no amor, no trato e no zelo. As qualificações morais de 2 Timóteo 3.1-10 não são apenas para a admissão de líderes! Não é uma lista a ser seguida no ‘período de experiência’. Pelo contrário, são qualificações que o obreiro deve guardar e viver persistentemente até o final de sua vida, com a ajuda e a graça de Deus.

Outro fator que pode interromper o serviço cristão do obreiro é alguma exigência de força maior que o impeça de dar continuidade. Exemplo: caso sua esposa fique enferma, e esta passe a requerer seus cuidados de modo integral, neste caso certamente sua esposa passa a ser sua prioridade. E o texto de 2 Timóteo também deixa claro que a família antecede o ministério eclesiástico. Pois, se “não sabe governar [cuidar] [d]a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?”. A prioridade é clara! A família deve vir primeiro. Isto não pode ser negligenciado.

Questão 2: MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO: É FAMILIAR? (FILHO DE PASTOR É PASTOR ?)
Não. O chamado é individual, não hereditário. No AT, a função sacerdotal vinha de berço, a todos que nascessem de ordem levítica, da ordem de Arão, exerceriam a função sacerdotal, e/ou serviriam no templo. No NT e nos dias de hoje não é assim. Que nenhum filho de pastor se sinta pressionado a também vir a sê-lo. Seu chamado o mesmo, ou pode ser diferente.

Questão 3: EXISTE UMA HIERARQUIA BÍBLICA MINISTERIAL?
Sim e não.   
A hierarquia é clara e necessária, tanto no AT quanto no NT. Moisés, seguindo o conselho de seu sogro Jetro, organizou hierarquias (organograma) com chefes de 1000, chefes de 100 pessoas, 50 e de 10 (Ex 18.25). As questões menores eram resolvidas pelo chefe de 10. No NT, também não é diferente.
Sim. Há hierarquia clara na igreja. A liderança pastoral é autoridade que deve ser respeitada por haver sido colocada por Deus.
Por outro lado, os dons ministeriais listados em Efésios 4.11 são DIFERENTES. Isso é fato.  Mas de modo algum, esses dons se sobrepõem-se uns sobre os outros. Ou seja, no NT não existem chefes de 1000, chefes de 100, chefes de 50 e chefes de 10. Os ministérios e os chamados são ESPECÍFICOS. É muito importante ter isso em vista. Porque o que mais vemos são pessoas em lugares errados. É absolutamente necessário que de acordo com o seu chamado, a pessoa esteja servindo na posição em que foi chamada por Deus. Deste modo, o pastor, evangelista, presbítero, mestre, profeta ou diácono, são DIFERENTES, mas um não é maior do que o outro. Na próxima questão dou continuidade e abordarei melhor isso.

Questão 4: É CORRETO INICIAR UM CRISTÃO NO MINISTÉRIO COMO DIÁCONO E POSTERIORMENTE "PROMOVÊ-LO" A OUTRO MINISTÉRIO?
Dando continuidade ao raciocínio da questão anterior, os dons ministeriais são visivelmente diferentes. Mas não vejo base bíblia para progressão ministerial. Afinal, quem efetua o chamado? É Deus! É uma prática comum nas igrejas atuais haver essa sucessão: cooperador > diácono > presbítero > evangelista > pastor. Ou seja, você pode subir de patente (!?!?). Mas se quem chamou foi Deus, Ele vai mudando de ideia de acordo com o progresso do Cristão? Porque Paulo não começou como diácono? Porque ele foi consagrado diretamente a Apóstolo? Estêvão e Filipe foram excelentes diáconos. E Matias, escolhido como apóstolo, nunca mais foi citado, após ter sido escolhido. Então não há porque fazer uma escala ascendente de progressão ministerial. É uma visão completamente errada. Se tal obreiro tem o chamado para o presbitério, então que já seja separado. Se for para pastor, não há motivo de fazer ‘estágio’ no diaconato. E se ele for chamado para o diaconato, porque ficar insatisfeito com isso? Aliás, se o diácono estiver insatisfeito, é porque não deveria ser diácono, cuja função principal no NT é servir.  Aliás, servir é o que todos foram chamados para fazer. Isso vou falar melhor na próxima questão.

