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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Continuísmo versus Cessacionismo: qual das visões está correta? [PARTE 3]





Transcrição do debate entre os teólogos Renato Oliveira Pimentel e Cleuberth Lima, sob o tema: "Continuísmo versus Cessacionismo", ocorrido dia 29 de Janeiro de 2017 no Grupo de Estudos “Teologia com Propósito”.


         Veja abaixo a posição de cada teólogo neste tema:


Renato Oliveira Pimentel:
“Eu pretendo defender a doutrina continuísta, visto que não existe em lugar nenhum das escrituras sagradas algo que diz o contrário a isso.”


Cleuberth Lima:
“Neste debate, irei defender o cessacionismo por acreditar que tal sistema teológico interpretativo é coerente que os textos bíblicos que tratam dos dons carismáticos.”


Confira abaixo o desenvolvimento da terceira (e última) parte deste debate, a partir das considerações finais de cada teólogo sobre o tema.

Para ler a primeira parte deste debate, clique aqui.

Para ler a segunda parte deste debate, clique aqui.


CONSIDERAÇÕES FINAIS DE CLEUBERTH LIMA:
Como homens que dedicaram suas vidas a Deus no transcorrer da história do cristianismo compreenderam a questão dos dons espirituais em seus respectivos tempos?

1. João Crisóstomo (344–407)

A passagem inteira (falando sobre 1 Coríntios 12) é muito obscura, mas a obscuridade é produzida por nossa ignorância dos fatos referidos e por sua cessação, fatos que ocorriam, mas agora não tem mais lugar. (Fonte: João Crisóstomo, Homilias em I Coríntios, 36.7 Crisóstomo está comentando 1 Co. 12:1-2 como introdução ao capítulo inteiro. Citado de 1-2 Coríntios in: Ancient Christian Commentary Series, 146.).

2. Agostinho (354-430)

Nos tempos antigos o Espírito Santo veio sobre os crentes e eles falaram em línguas que não haviam aprendido, conforme o Espírito concediam que falassem. Estes foram sinais adaptados ao tempo. Pois aquilo foi o sinal do Espírito Santo em todas as línguas [idiomas] para mostrar que o Evangelho de Deus era para ser espalhado a todas as línguas sobre a terra.  Isto foi feito por um sinal, e o sinal findou. (Fonte: Agostinho. Homilias sobre a Primeira Epístola de João, 6.10. Cf. Schaff, NPNF, First Series, 7:497-98).

3. Teodoreto de Ciro (393-466)

Em tempos antigos, aqueles que aceitaram a divina pregação e que foram batizados para a sua salvação, receberam sinais visíveis da graça do Espírito Santo trabalhando neles. Alguns falaram em línguas que eles não sabiam e que ninguém lhes havia ensinado, enquanto outros realizaram milagres ou profetizaram.  Os coríntios também fizeram essas coisas, mas não usaram os dons como deveriam ter usado. Eles estavam mais interessados em se mostrar do que em usar os dons para a edificação da igreja... Mesmo no nosso tempo a graça é dada para aqueles que são julgados dignos do santo batismo, mas não pode assumir a mesma forma que possuía naqueles dias. (Fonte: Teodoreto de Ciro. Comentário sobra a primeira epístola aos Coríntios, 240, 43; em referência à 1Co 12:1,7.  Citado de 1-2 Coríntios, ACCS, 117).

4. Martinho Lutero (1483-1546)

Na Igreja primitiva, o Espírito Santo foi enviado de forma visível.  Ele desceu sobre Cristo na forma de uma pomba (Mt. 3:16), e à semelhança de fogo sobre os apóstolos e outros crentes.  (Atos 2:3) Esse derramamento visível do Espírito Santo foi necessário para o estabelecimento da Igreja primitiva, como também foram necessários os milagres que acompanharam o dom do Espírito Santo. Paulo explicou o propósito destes dons miraculosos do Espírito em I Coríntios 14:22, “as línguas são um sinal, não para os que crêem, mas para os que não crêem”.  Uma vez que a Igreja tinha sido estabelecida e devidamente anunciada por estes milagres, a aparência visível do Espírito Santo cessou. (Fonte: Martinho Lutero, traduzido por Theodore Graebner [Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1949], pp  150-172. A respeito do comentário de Lutero sobre Gálatas 4:6.).

