segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A BOA CONSCIÊNCIA E O CARÁTER CRISTÃO


Por Davi Faria de Caires*

Deus nos criou à sua imagem e semelhança (Gn 1.26 – “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem...”) Por isso em muitas coisas somos parecidos com Ele. Porém, com a entrada do pecado no mundo através de Adão, a raça humana estava corrompida e condenada à morte ("Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor." (Romanos 6.23). Mas através da regeneração encontrada em Jesus Cristo, somos salvos e santificados continuamente, para que nos tornemos cada vez mais parecidos com Deus.

         Quando aceitamos a Cristo tudo deve mudar em nossas vidas. Pensamentos, sentimentos e ações são transformados. Desde então, o nosso comportamento passa a refletir a ação do Espírito Santo em nossas mentes e corações.

         Quando Adão comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, passou a ter consciência para julgar. Nasce aí a moralidade e o juízo humanos. Adão passa a ter vergonha de sua nudez e reconhece que desobedeceu a Deus. Foge, se esconde e cobre sua nudez. Vemos em ação o julgamento de sua consciência: o discernimento entre o bem e mal. Desde então, todos os seres humanos possuem a capacidade de discernir entre o  bom e o mau, entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Mesmo alguém que ainda não foi evangelizado, é capaz de discernir em seu espírito se o que fez e faz são atos positivos ou negativos, caso sua mente não esteja cauterizada pelo pecado. Essa é a lei da consciência. Além do Espírito Santo, nossa consciência julga nossas ações, sentimentos e pensamentos. Em II Coríntios, Paulo apela para sua consciência para defender seu apostolado diante da igreja em Corinto e dos falsos mestres que tentavam desconstruir suas mensagens. O apóstolo adverte a igreja em Corinto da seguinte forma: “Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco."  (II Coríntios 1.12). Aos Romanos, Paulo também defende-se através de sua consciência: "Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo)"  (Romanos 9.1).

         A consciência humana pode estar corrompida e cauterizada pelo pecado "Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;"  (I Timóteo 4.2). Através da Bíblia, somos muitas vezes estimulados e orientados a obter, desenvolver e manter uma boa consciência, senão vejamos:

"Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida."  (I Timóteo 1.5)

"Guardando o mistério da fé numa consciência pura."  (I Timóteo 3.9)


"Orai por nós, porque confiamos que temos boa consciência, como aqueles que em tudo querem portar-se honestamente."  (Hebreus 13.18)


         Como vimos, Paulo apela para sua consciência para defender-se, por estar pura diante de Deus. E o SENHOR nos dá seu exemplo na criação de todas as coisas, conforme Gênesis capítulo primeiro (vv. 4,10,12,18,25,31):

“E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom. E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.  E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.”

Neste excerto sagrado, vemos seis afirmações de que Deus aprovava tudo quanto tinha feito. Deus criou o Universo e tudo o que nele há em seis dias, então proporcionalmente temos uma afirmação para cada dia. Deus não criou tudo num só dia, mas fez isso por etapas. E ao final de cada dia via o que tinha feito e via que era bom. O que havia feito agradava o seu coração!

E assim como Deus, dia após dia nós agimos neste mundo. Acordamos, tomamos escolhas, trabalhamos e vivemos, enfim. E se ao final de cada dia fizéssemos uma auto análise ("Examine-se, pois, o homem a si mesmo...” - I Coríntios 11.28)), o que nos diria a nossa consciência? Será que diríamos como Deus: “Tudo o que fiz hoje é bom!”?

As conseqüências de uma conduta fundamentada em má consciência podem ser desastrosas! Vemos um alerta de Paulo a Timóteo: "...Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé."  (I Timóteo 1.19). Neste versículo, vemos Paulo afirmando que alguns crentes da época fracassaram na fé cristã por não terem conservado uma boa consciência. O pecado separa o homem de Deus.