Questão 5: TODO CRISTÃO POSSUI UM MINISTÉRIO ECLESIÁSTICO?
Todo cristão foi chamado para servir. Nisto, há lugar para todo cristão. A bíblia fala pouco sobre liderança. Mas fala muito sobre servir. A bíblia tem muitos ensinamentos sobre como devemos ser bons servos. Para isso, todos foram chamados. Jesus mesmo nos deu este exemplo. Mas hoje em dia todo mundo quer ser líder, quer ser chefe. Se todos forem líderes, quem serão os liderados? Não sobrará ninguém! Por outro lado, se todos servirem, não haverá falta de nada, pois ao mesmo tempo em que você serve, você também será servido.

Todo cristão também foi chamado para cumprir a grande comissão (Mateus 28.19,20). Tendo como requisito básico ter sido alcançado pelo evangelho, todo cristão pode (e deve) expandir e propagar a mensagem do reino. E isso independe de cargo eclesiástico.

Contudo, o chamado ministerial é específico. Dentre todos os salvos em Cristo, alguns Deus chama para desenvolver ministérios específicos para o governo da igreja. Deus chama, e a igreja reconhece. Não é a igreja quem chama. A igreja, sim, patenteia e reconhece àquele que já possui o chamado de Deus para alguma área específica. E para isso é profundamente necessário que o pastor local esteja atento para identificar esses que têm o chamado ministerial, e formar novos líderes para a próxima geração.

Por fim, vejo que há grande discrepância atualmente entre os dons ministeriais. Há um crescimento deformado. Para que a igreja cresça de modo saudável, todos os dons ministeriais devem ser exercidos de modo equilibrado. O dom que dá ibope hoje em dia é o pregador (que equivale ao profeta de Ef 4.11). Quem almeja ser pastor? Não vejo tanto entusiasmo assim. E mestre? Muitos da igreja nem sabem o que é isso. Parece que soa até arrogância ser mestre, e é um ministério que é deixado de lado. Tanto os dons ministeriais, quanto os dons espirituais, Deus chama e qualifica conforme a necessidade da igreja. Se há falta de alguns, e excesso de outros, a culpa não está em Deus. Está nos homens. Por dois motivos. Ou estão enterrando seus talentos, ou NÃO estão sendo reconhecidos pela liderança imediata. Com isso, quem sofre é a igreja local. Pois como corpo, todos se nutrem pelo dom do outro, e harmonicamente devem crescer de modo proporcional, orientados pelo Cabeça que é Cristo, o dono do corpo (Igreja).


Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®Contato: davifariadecaires@gmail.com


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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A igreja foi um plano de Deus?





Por Fabrício Leonardo de Souza*

Jesus disse que “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24). Isso se aplica perfeitamente aos primórdios da história do cristianismo, pois os três primeiros séculos dessa história foram a época da semeadura, e a semente caiu por terra e morreu. Por mais de 200 anos, a igreja viveu sob a opressão do Império Romano, “escondida na terra”, oprimida, martirizada. Foram três séculos de luta renhida entre o politeísmo dominante no mundo e o monoteísmo de tradição judaica que o cristianismo defendia. A história da igreja é, nesse sentido, um assunto de enorme relevância para todo aquele que deseja estar informado sobre sua herança espiritual para imitar os bons exemplos do passado, e evitar os erros que a igreja tem cometido ao longo de sua existência.

A igreja nos planos de Deus

A origem da igreja é um tema efetivamente complexo, entretanto, podemos facilmente refletir sobre dois períodos distintos:

 1. O momento do projeto da igreja: nessa primeira fase, podemos afirmar que a igreja sempre existiu no eterno propósito de Deus. Ela já existia antes da fundação do mundo, pois estava determinada por Ele desde a eternidade.