5. João Calvino (1509-1564)

Embora Cristo não declare expressamente se Ele pretende que esse dom [de milagres] seja temporário ou permaneça perpetuamente na Igreja, é mais provável que os milagres tenham sido prometidos apenas por um tempo, para dar brilho ao evangelho enquanto ele era novo ou em estado de obscuridade. (Fonte: João Calvino, Comentário sobre os Evangelhos Sinóticos, III:389.).

O dom de cura, como o resto dos milagres, os quais o Senhor quis que fossem trazidos à luz por um tempo, desapareceu, a fim de tornar a pregação do Evangelho maravilhosa para sempre. (Fonte: João Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV: 19, 18.).

6. John Owen (1616-1683)

Dons que em sua própria natureza excederam completamente o poder de todas as nossas habilidades, essa dispensação do Espírito há muito cessou e onde ela agora é simulada por alguém, pode ser justamente presumida como um delírio entusiasmado. (Fonte: John Owen, Obras, IV:518.).

7. Thomas Watson (1620-1686)

Claro, há tanta necessidade de ordenação hoje como no tempo de Cristo e no tempo dos apóstolos, quando então havia dons extraordinários na igreja, os quais agora cessaram. (Fonte: Thomas Watson, As Bem-Aventuranças, 140.).

8. Mattew Henry (1662-1714)

O que eram esses dons nos é largamente dito no corpo do capítulo [1 Coríntios 12], ou seja, ofícios e poderes extraordinários, concedidos a ministros e cristãos nos primeiros séculos, para a convicção dos descrentes, e propagação do evangelho. (Fonte: Mattew Henry, Comentário Completo, em referência a 1 Coríntios 12).

O dom de línguas foi um novo produto do espírito de profecia e dado por uma razão particular, retirar o judeu e demonstrar que todas as nações podem ser conduzidas à igreja. Estes e outros sinais da profecia, começaram como sinais, e há muito cessaram e foram deixados para trás, e nós não temos nenhum incentivo para esperar um avivamento deles; mas, pelo contrário, somos direcionados para o chamado das Escrituras a mais certa palavra de profecia, mais certa que vozes dos céus, e ela nos orienta a tomar cuidado, a busca-la e se firmar nela. (Fonte: Mattew Henry, Prefácio ao Vol IV de sua Exposição do At e NT, vii.).

9. John Gill (1697-1771)

Agora esses dons foram concedidos comumente, pelo Espírito, aos apóstolos, profetas e pastores, ou anciãos da igreja, naqueles primeiros tempos: a cópia de Alexandria, e a versão Latina da Vulgata, dizem, “por um só Espírito”. (Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:9).

Não; quando estes dons estavam presentes, nem todos os possuíam.  Quando a unção com óleo, a fim de curar o doente, estava em uso, ela só foi executada pelos anciãos da igreja, e não pelos seus membros comuns, que deveriam buscar o doente nesta ocasião. (Fonte: Comentário de John Gill de 1 Coríntios 12:30.).

10. Jonathan Edwards (1703-1758)

Nos dias de sua [Jesus] encarnação, os seus discípulos tinham uma medida dos dons miraculosos do Espírito, sendo habilitados desta forma para ensinar e fazer milagres.  Mas, depois da ressurreição e ascensão, ocorreu o mais completo e notável derramamento do Espírito em seus dons milagrosos que já existiu, começando com o dia de Pentecostes, depois da ressureição Cristo e Sua ascensão ao céu.  E, em consequência disto, não somente aqui e ali uma pessoa extraordinária era dotada de dons extraordinários, mas eles eram comuns na igreja, e assim continuou durante a vida dos apóstolos, ou até a morte do último deles, mesmo o apóstolo João, que viveu por cerca de cem anos desde nascimento de Cristo, de modo que os primeiros cem anos da era cristã, ou o primeiro século, foi a era dos milagres.