Precisamos refletir a imagem de Deus. Ele deseja isso! O Criador se alegra quando encontra os fiéis na terra que preservam uma boa e pura consciência mesmo vivendo em dias de crise moral. Fomos criados para o seu prazer. E encontraremos plena satisfação espiritual quando estivermos no melhor lugar do mundo: o centro da vontade de Deus! Faz-se imperioso a todos seres humanos apurarmos a nossa consciência afim de nos aproximarmos de Deus e de Sua maravilhosa presença, como Adão tinha comunhão no Jardim do Éden. Para isso, a Bíblia aponta o caminho do retorno: "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações."  (Tiago 4.8)

         Mesmo tendo pecado, nós seres humanos temos a consciência que nos auxilia a caminhar pelo caminho certo. A consciência não mente. Por isso e por tê-la sempre limpa, Paulo a usava para defender-se! É possível enganar outras pelas palavras, mas nunca a nós mesmos. Portanto, usemos esta ferramenta para julgar os atos do dia a dia e "Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa" (Hebreus 10.22).


Escrito em 19 de Janeiro de 2010


Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®Contato: davifariadecaires@gmail.com


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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Existe Vontade Permissiva de Deus?




Rodrigo Moraes
Tiago Amorim
Instituto Teológico Escola da Bíblia – Teologia e Missão




            Temos lido muitos livros de bons teólogos para ter uma definição clara da expressão “Deus permite”, “Deus permitiu”, “Há uma permissão de Deus nisso”, será mesmo que há uma permissão de Deus em tudo o que acontece? Vamos entender como essas palavras que percorrem o nosso ambiente religioso tornam a todos de uma forma, conformados com tudo. O que mais ouvimos hoje é: “Mas foi Deus que permitiu”, ou quando queremos ser mais intelectuais dizemos assim “Qual é o propósito disso”, “Deus tem um propósito em tudo” , queremos dar explicação de tudo, resumindo que “Deus está no controle”.



Introdução
            Tudo o que acontece no mundo ou em nossa vida, de bom ou de ruim, temos uma explicação, explicação de que, se tudo de bom aconteceu é porque Deus é bom e está no controle, e se o mal vem, à frase é mais elaborada, “Foi Deus que permitiu que isso acontecesse”, “você não sabe o porquê disso, mas Deus sabe”, “Nunca pergunte o porquê e sim para quê”, e ano após ano isso tomou a religião cristã que se tornou uma febre de frases de efeito, parecendo que não temos uma base de conhecimento que é a própria Bíblia, o pior é quando a usamos para fundamentar essas teorias.
Significado de Permissão: Ato ou efeito de permitir; autorização, consentimento.


Deus permitiu que Adão pecasse?
Genesis 2.16-17: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.   

            O texto diz “...dela não comerás...”

        •          Se à vontade de Deus era que não comesse, a vontade de Deus muda, quando diz que não é sim, e quando diz que sim é não?
        •          Houve de Deus autorização para que Adão comesse?
        •          Houve de Deus consentimento para que Adão comesse?
        •          Onde está escrito no texto que Deus permite que Adão coma da árvore do conhecimento do bem e do mal?

“A doutrina da criação nos conduz ao conceito da administração da criação pelo homem, que deve ser contrastada com a noção secular do mundo como propriedade do homem. A criação não nos pertence; nós apenas a governamos como representantes de Deus. Nossa missão é “ser os administradores da criação de Deus”, e, assim, somos responsáveis pela maneira como exercemos esse papel”. (McGrath, 2005, página 353.)
                       

Deus permite que erremos?
Tiago 1.16: Não erreis meus amados irmãos.
         Como pode Deus dizer para não errar se ele concede ou “permite” que erremos?
         Se errar é o contrário de sua vontade porque à sua permissão?

Lembre-se: “Deus não permite que você faça qualquer coisa que ele não queira!”.
            Quando fazemos coisas que temos que assumir as consequências, não temos o poio e nem o consentimento de Deus.