 2. O momento da execução da igreja: nessa segunda fase, a igreja, que antes era desconhecida dos homens, tornou-se manifesta em Cristo. Ela, que era um projeto de Deus na plenitude dos tempos, veio a ser conhecida por meio do ministério terreno de Jesus Cristo. Por tudo o que fez e ensinou, Cristo é mais o fundamento do que o fundador da igreja, fato evidente pelo uso do tempo futuro que está mencionado em Mateus 16.18, que diz: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Em uma ordem lógica, evidenciada pelas Escrituras, sem diminuir as pessoas da Trindade, podemos dizer que Deus Pai é o criador e arquiteto da Igreja; Jesus Cristo é a figura que materializa e o Espírito Santo a edifica. Paulo, ao escrever aos Efésios, afirmou:

“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.25-27).

Com essa e outras passagens, a Bíblia mostra que Deus planejou a Igreja, Cristo deu sua vida por ela, seu corpo, e o Espírito Santo foi enviado para dar poder à igreja para cumprir sua missão de testemunhar Cristo em toda a parte da Terra (Jo 14.16-17; At 1.8) e chamar os pecadores para a comunhão nesta nova sociedade que Ele está edificando, guiando e preservando para a eternidade.

Independentemente da data que viermos a estabelecer para o nascimento da nova associação, seja na ocasião da grande confissão de Pedro em Cesaréia de Felipe, seja na noite da ressurreição do Senhor, há poucas dúvidas de que, depois do Pentecostes, os 12 apóstolos estavam conscientes de sua missão como propagadores do Evangelho. Apesar de ter iniciado sua história com um reduzido número de pessoas, a igreja contou com a influência do Espírito Santo desde sua fundação. Isso estava de acordo com a promessa de nosso Senhor Jesus Cristo, quando, nas últimas semanas de Sua vida, prometeu enviar “outro Consolador” que lideraria a igreja após sua ascensão.

Judeus de todas as partes do mundo estavam presentes em Jerusalém para participar da Festa de Pentecostes, evento que se tornou um marco na vida dos primeiros seguidores de Cristo e no qual os discípulos foram agraciados pelo Espírito Santo (At 2.5-11). A manifestação sobrenatural do poder divino no conhecimento repentino de línguas, claramente evidenciou uma nova etapa para a igreja. Todos os membros da recém-formada igreja eram judeus, e, inicialmente, nenhum desses membros, bem como nenhum dos integrantes da companhia apostólica, aceitava que algum gentio fosse admitido como membro da igreja. Para tanto, o gentio teria que se tornar judeu, e somente então seria aceito no circulo cristão. Esse tipo de situação perdurou até que Deus levantou o Apóstolo Paulo para corrigir tal atitude, deixando evidente a igualdade entre todos os servos de Jesus Cristo.


*Sobre o autor: 
Fabrício Leonardo de Souza. Membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus São Lourenço - MG; Ministro do Evangelho; Formado em Missiologia pelo CIM (Centro Internacional de Missões) e estudante de Teologia pela Uninter (Centro Universitário Internacional).


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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Existe um sistema de governo eclesiástico normativo para igreja?





Luís Roberto de Souza*

Não existe na bíblia um modelo de governo eclesiástico como um padrão doutrinário que invariavelmente deva ser seguido pela igreja hoje.

São três modelos de administração praticados pelas igrejas cristãs:

·         Congregacional.
·          Episcopal.
·         Presbiteriano.

Estes Métodos são adotados por cada denominação mais em função de fatores históricos culturais do que por argumentos bíblicos, visto que qualquer um dos sistemas encontra apoio nas escrituras não importando a priori qual é o modelo adotado pela denominação, mas sim a maneira com que aqueles que estão incumbidos de governar o façam balizados pela palavra de Deus.

Existe uma orientação bíblica que é um dos pilares que sustentam o governo eclesiástico enquadrado na vontade de Deus e consequentemente um sistema de sucesso.

mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1 Timóteo 4.12,13).

 Um governo eclesiástico de sucesso é acima de tudo realizado com a didática do exemplo.

O objetivo deste artigo é fazer breves observações de fatores favoráveis a cada modelo de governo e também apontar onde os mesmos apresentam vulnerabilidades Em nenhum momento existe a pretensão de indicar qualquer um dos referidos sistemas como um modelo apostólico que deva ser praticado pela igreja.