Mas, logo após a finalização do cânon da Escritura quando o apóstolo João escreveu o livro do Apocalipse, não muito antes de sua morte, os dons miraculosos tiveram seu fim na igreja. Pois, agora, a revelação escrita da mente e da vontade de Deus estava completa e estabelecida. Revelação na qual Deus havia perfeitamente gravado uma regra permanente e totalmente suficiente para Sua igreja em todas as eras.  Com a igreja e a nação judaica derrotadas, e a igreja cristã e a última dispensação da igreja de Deus estabelecidas, os dons miraculosos do Espírito já não eram mais necessários e, portanto, eles cessaram; pois embora eles tenham continuado na igreja por tantas eras, eles se extinguiram, e Deus fez com que fossem extintos porque já não havia ocasião favorável a eles.  E assim foi cumprido o que está dito no texto: “Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; Havendo ciência, desaparecerá”.  E agora parece ser o fim para todos os frutos do Espírito tais como estes, e não temos mais razão de esperar que voltem. (Fonte: Jonathan Edwards, sermão intitulado “O Espírito Santo deve ser comunicado ao Santos para sempre, In na graça da caridade, ou amor divino”, em 1 Coríntios 13:8).

Os dons extraordinários foram dados para a fundação e o estabelecimento da igreja no mundo. Mas, depois que o cânon das Escrituras foi concluído e a igreja cristã foi plenamente fundada e estabelecida, os dons extraordinários cessaram. (Fonte: Jonathan Edwards, Caridade e seus frutos, 29.).

Senhoras e senhores do grupo Teologia Propósito, sinto-me imensamente honrado pelo convite para protagonizar ao lado do amável amigo e irmão Renato, mais um debate teológico neste grupo.

Como é sabido de todos, em apenas duas horas não é nada possível realizarmos uma discussão minuciosa com citação de teóricos e passagens da bíblia relacionadas ao assunto, com coerência interpretativa.

Outrossim, quanto ao tema, preciso deixar claro que cessacionistas ACREDITAM que Deus tem o poder e, querendo, pode realizar milagres em nossos dias. Não há nada que possa impedi-lo.

Concluo agradecendo a atitude amistosa do Renato durante a interação do começo ao fim. Parabéns! Parabéns também ao moderador pela direção inteligente, sensata e imparcial.

Obrigado!


CONSIDERAÇÕES FINAIS DE RENATO OLIVEIRA PIMENTEL:

Concordo Cleuberth, o tempo foi curto, mas espero podermos protagonizar outros [debates] com maior tempo. Agradeço a oportunidade de estar aqui no TP mais uma vez debatendo com um debatedor de tão alto nível como Cleuberth, e a todos que acompanharam educadamente, respeitando as regras do debate e dando atenção as nossas humildes opiniões sobre a bíblia que é viva.

Quero expressar um último sentimento acerca do continuísmo que é o que acredito...

Quando se diz respeito à profecia de Joel, eu não me lembro, no dia de pentecostes, do Sol ficando escuro e a lua tendo cor de sangue, nem me lembro de alguém sonhando e tendo visões naquele dia. Sangue, fogo e colunas de fumaças, também não estão na minha memória sobre os relatos daquele dia.

E alguém dirá: Mas provavelmente, aconteceram nos dias que se seguiram. E é exatamente aí que mora a questão!

A profecia não se referia apenas àquele dia em específico, mas a uma sequência de dias que começariam a partir dali. Isso nos faz pensar no seguinte: Onde está escrito quantos dias durou ou durariam os fatos descritos naquela profecia? Em lugar nenhum!

Assim como criam os pais da igreja, que declararam:


"Entre nós, com efeito, até o presente momento, existem carismas proféticos" (Justino de Roma - 100/165 d.C.)

"Deus conferiu do alto a graça e o dom divino da profecia e os homens que o "recebem" falam onde e como ele quer" (Irineu de lyon 130/212 d.C.)

"Ainda ouvimos muitos irmãos na igreja que possuem carismas proféticos e que pelo Espírito falam em línguas, revelam as coisas escondidas dos homens para sua utilidade e expondo os mistérios de Deus" (Irineu de lyon)

"Foi dito em uma visão (que ele teve): Peça e receberá!" (Cipriano de Cartago 200/258 d.C.)

"Esse Deus, ordena e arranja quaisquer outros dons que existam dos carismas e assim faz a igreja do Senhor em toda parte e em tudo é aperfeiçoada e completa" (novaciano de roma 210/280 d.C.)

"Nós conhecemos Bispos que operam maravilhas, assim como monges que não o fazem" (Atenás de Alexandria 296/373 a.C.)


St. Agostinho Diz que sua mãe teve um sonho e nesse sonho viu que ele era convertido e ainda diz que ouvia uma voz que o dizia "Toma e lê!" e ele leu o texto de romanos e se converteu. Ele afirma o seguinte: "E eu permanecia naquela fé que tantos anos antes havia sonhado a minha mãe".