Errar é humano?
Cristo, o Filho de Deus se fez semelhante aos homens (Fp. 2:7) para nos provar que errar não é humano, pois este viveu mesmo como homem uma vida santa e agradável ao Pai (1 Pe. 2:22). O pecado não é uma composição do homem e nem uma “escolha”, o pecado é uma “decisão”.

Explicarei do modo de Cristo, com uma parábola:

Um senhor pega um voo para um país muito distante e terá que passar horas no avião. Na hora de fazer sua primeira refeição ele chama a aeromoça e diz: Olá, qual a opção para almoço? Essa por sua vez responde: Sim ou não!
Ele esperava ter uma escolha, mas na verdade ele só tinha que tomar uma decisão.

A confusão que existe na igreja atual da natureza pecaminosa com a livre arbitragem é que nos faz pensar na vontade permissa de Deus e dividir com Ele um pouco da devastação que nós estamos causando a todo ser vivente.


Deus é Soberano
           Soberania não é uma propriedade da natureza divina, mas uma prerrogativa oriunda das perfeições do Ser Supremo. Se Deus é Espírito, e, portanto uma pessoa infinita, eterna e imutável em suas perfeições, o Criador e Preservador do universo, a soberania absoluta é um direito seu.

     
    “Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazer?” (Dn 4.35).

  
       “Tua, Senhor, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra” (1Cr 29.11).


         “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”(Sl 24.1).

            Portanto, a soberania de Deus é universal, ela se estende sobre todas as suas criaturas, das mais elevadas às mais inferiores, ela é absoluta, não se podem por limites à sua autoridade, ela é imutável, não pode ser ignorada nem rejeitada.


Diferença entre Soberania e Controle
            Deus cria todas as coisas porque que é soberano, e por seus atributos de onipotência, onisciência e onipresença, e cria seres humanos com características próprias de seres humanos, para finalidade de que tenham o controle em tudo que foi entregue no jardim.


Gênesis 1.26-30:
  •           V.26: “...e domine sobre...” - Literalmente é Domine eles.
  •          V.27: “...à imagem de Deus o criou..”  - Se refere ao domínio do homem sobre a terra, assemelhando-se ao seu Criador, nos atributos de inteligência e de domínio expressam a mesma qualidade, ou seja, a capacidade criativa do homem.
  •          V.28: “...e sujeitai-a; e dominai sobre...” - Ela não deve dominar o homem.
  •          V.29: “...tenho dado toda a erva...”, “...que está sobre a face de toda a terra...”  - Não há restrições sobre essas coisas.
  •          V.30: “E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus...” – Foi dado tudo para domínio.



Deus não cria o homem e mulher para ser controlado, mas para controlar!
            Se relacionarmos a soberania de Deus com o domínio de Deus sobre as coisas e os homens podemos cair no Determinismo, é a teoria de que toda ação humana é inteiramente causada por eventos anteriores, e não pelo exercício da vontade (decisão).
            Se você esta dirigindo um carro, esta no controle dele, Deus esta acima, ele é soberano, sobre os freios, sobre as rodas, até mesmo sobre a pista molhada, mesmo você no controle não tem poder soberano sobre o carro, se o freio falhar você não tem como parar, mas Deus é soberano e pode parar o carro, porque Ele esta acima de você.
            Portanto, sem tirar de Deus a autoridade no mundo, afirmando aqui sua soberania, definimos que Deus não esta no controle da história do mundo, porque designou esta tarefa ao homem, Deus esta no controle da história da Salvação, e interfere todas as histórias paralelas, para impedir que a história da Salvação corra risco de continuidade, ou seja, Deus se responsabiliza pela história da Salvação, Deus não esta aqui no mundo para fazer um país mais justo, Deus esta aqui para Salvar, quem esta aqui no mundo para fazer um pais mais justo somos nós, para que haja mais pessoas no caminho da Salvação.