 O SISTEMA CONGREGACIONAL.
É o sistema de governo onde as decisões não são centralizadas em uma única pessoa. As decisões administrativas e disciplinares são tomadas a partir de votação por meio de assembleia onde todo membro em situação legal está apto a votar e a ser ouvido. Assuntos de ordem doutrinária não passam pelo crivo da congregação, geralmente são definidos por convenções da denominação e repassados por meio de documentos instrutivos.

Para Champlin o termo Congregacionalismo “aplica-se a qualquer grupo religioso autônomo em todas as questões eclesiásticas, e que usualmente toma decisões mediante o voto democrático [grifo meu]” (R.N. Champlin, 2011 pág 852).

Portanto a autonomia e a democracia são os principais pontos favoráveis a este sistema que  serão  salientados neste breve artigo.

Pontos favoráveis ao congregacionalismo.
A rapidez e a transparência que as decisões são tomadas nas congregações dão ao membro a tranquilidade de poder identificar os rumos que a igreja toma no que diz respeito a questões finaceiras, um exemplo conhecido por todos leitores da biblia é o primeiro impasse de cunho financeiro vivido pela igreja narrado no livro de Atos dos apóstolos, capítulo 6 versículos de 01 a 04 onde pode ser visto claramente a disposição dos apóstolos em dar para congregação o poder de decisão como o texto indica.

Naqueles dias, crescendo o número de discípulos, os judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento. Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram:

"Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas. Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa e nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra"
(Atos 6.1-4).

É notório no decorrer da narrativa de Lucas que a decisão tomada pela congregação foi acertada, isso pode ser comprovado no decorrer do livro com os ministérios de Estevão e de Felipe.

Do ponto de vista disciplinar também é encontrado na bíblia sagrada que o entendimento dos apóstolos sobre a possibilidade da congregação aplicar punição a um irmão desobediente na primeira carta aos coríntios como segue o texto:

“Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai. E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor. O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado” (1 Coríntios 5.1-7).

O texto referido é uma otima alusão apostólica á pratica congregacional  no sentido de aplicar a disciplina a um irmão faltoso visto que a punição causou ao rebelde a oportunidade de arrependimento , o seu retorno ao meio eclesiástico pode ser percebido na segunda carta do mesmo apóstolo a igreja de coríntios conforme relata o trecho de 2 Coríntios 2.6-10.

Uma igreja de governo congregacional ganha em dinamismo administrativo que propicia aos membros ampla consciência de seu valor como contribuinte. Num país onde a cultura é democrática este sistema encontrará apoio com mais facilidade.

Pelos fatos biblicos citados é possivel apoiar a prática do congregacionalismo na igreja sem fugir do padrão bíblico uma vez que os própios apóstolos incentivaram estas práticas.

Pontos desfavoráveis do congregacionalismo.
A democracia como todo sistema de governo não traz consigo a perfeição, infelizmente com a igreja de Cristo este modelo de governo acarreta fatores negativos diversos porém quero citar apenas dois fatores.

Como primeiro fator negativo do congregacionalismo vou citar o partidarismo.
Pode ocorrer nestas igrejas a formação de grupos que tendem a de maneira informal a governar a igreja de acordo com o que julgarem correto sem levar em conta a opinião dos demais membros. Isso pode gerar divisões do ponto de vista doutrinário como o problema tratado por Paulo na igreja de Corinto onde havia um grupo de irmãos que eram favoráveis a Paulo outros a Apolo como registrado em 1 Coríntios 3.1,5.

O partidarismo difuculta a direção do rebanho de Deus que deve ser feita pelo pastor e não por um grupo ou familia, no contexto bíblico questões doutrinárias competem aos pastores, aos anciãos etc e nunca a um grupo por mais tradicional ou antigo que seja naquela congregação.

A formação de grupos liderados por famílias tradicionais neste contexto dificulta não somente a boa administração do patrimônio da igreja bem como seu crescimento também é prejudicado.

O segundo ponto negativo é a possibilidade que pode haver  de um voto não ser imparcial quando questões disciplinares estão sendo tratadas. O fato de um membro poder votar pela punição de um irmão imputa a quem vota grande responsabilidade em votar de acordo com a Palavra e não pode se deixar levar por questões pessoais como amizade ou a falta dela. Um fator agravante é que um neófito terá que decidir sobre casos que pode não ter conhecimento bílbico para ponderar daí vemos a necessidade de muito discipulado que deve anteceder o batismo e um período indeterminado até que haja  sinais de amadurecimento no novo cristão.