"Paulo chama profetas, não a qualquer intérprete da vontade divina, mas aos que recebiam alguma revelação particular. Hoje, tais profetas não existem OU são menos visíveis". (João Calvino)

"Não excluo o dom de profecia preditiva, desde que ela esteja conectada ao dom de ensino" (João Calvino)

Charles Spurgeon, no meio do culto, interrompe a liturgia e diz a um jovem: "Meu jovem, essas luvas que você está usando, não foram compradas, você a roubou de seu patrão". Posteriormente, o fato foi conferido e confirmado.

Mostrando para nós que o ensino continuísta rompeu as barreiras do século e nos dando o exemplo a seguir.

"Os Dons serão dados aos que creem" (Mc. 16:17).

Shalom Ha'Shem!



Sobre os debatedores:
Cleuberth Lima
Maranhense, 35 anos, residente em Icatu-MA, acadêmico de Direito, Pedagogo e Bacharel em Teologia.


Renato de Oliveira Pimentel
Casado, 23 anos, Técnico em Informática, Bacharel em Teologia pela Faculdade Betesda e Pastor local na Igreja Assembleia de Deus em Nanuque - MG.


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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Glossolalia ou Xenoglossia? [PARTE 2]




Transcrição do debate entre os teólogos Luís Roberto de Souza e Renato Oliveira Pimentel, sob o tema: "Glossolalia ou Xenoglossia?", ocorrido dia 22 de Outubro de 2016 no Grupo de EstudosTeologia com Propósito”.


Luís Roberto de Souza:
“Neste debate vou defender o dom de línguas como a xenoglossia, ou seja, creio que em toda a referência que a Bíblia faz deste dom é uma manifestação de um dom que consiste em o cristão falar em um idioma humano sem ter aprendido previamente. Tal capacitação é o chamado dom de línguas referenciado por Lucas em Atos, Marcos no evangelho e Paulo na sua primeira carta aos Coríntios.”


Renato Oliveira Pimentel:
“Eu irei defender a Glossolalia, que inclusive é uma palavra que se encontra nas escrituras gregas em detrimento de Xenoglossia que não se encontra. Pretendo para isso me ater à hermenêutica e exegese bíblica, somente, dispensando, portanto todo empirismo envolto no assunto.”


Para ler a primeira parte deste debate, clique aqui. Este debate foi protagonizado por dois teólogos em formato de perguntas, respostas, réplicas e tréplicas, com o acompanhamento de um moderador em tempo real. As intervenções do moderador não foram transcritas.  Confira abaixo o desenvolvimento da segunda parte deste debate. 


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Onde na Bíblia existe a afirmação de que homens falariam idiomas não humanos?


Renato Oliveira Pimentel:
Luís,
Em lugar nenhum da bíblia, existe a afirmação explícita como você sugere de que "homens falariam idiomas não humanos", como também não há afirmação explícita de que os dons de línguas eram idiomas humanos. Caso houvesse uma das duas afirmações na bíblia, certamente não haveria esta discussão. Porém, texto como o já citado 1 Coríntios 14:2, explicitam o fato de esse idioma não ser humano, pelo simples fato de ninguém o poder entender porque como o próprio texto diz: "Quem fala em línguas não fala aos homens...". Negar isso é negar a bíblia!


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Eu esperava ouvir algo bíblico relacionado aos idiomas não humanos. Sua citação pelo contrário traz um termo usualmente tido como idioma humano e órgão humano. Se você deixa essa informação em harmonia com o contexto realmente não estaríamos debatendo. Vou repetir: glossia significa idioma. Todo idioma não dominado se torna um mistério. Deus conhece todos os idiomas, logo quem fala num idioma num lugar que ninguém entende só fala a Deus.
Sobre sua afirmação de que não existe uma negação de idiomas humanos eu lhe desafio a trazer uma explicação mais detalhada sobre o que te faz pensar que glossia significa idioma não humano, pois isso revolucionaria a teologia cristã. O termo antropos e o relacionado a mistérios (que não me lembro agora) não precisam sair do seu sentido para afirmar que sua citação é referência a idioma humano como expus acima. Só é mistério porque ninguém entende e Deus entende tudo. Por demais os originais não me deixaram mentir.