O Determinismo Atual
            Com o passar do tempo, as coisas e até mesmo as teorias sofrem evolução, “Determinismo Atual” é a definição da situação em que a religião cristã esta vivendo aqui na América Latina.
             Determinismo afirma que não há possibilidade de suas vidas tomarem um rumo diferente, e todos os atos, os eventos e as decisões são resultado inevitável de alguma condição ou decisão anterior a eles que é independente da vontade humana, porque é determinado pelo próprio Deus.

            Então chegamos a uma conclusão: Se está determinado, então há uma permissão de Deus para que as coisas aconteçam

      •          Deus permite que as pessoas passem fome?
      •          Deus permite que crianças sejam estupradas?
      •          Deus permite que o homem mate o outro?
      •          Deus permite que pessoas adoeçam?
      •          Deus permite que os Políticos roubem?
      •          Deus permite que a África seja o país da miséria?


            A partir dessa ideia nascem respostas sem lógica para qualquer acontecimento, tanto na vida de cada um, como no mundo.

      •          Foi Deus quem permitiu.
      •          Seja o que Deus quiser.
      •          Há uma permissão de Deus nisso.
      •          Deus permitiu então algum propósito Ele tem.


Não há propósito de Deus fora de suas Escrituras!!!
            Então, diga para um Pai de uma criança de 7 anos de idade que a filha dela foi estuprada porque Deus permitiu. Diga para uma mãe que o filho dela morreu aos 10 anos por uma bala perdida, que foi Deus quem permitiu. Diga para as famílias Africanas que elas não têm o que comer porque Deus permitiu. Diga para um Pai desempregado que não tem o que dar de comer para seu filho, que a causa é a permissão de Deus. Diga para a filha que a mãe dela morreu de câncer porque Deus permitiu.
            Não queremos dizer aqui que Deus não interfira, Lembre-se Ele é Soberano. Dizer que Deus permite é isentar ou tirar dos homens sua responsabilidade, por isso chegamos a este evangelho medíocre que esta sendo pregado na igreja no século XXI, tenho que concordar com o livro de Rob Bell & Don Golden, titulado “Jesus quer Salvar os Cristãos”, publicado pela editora Vida.
            Eugene H. Peterson na Bíblia “A Mensagem” em Tiago 1.13-15 diz:
“Ninguém que esteja passando por lutas pode ter a cara de pau de dizer: “É Deus que está me tentando.” Deus não tem nada a ver com isso, e ele nunca põe o mal no caminho de ninguém. Ceder à tentação é decisão nossa. Culpar Deus é malandragem!”.
            Lembre-se que Cristo nos incentiva aqui a orar para que as pessoas obedeçam aos mandamentos divinos do arrependimento do pecado e da fé em Cristo como Salvador.
            Mateus 6.9-13, Cristo diz:
·         “...seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” – Se Cristo pede para que a vontade de Deus seja feita, é porque ela não esta sendo feita.

Mateus 7:21, diz:

·         “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”

Ou nós fazemos a vontade de Deus, que provavelmente não esta sendo feita, ou nós não fazemos e caímos no determinismo atual, que diz “foi permissão de Deus”.


Conclusão
Existe vontade Permissiva de Deus?
Resposta: Não, o que existe atualmente é uma notória ausência de discernimento da pessoa de Deus e a responsabilidade do homem manifesta mutuamente na pessoa Cristo Jesus.



Bibliografia

BELL, Rob. Jesus quer Salvar os Cristãos. São Paulo, SP, Editora Vida, 2009.
CAVALCANTI, Robinson. Cristianismo e Política; teoria bíblica e prática histórica. Viçosa, Ultimato, 2002.
CRAIG, William L. Apologética para questões difíceis da vida. São Paulo: Vida Nova, 2010, tradução Heber Carlos de Campos.
GONDIM, Ricardo. O que os evangélicos (não) falam: dos negócios à graça, do desencanto à esperança. Viçosa, MG, Ultimato, 2006.
HARRIS, R. Laird. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo, SP. Vida Nova, 1998.
HODGE, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo, SP, Hagnos, 2001.
McGRATH, Alister E. Teologia Sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã. São Paulo, SP, Sheed Publicações, 2005.
NICODEMUS, Augustus. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo, SP, Mundo Cristão, 2011.
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em crise. São Paulo, SP, 4 edição, Mundo Cristão, 1999.