Considerando o crivo bíblico que o sistema congregacional possui e levando em conta os pontos favoráveis e desfavoráveis aqui expostos é possível afirmar o que foi dito no inicio do artigo que a maneira de se governar não é o fator decisivo para o sucesso de uma congregação e sim a parametrização bíblica por parte de quem exerce o governo, no caso em discussão a congregação deve ter por meta o entendimento acerca do plano de Deus para igreja, da obra que Deus preparou para ela e tenha a mesma visão do apóstolo Paulo ao orar pela igreja de Deus.

“E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, ele, por meio do seu Espírito, dê a vocês poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no coração de vocês. E oro para que vocês tenham raízes e alicerces no amor, para que assim, junto com todo o povo de Deus, vocês possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade.” (Efésios 3.16,18 - NTLH).


Parte 2. O sistema Episcopal.
É o sistema governamental onde as decisões admnistrativas são centralizadas um uma única pessoa, o Bispo, porém a ausência deste título não descarcteriza um sistema já que sua principal característica não é a presença de um bispo mas sim  a centralização nas decisões que podem ser tomadas por um Pastor Presidente.


Outro fato relevante é que este sistema não é peculiar a igreja protestante, pois a igreja Católica Romana ao longo de sua história adotou este modelo administrativo, a partir da Reforma a igreja protestante entrou em um processo de rompimento com o episcopado como observa Champlin:

“Na época da Reforma Protestante, a forma episcopal de governo foi repudiada. Antes de tudo por causa dos abusos e corrupções que tinham entrado na mesma; e em segundo lugar porque os  reformadores julgaram que as evidências neotestamentárias em favor desse tipo de governo não são convincentes.”  (R.N. Champlin, 2011 pág 406).

O rompimento com o episcopado não foi total já que no decorrer do tempo igrejas de tradição histórica como  a Igreja Anglicana  e Metodista até hoje têm no episcopado seu sistema eclesiástico de governo.

As Raizes bíblicas  do episcopado são muitas no novo Testamento um texto que mostra a autoridade de um líder que escolhia, treinava e instiuía a liderança na igreja do primeiro séculos eram os apóstolos, como o caso de Paulo ao lembrar a Tito sobre uma decisão tomada ao que parece com autoridade episcopal: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei” (Tito 1.5).

A autoridade de um bispo na igreja do primeiro século era diferente dos dias de hoje, visto que o período era conturbado e de mudanças e os bispos tinham papel fundamental no auxilio aos apóstolos nas tomadas de decisões em questões doutrinárias um fato que coaduna com essa afirmação é que os próprios apóstolos de autodenominavam bispos: “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar’’ (1 Pedro 5.1).

Pontos favoráveis ao Governo Epsicopal .
Sem dúvida a rapidez nas tomadas decisão é o ponto mais profícuo do governo episcopal.

Quanto ao bispo pressupõe-se que seja um cristão maduro, preparado espiritual e teológicamente e que contanto esteja apto a julgar situações administrativas, disciplinares ou normativas tudo sob a luz da palavra como descreve a norma dada por Paulo a Timóteo em sua primeira carta:

“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.” (1 Timóteo 3:1-7).

As Decisões do bispo dão dinamismo e um problema pode ser sanado antes que resultem em maiores consequências  e danos para igreja sejam eles de ordem material ou espiritual.

Por exemplo o caso de um pastor que porventura esteja agindo em desacordo com a declaração de fé da denominação pode ser substituído sem dificuldades, preservando com isso a identidade denominacional. Questões de cunho financeiro que invariavelmente causam discussões quando tratadas por um grupo de pessoas no governo espiscopal são decididas sem desgaste.

Pontos desfavoráveis ao Sistema Episcopal.
Em busca dos objetivos desta breve reflexão adiante estou apontando  adiante alguns pontos que são considerados  vulneráveis neste sistema.