Renato Oliveira Pimentel:
Glossa, não significa idioma! Significa "Língua" como o órgão do corpo! Glossa pode ser utilizado para se referir a idiomas, somente quando usado no sentido figurado, como nós mesmos também usamos, mas a palavra para idioma no grego é dialektos! Eu penso que o dom de "Orar/Falar em línguas" não é humano, por afirmações como: "O que fala em outra língua a si mesmo se edifica (Porque não interpreta), mas o que profetiza edifica a igreja." (1 Coríntios 14:4). Por exemplo que mostra que o intuito do dom de línguas, é a edificação pessoal de quem está orando em línguas.

- Ele não é entendido por ninguém vs. 2

- Ele edifica somente a si mesmo vs. 3

- O meu espírito ora vs. 14

Para interpretar eu não preciso estudar (como seria o comum no caso de ser um idioma humano) preciso orar para receber a interpretação. Tenho toda a bíblia apontando para isso sem falhas de interpretação como a sua tese tem.


Renato Oliveira Pimentel:
Luís,
A bíblia diz que o dom de falar em línguas cessaria? Se sim, quando? Se não, onde elas estão?


Luís Roberto de Souza:

Renato,
Há uma referência nesse sentido em 1 Coríntios 13 "havendo línguas cessarão". Isso para alguns teólogos é ponto de apoio para ligar o dom de línguas como idiomas para a geração apostólica. São os chamados cessacionistas. Eu não creio assim. Eu prefiro entender que as línguas como idiomas são um dom potencialmente contemporâneo não havendo razões claras na Bíblia para negá-lo, como há com relação aos apóstolos como explicados em Efésios 2.20.
Porém em vias práticas pouco se houve falar de manifestações desta natureza (como idiomas humanos). Creio que Paulo se refere a um futuro na eternidade onde não haverá a necessidade da fé nem de línguas mas somente do amor eterno de Deus.


Renato Oliveira Pimentel:
Replico repetindo a pergunta inicial: Se não cessou, onde estão? Não seria ele o dom de orar em línguas? Será que a banalização que acontece hoje em dia com o dom de orar em línguas, não acabou por esfriar a fé e cegar o entendimento para o fato bíblico de que eles ainda se aplicam ao nosso tempo?


Luís Roberto de Souza:
Eu respondi onde estão ao dizer que existem relatos desta manifestação. Outro trecho que evitaria tal pergunta é o de 1 Coríntios 12 onde diz que o falar bem línguas é algo inviável para todos do corpo. Logo, o fato de você ou o não presenciar não implica que não ocorre. Orar em línguas é uma referência restrita ao caso de Corinto que volto a frisar usava o dom corretamente.
As incidências relatadas em atos remetem a conversações (pregação). Paulo, porém não proíbe e daí concluí sobre o que ocorre quando se ora em línguas sem intérprete em 14.2 e adiante dá cabo ao abuso desta prática aí mandar que ficassem calados.
Sobre a banalização do dom foi o que ocorreu em Corinto e o apóstolo sabiamente pediu para que orassem em línguas ou com intérprete ou em silêncio ou que se calassem. Essa normativa foi justamente para não esfriar.
Paulo não proíbe de falar em línguas.


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Seu comentário feito anteriormente diz o seguinte:

“Glossa, não significa idioma! Significa "Língua" como o órgão do corpo! Glossa pode ser utilizado para se referir à idiomas, somente quando usado no sentido figurado, como nós mesmo também usamos, mas a palavra para idioma no grego é dialektos!” (sic).

Eu ainda nem estou engatinhando no idioma grego e percebo que você é versátil neste idioma. Portanto eu queria saber sobre essa palavra dialektos usada em Atos 2. Ela foi usada para falar de um idioma humano ou não humano?  Se foi não humano gostaria de ouvir uma explicação plausível a nível exegético.


Renato Oliveira Pimentel:
A palavra "dialektos" quando usada em Atos 2, é usada para se referir a idiomas humanos!


Luís Roberto de Souza:
         Estou satisfeito [com sua resposta]. Isso prova que existe um dom bíblico que consiste em falar um idioma humano sem ter estudado uma vez que assim como glossia que sempre foi usado para dizer sobre língua humana (até que se prove  tecnicamente e sem conclusões rasas) dialektos tem esta aplicação em Atos 2. Percebo então que o desafio dos carismáticos/pentecostais consiste em provar que o leitor original que sempre lia glossia e entendia "línguas humanas ou orgão humano" quando leu a carta do Apóstolo Paulo entendeu "idioma não humano". O desafio está lançado.