Sobre os autores:
Rodrigo Moraes
Bacharelado em Teologia - UMESP - Universidade Metodista; Gestão de Projetos - Universidade Mogi das Cruzes; Pós-Graduação em Teologia & Missão - FLAM - Faculdade Latino Americana de Teologia Integral (Cursando).


Tiago Amorim
Bacharelado em Teologia - UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie; Bacharelado em Filosofia - CEUCLAR - Universidade Claretiano; Pós-Graduação em Teologia & Missão - FLAM - Faculdade Latino Americana de Teologia Integral (Cursando).


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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A igreja foi um plano de Deus?





Por Fabrício Leonardo de Souza*

Jesus disse que “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24). Isso se aplica perfeitamente aos primórdios da história do cristianismo, pois os três primeiros séculos dessa história foram a época da semeadura, e a semente caiu por terra e morreu. Por mais de 200 anos, a igreja viveu sob a opressão do Império Romano, “escondida na terra”, oprimida, martirizada. Foram três séculos de luta renhida entre o politeísmo dominante no mundo e o monoteísmo de tradição judaica que o cristianismo defendia. A história da igreja é, nesse sentido, um assunto de enorme relevância para todo aquele que deseja estar informado sobre sua herança espiritual para imitar os bons exemplos do passado, e evitar os erros que a igreja tem cometido ao longo de sua existência.

A igreja nos planos de Deus

A origem da igreja é um tema efetivamente complexo, entretanto, podemos facilmente refletir sobre dois períodos distintos:

 1. O momento do projeto da igreja: nessa primeira fase, podemos afirmar que a igreja sempre existiu no eterno propósito de Deus. Ela já existia antes da fundação do mundo, pois estava determinada por Ele desde a eternidade.

 2. O momento da execução da igreja: nessa segunda fase, a igreja, que antes era desconhecida dos homens, tornou-se manifesta em Cristo. Ela, que era um projeto de Deus na plenitude dos tempos, veio a ser conhecida por meio do ministério terreno de Jesus Cristo. Por tudo o que fez e ensinou, Cristo é mais o fundamento do que o fundador da igreja, fato evidente pelo uso do tempo futuro que está mencionado em Mateus 16.18, que diz: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Em uma ordem lógica, evidenciada pelas Escrituras, sem diminuir as pessoas da Trindade, podemos dizer que Deus Pai é o criador e arquiteto da Igreja; Jesus Cristo é a figura que materializa e o Espírito Santo a edifica. Paulo, ao escrever aos Efésios, afirmou:

“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.25-27).

Com essa e outras passagens, a Bíblia mostra que Deus planejou a Igreja, Cristo deu sua vida por ela, seu corpo, e o Espírito Santo foi enviado para dar poder à igreja para cumprir sua missão de testemunhar Cristo em toda a parte da Terra (Jo 14.16-17; At 1.8) e chamar os pecadores para a comunhão nesta nova sociedade que Ele está edificando, guiando e preservando para a eternidade.

Independentemente da data que viermos a estabelecer para o nascimento da nova associação, seja na ocasião da grande confissão de Pedro em Cesaréia de Felipe, seja na noite da ressurreição do Senhor, há poucas dúvidas de que, depois do Pentecostes, os 12 apóstolos estavam conscientes de sua missão como propagadores do Evangelho. Apesar de ter iniciado sua história com um reduzido número de pessoas, a igreja contou com a influência do Espírito Santo desde sua fundação. Isso estava de acordo com a promessa de nosso Senhor Jesus Cristo, quando, nas últimas semanas de Sua vida, prometeu enviar “outro Consolador” que lideraria a igreja após sua ascensão.