Como já exposto  no Sistema Espiscopal o poder é concentrado, esta particularidade gera inevitávelmente o partidarismo por parte de liderados que podem vir a se beneficiar com determinado lider no poder, infelizmente isso gera um comportamento de conivência dos subalternos em relação ao líder.

Outra vulnerabilidade do meio Episcopal está no fato que não existe uma norma bíblica que limite o tempo de governo de um lider, ou seja quase sempre no meio evangélico o topo do poder acaba por ser ocupado por alguém por anos e até décadas, e ainda existem casos em denominações tradicionais o posto passa de pai para filho como se fosse uma dinastia, este é um ponto sensível de discussão visto que na bíblia, não há argumento neotestamentário que possa fundamentar a sucessão familiar no governo da igreja, como sugere o apóstolo Paulo na sua carta a igreja de Éfeso quem levanta um líder para exercer governo é o Cristo de maneira soberana, não havendo menção de que isso esteja delegado a alguma família em especial: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” (Efésios 4:11,12).

A percepção sobre os fatores acima expostos dá ao cristão que vive este modelo de governo e a pessoa que está incumbida de governar é que ambos precisam viver esta realidade nos parâmetros bíblicos. Se por um lado a bíblia exorta os cristãos a serem obedientes à sua liderança, por outro ela é enfática em parametrizar a maneira como o governante deve proceder. Não por acaso o escritor da carta aos Hebreus se referiu à Biblia santa, perfeita e sem erros como:

Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4.12,13).

Parte 3: O Governo Presbiteriano.
O sistema de governo Presbiteriano pode ser definido como governo representativo, neste contexto a igreja possui um grupo de presbíteros que governa uma congregação em um mandato limitado. Esta igreja está subordinada a um Presbitério regional e este por sua vez responderá a sínodos superiores até uma instancia máxima: o supremo concílio.

O grupo de presbíteros que governa a igreja local se divide em presbíteros docentes e regentes, o primeiro se dedica a ensinar a igreja e os demais a administrar a igreja nas questões administrativas e eclesiásticas.

O presbiterianismo talvez seja o modelo de governo eclesiástico que mais possua raízes neotestamentária, pois as alusões ao presbiterianismo encontram apoio com maior frequência (Atos 14.23, Atos 15 e Tito 1.5).

Pontos favoráveis ao Presbiterianismo
O sistema presbiteriano consegue coadunar duas características de extrema importância: a deliberação nas decisões e a capacidade de quem decide.

As decisões que são tomadas partem de pessoas qualificadas teológica e espiritualmente. Como fator favorável ainda existe o fator da deliberação que há antes da decisão ser oficializada diminuindo o risco de serem tomadas decisões equivocadas ou precipitadas, já que quanto mais pessoas e quanto maior a qualificação destas o risco de erro diminui proporcionalmente.
Um exemplo bíblico de deliberação acerca de assuntos eclesiásticos é encontrado no fato que é conhecido como primeiro concílio da igreja registrado no livro de Atos dos Apóstolos onde claramente a decisão é tomada por um colegiado formado por líderes (entre eles os presbíteros, conforme Atos 15.2; 4.23).

Pontos Desfavoráveis ao Presbiterianismo:
Nem sempre no Presbiterianismo as decisões são tomadas de maneira ágil. Alguns fatores podem colaborar para delongamento das mesmas.

Pelo fato do presbitério ser formado por pessoas que teoricamente são formadores de opinião podem surgir impasses mais em função de questões pessoais do que teológicas ou administrativas.

Outro fator desfavorável que pode ocorrer neste sistema é o surgimento do desinteresse de alguns membros para com os assuntos administrativos da igreja.



*Sobre o autor:

Luís Roberto de Souza
Casado, 37 anos, Técnico em Eletrotécnica, graduando em Tecnologia de Construção de Edifícios, possui curso básico em teologia, estuda teologia de maneira autodidata, é cristão Batista de tradição histórica. Administrador do Grupo de Estudos "Teologia com Propósitos". Co-Editor do Blog. Escreve semanalmente sobre o tema: “Teologia Paulina”. Contato: robertoluissouza78@gmail.com


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