Renato Oliveira Pimentel:
Está satisfeito porque não entendeu. Dialektos era referência a idioma humano, mas em Atos 2 em nenhum momento diz que os discípulos falavam dialektos mas sim que eles falavam ετερος γλωσσα. "heteros" quer dizer "algo/alguém que não é da mesma natureza, forma, classe, tipo, diferente". A bíblia diz que eles (os discípulos) falavam uma língua diferente (que não é da mesma natureza) e que os ouvintes os entendiam em seus próprios dialektos.
Os discípulos falavam ετερος γλωσσα e os ouvintes entendiam em seus próprios dialektos. Em momento algum a bíblia diz que os discípulos falaram em outro idioma! E o termo mais usado na bíblia era Glossolalia, que quer dizer, emitir sons com a língua.


Renato Oliveira Pimentel:
Luís,
Se as línguas são idiomas conhecidos, porque então precisamos orar como única alternativa (apresentada pela bíblia) para conquistá-los? Porque não podemos aprender esses idiomas sem precisar orar?


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Voltemos no texto e tentemos usar o mesmo contexto que o leitor original vivia. A carta foi escrita no auge do ministério apostólico entre as viagens de Paulo. Logo o contexto dos idiomas deve ser levado em conta, uma vez que o Espírito Santo encheu os quase cento e vinte para que ativamente falassem outros dialektos. A ordem dos fatos é esse enchimento dos discípulos e não nos outros presentes. Tendo isso em vista e o fato de orar em línguas só ter menção em Corinto, logo se trata de uma das facetas do equívoco que aqueles crentes cometiam com o dom quando ao invés de falar do evangelho ao próximo estavam orando a Deus numa demonstração de superioridade bem característico de alguns hoje. Portanto sua pergunta só foi possível porque mais uma vez se esqueceu de olhar o contexto de Atos e de Coríntios.
A fala em Atos não é cerceada porque cumpre sua função em Corinto, o que era pra falar aos incrédulos estava erroneamente sendo usado para orar. Porém se você quer orar em inglês ou aramaico ou grego ou javanês pode orar. Se ninguém interpretar você irá orar somente a Deus e não falará aos homens, pois falará mistérios.


Renato Oliveira Pimentel:
O dom de línguas fugiu ao contexto indicado por você tanto em Corinto, quanto em Cesaréia e em Éfeso, não só em corinto, e em nenhum desses lugares é cerceada a fala! Nem mesmo em Corinto como você supõe: “Porém se você quer orar em inglês ou aramaico ou grego ou javanês pode orar” (sic). Dizendo isso você parece admitir que o dom tenha a função de levar a orar em línguas. Interessante isso!
Mas falando de contexto de Coríntios... Eles moravam no lugar onde o mundo todo passava. Era um centro comercial! Era um lugar onde provavelmente, se falavam muitos idiomas. Quando Paulo diz que para entender eles tem que orar e pedir, está claro como água que ele não está se referindo a um idioma humano que pode ser aprendido!


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Mais uma conclusão sem sentido baseada unicamente no fato de haver ausência ou contraponto. Isso é mais uma conclusão forçada dos pentecostais/ carismáticos. Primeiro sobre afirmar que em um centro comercial do passado todos eram poliglotas. Isso cai por terra quando Lucas registra a admiração dos incrédulos ao verem que se tratava de galileus e repito adiante em atos tal fato recorre. Seu argumento sobre a cidade poliglota já não existe quando a bíblia é lida com atenção.
Eu usei a palavra "cerceada" de modo errado realmente meu português é fraco o correto seria normatizado ou regulamentado. Portanto uma leitura atenta em coríntios você verá que o conjunto da obra ali é: “deixem de ser meninos”. Você diz: “Quando Paulo diz que para entender eles tem que orar e pedir, está claro como água que ele não está se referindo a um idioma humano que pode ser aprendido" (sic). Isso pelo simples fato de assumir baseado numa ausência de algo que não está sendo tratado. O fato de Paulo incentivar a orar para interpretar é um incentivo a buscar um dom. Não é uma norma dizendo que só se entende idiomas quem recebeu o Dom.


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Você é capaz de provar que o termo glossa é uma palavra grega que pode ser traduzida como idioma não humano? Se sim, justifique sua resposta.