Judeus de todas as partes do mundo estavam presentes em Jerusalém para participar da Festa de Pentecostes, evento que se tornou um marco na vida dos primeiros seguidores de Cristo e no qual os discípulos foram agraciados pelo Espírito Santo (At 2.5-11). A manifestação sobrenatural do poder divino no conhecimento repentino de línguas, claramente evidenciou uma nova etapa para a igreja. Todos os membros da recém-formada igreja eram judeus, e, inicialmente, nenhum desses membros, bem como nenhum dos integrantes da companhia apostólica, aceitava que algum gentio fosse admitido como membro da igreja. Para tanto, o gentio teria que se tornar judeu, e somente então seria aceito no circulo cristão. Esse tipo de situação perdurou até que Deus levantou o Apóstolo Paulo para corrigir tal atitude, deixando evidente a igualdade entre todos os servos de Jesus Cristo.


*Sobre o autor: 
Fabrício Leonardo de Souza. Membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus São Lourenço - MG; Ministro do Evangelho; Formado em Missiologia pelo CIM (Centro Internacional de Missões) e estudante de Teologia pela Uninter (Centro Universitário Internacional).


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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Existe um sistema de governo eclesiástico normativo para igreja?





Luís Roberto de Souza*

Não existe na bíblia um modelo de governo eclesiástico como um padrão doutrinário que invariavelmente deva ser seguido pela igreja hoje.

São três modelos de administração praticados pelas igrejas cristãs:

·         Congregacional.
·          Episcopal.
·         Presbiteriano.

Estes Métodos são adotados por cada denominação mais em função de fatores históricos culturais do que por argumentos bíblicos, visto que qualquer um dos sistemas encontra apoio nas escrituras não importando a priori qual é o modelo adotado pela denominação, mas sim a maneira com que aqueles que estão incumbidos de governar o façam balizados pela palavra de Deus.

Existe uma orientação bíblica que é um dos pilares que sustentam o governo eclesiástico enquadrado na vontade de Deus e consequentemente um sistema de sucesso.

mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1 Timóteo 4.12,13).

 Um governo eclesiástico de sucesso é acima de tudo realizado com a didática do exemplo.

O objetivo deste artigo é fazer breves observações de fatores favoráveis a cada modelo de governo e também apontar onde os mesmos apresentam vulnerabilidades Em nenhum momento existe a pretensão de indicar qualquer um dos referidos sistemas como um modelo apostólico que deva ser praticado pela igreja.

 O SISTEMA CONGREGACIONAL.
É o sistema de governo onde as decisões não são centralizadas em uma única pessoa. As decisões administrativas e disciplinares são tomadas a partir de votação por meio de assembleia onde todo membro em situação legal está apto a votar e a ser ouvido. Assuntos de ordem doutrinária não passam pelo crivo da congregação, geralmente são definidos por convenções da denominação e repassados por meio de documentos instrutivos.

Para Champlin o termo Congregacionalismo “aplica-se a qualquer grupo religioso autônomo em todas as questões eclesiásticas, e que usualmente toma decisões mediante o voto democrático [grifo meu]” (R.N. Champlin, 2011 pág 852).

Portanto a autonomia e a democracia são os principais pontos favoráveis a este sistema que  serão  salientados neste breve artigo.

Pontos favoráveis ao congregacionalismo.
A rapidez e a transparência que as decisões são tomadas nas congregações dão ao membro a tranquilidade de poder identificar os rumos que a igreja toma no que diz respeito a questões finaceiras, um exemplo conhecido por todos leitores da biblia é o primeiro impasse de cunho financeiro vivido pela igreja narrado no livro de Atos dos apóstolos, capítulo 6 versículos de 01 a 04 onde pode ser visto claramente a disposição dos apóstolos em dar para congregação o poder de decisão como o texto indica.