Renato Oliveira Pimentel:
Sim!
A palavra γλωσσα (glossa) não quer dizer idioma, mas quer dizer "língua"! Uma palavra no sentido figurado pode significar qualquer coisa dependendo do contexto, como por exemplo, idioma.
Quando a bíblia usa o termo γλωσσαλαλεω (Glossolalia), usada sempre no contexto de Coríntios, a palavra γλωσσα (glossa) é usada em junção com a palavra λαλεω (laleo), e nesse contexto ela pode estar se referindo ao membro do corpo e não a um idioma, pois, literalmente significa "Emitir som com a língua"! Uma característica bastante peculiar ao dom de orar em línguas.
Sendo assim, essa expressão de sons com a língua pode ser tida como um bárbaro falando, pois não pode ser entendida por ninguém! Mas ainda assim, isso edifica a quem fala. Se fosse um dom de tradução simultânea para a pregação, seria incoerente dizer que quem ora em línguas edifica a si mesmo, tendo ouvintes ou não. Mas a bíblia diz isso!


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Eu percebo a dificuldade e concluir de modo intuitivo deixam de lado a Bíblia. Outro ponto é que laleo tbm é falar segundo [o dicionário] Strong. Veja:

“5) usar palavras a fim de tornar conhecido ou revelar o próprio pensamento. 5a) falar”

Ora quanto aos outros significados, todos são aplicáveis de modo plausível a uma conversa entendida. É lógico que ao falar se emite sons com a língua isso faz parte da anatomia humana. A língua ajuda na emissão de sons.
Sobre seu primeiro ponto, você afirma e não prova de modo técnico de um modo mais aceitável e isso soa mais como uma adaptação dedutiva do que uma prova linguística: “Não quer dizer idioma" (sic). Seria mais sério dizer que nem sempre é idioma podendo ser órgão humano.
Você não respondeu de modo profícuo, restando-me apenas esperar que os leitores façam suas ponderações levando em conta o fato de que você afirma o que obviamente defende; mas não prova.


Renato Oliveira Pimentel:
Eu provei! Se você aceita ou não é outro caso. E sobre Glosso"lalia", eu usei o termo como ele é tido hoje pelos grandes linguistas de todo o mundo (Sem faltar o respeito ao Strong). Sobre a palavra glossa, você se apega ao erro mesmo sabendo que está errado. A palavra glossa quer dizer literalmente língua. Eu já disse e repito, ela só pode ser usada como idioma em sentido figurado, mas em sentido figurado, tudo pode dizer qualquer coisa!
Eu não tive dificuldade alguma, e sim! Recorri à bíblia sim! Quando eu analiso a bíblia exegeticamente, o que mais eu estou fazendo se não recorrendo à bíblia? O termo Glossolalia está lá e o significado desse termo é sabido de todos.  Por outro lado Xenoglossia não existe na bíblia (em todos os sentidos). O que deixa de lado a bíblia é a interpretação de que são idiomas, pois para se crer assim se faz necessário negar todo o capítulo 14 de Coríntios, partindo para o racionalismo humano.


Renato Oliveira Pimentel:
Luís,
A bíblia afirma explicitamente em algum momento que o dom de línguas é um dom de idiomas? Se sim, aponte-nos o texto! Se não, como provar que são idiomas e não língua secreta? Só através do racionalismo humano, ou a exegese nos leva a isso?


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Como você mesmo concluiu hoje, nem tudo está explícito na Bíblia pela definição e sim por nuances em que os leitores vão inferindo, respeitando-se regras de interpretação.
Respeitando-se que dialektos e glossa para seu leitor original eram referências a idioma humano a prova bíblica está concretizada. Os textos são os clássicos avivamentos de Atos, as normativas em Corinto e poucas provas veterotestamentarias. Uma em Isaías, por exemplo citada por Paulo  em Coríntios mais uma vez como idiomas humanos já que para falar a humanos se usa língua humana até onde sei.
Qualquer conclusão favorável aos idiomas humanos só pode ser tirada quando há sujeição e humildade com o texto. Porém todo argumento contrário passa necessariamente por uma desconstrução de 19 séculos de ortodoxia quanto a este assunto e o desrespeito com o texto e contexto.


Renato Oliveira Pimentel:
“Respeitando-se que dialektos e glossa para seu leitor original eram referência a idioma humano a prova bíblica está concretizada” (sic).

Ainda bem que você colocou o "se", assim o erro se torna potencial.

“Os textos são os clássicos avivamentos de Atos, as normativas em Corinto e poucas provas veterotestamentarias. Uma em Isaías por exemplo citada por Paulo  em Coríntios mais uma vez como idiomas humanos já que para falar a humanos se usa língua humana até onde sei” (sic)

Você está se referindo ao versículo 21 que diz: "Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor", que é referência à profecia de Isaías 28.11 que diz: "Pelo que por lábios gaguejantes e por língua "estranha" falará o SENHOR a este povo". Porém, o sinal predito não era que eles entendessem as línguas, muito pelo contrário, o texto diz que ainda assim "eles não o escutariam". O sinal foi o cumprimento da profecia! As profecias sempre foram usadas por Deus como um sinal para os incrédulos acreditarem em sua existência e Divindade.

"Todas as nações se reúnem, e os povos se ajuntam. Qual deles predisse isto e anunciou as coisas passadas? Que eles façam entrar suas testemunhas, para provarem que estavam certos, para que outros ouçam e digam: "É verdade" (Isaias 43:9)


"Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. Quem há como eu? Que o proclame e o exponha perante mim! Quem tem anunciado desde os tempos antigos as coisas vindouras? Que nos anuncie as que ainda hão de vir." (Isaías 44:6-7).


Luís Roberto de Souza:
Renato,
Quando você diz que glossa só é usado para idiomas em sentido figurado e que em sentido figurado pode ser qualquer coisa parece um argumento válido. Desde que você prove! Caso contrário, é nulo e sem valor. Ou melhor definindo, é conjectura.
Outro ponto é que sua interpretação sobre minha frase foi errada.  "Respeitando-se" é diferente de "respeitando que se". Neste segundo caso, o início da sua postagem teria tido algum valor. Eu quero pensar que foi a pressa e o nervosismo, já que você excedeu o limite de tempo. Te aconselho que mantenha calma. Ou então uma interpretação mal feita mesmo.
Sigamos. Essa referência de Isaías não muda o sentido, já que você não prova que línguas estranhas são idiomas não humanos recorrendo a um comportamento intuitivo e inclinado a ver no texto aquilo que você quer ver. Isso é exegese. Realmente, Renato, seu uso do grego é bem similar ao meu.
Então eu sugiro que ao afirmar algo busque prova que dêem apoio as suas argumentações. Estas sim são muito boas, mas carecem de técnica com a língua. Eu me limito a entender do modo que no texto é expresso: glossa = idiomas humanos; dialektos = idiomas humanos. Assim eu fujo de arranjos como estes que são apresentados por você aqui sucessivamente.


Renato Oliveira Pimentel - Considerações Finais:
Bem, finalmente, considero que o dom de línguas é uma ferramenta dada por Deus para a edificação do sujeito, pois através do mesmo, ele ora, louva e se tiver intérprete, também profetiza! Isso deve ser buscado por todos nós, pois é de grande utilidade para a nossa vida espiritual, mas devemos nos lembrar de não nos ensoberbecer  por contar de portarmos os dons do Espírito Santo, mas sempre usá-los para a edificação do corpo de Cristo, o nosso cabeça.
Espero ter abençoado a vida dos espectadores do debate, do irmão Luís e agradeço a oportunidade de participar de um debate com um tema tão profícuo para nós. Obrigado!


Luís Roberto de Souza – Considerações Finais:

Minhas considerações finais: Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos. Meus irmãos, não tenham receio com a Bíblia. Ela é clara, e quer nos mostrar o caminho. A melhor parte de perceber um equívoco é perder mudar de lado. Obrigado, Renato, e a todos!






Sobre os debatedores:
Luis Roberto de Souza
Casado, 37 anos, Técnico em Eletrotécnica, graduando em Tecnologia de Construção de Edifícios, possui curso básico em teologia, estuda teologia de maneira autodidata, é cristão Batista de tradição histórica. Administrador do Grupo de Estudos "Teologia com Propósitos". Co-Editor do Blog. Escreve semanalmente sobre o tema: “Teologia Paulina”. Contato: robertoluissouza78@gmail.com


Renato de Oliveira Pimentel
Casado, 23 anos, Técnico em Informática, Bacharel em Teologia pela Faculdade Betesda e Pastor local na Igreja Assembleia de Deus em Nanuque - MG.


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