Naqueles dias, crescendo o número de discípulos, os judeus de fala grega entre eles queixaram-se dos judeus de fala hebraica, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento. Por isso os Doze reuniram todos os discípulos e disseram:

"Não é certo negligenciarmos o ministério da palavra de Deus, a fim de servir às mesas. Irmãos, escolham entre vocês sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria. Passaremos a eles essa tarefa e nos dedicaremos à oração e ao ministério da palavra"
(Atos 6.1-4).

É notório no decorrer da narrativa de Lucas que a decisão tomada pela congregação foi acertada, isso pode ser comprovado no decorrer do livro com os ministérios de Estevão e de Felipe.

Do ponto de vista disciplinar também é encontrado na bíblia sagrada que o entendimento dos apóstolos sobre a possibilidade da congregação aplicar punição a um irmão desobediente na primeira carta aos coríntios como segue o texto:

“Por toda parte se ouve que há imoralidade entre vocês, imoralidade que não ocorre nem entre os pagãos, a ponto de alguém de vocês possuir a mulher de seu pai. E vocês estão orgulhosos! Não deviam, porém, estar cheios de tristeza e expulsar da comunhão aquele que fez isso? Apesar de eu não estar presente fisicamente, estou com vocês em espírito. E já condenei aquele que fez isso, como se estivesse presente. Quando vocês estiverem reunidos em nome de nosso Senhor Jesus, estando eu com vocês em espírito, estando presente também o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, entreguem esse homem a Satanás, para que o corpo seja destruído, e seu espírito seja salvo no dia do Senhor. O orgulho de vocês não é bom. Vocês não sabem que um pouco de fermento faz toda a massa ficar fermentada? Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado” (1 Coríntios 5.1-7).

O texto referido é uma otima alusão apostólica á pratica congregacional  no sentido de aplicar a disciplina a um irmão faltoso visto que a punição causou ao rebelde a oportunidade de arrependimento , o seu retorno ao meio eclesiástico pode ser percebido na segunda carta do mesmo apóstolo a igreja de coríntios conforme relata o trecho de 2 Coríntios 2.6-10.

Uma igreja de governo congregacional ganha em dinamismo administrativo que propicia aos membros ampla consciência de seu valor como contribuinte. Num país onde a cultura é democrática este sistema encontrará apoio com mais facilidade.

Pelos fatos biblicos citados é possivel apoiar a prática do congregacionalismo na igreja sem fugir do padrão bíblico uma vez que os própios apóstolos incentivaram estas práticas.

Pontos desfavoráveis do congregacionalismo.
A democracia como todo sistema de governo não traz consigo a perfeição, infelizmente com a igreja de Cristo este modelo de governo acarreta fatores negativos diversos porém quero citar apenas dois fatores.

Como primeiro fator negativo do congregacionalismo vou citar o partidarismo.
Pode ocorrer nestas igrejas a formação de grupos que tendem a de maneira informal a governar a igreja de acordo com o que julgarem correto sem levar em conta a opinião dos demais membros. Isso pode gerar divisões do ponto de vista doutrinário como o problema tratado por Paulo na igreja de Corinto onde havia um grupo de irmãos que eram favoráveis a Paulo outros a Apolo como registrado em 1 Coríntios 3.1,5.

O partidarismo difuculta a direção do rebanho de Deus que deve ser feita pelo pastor e não por um grupo ou familia, no contexto bíblico questões doutrinárias competem aos pastores, aos anciãos etc e nunca a um grupo por mais tradicional ou antigo que seja naquela congregação.

A formação de grupos liderados por famílias tradicionais neste contexto dificulta não somente a boa administração do patrimônio da igreja bem como seu crescimento também é prejudicado.

O segundo ponto negativo é a possibilidade que pode haver  de um voto não ser imparcial quando questões disciplinares estão sendo tratadas. O fato de um membro poder votar pela punição de um irmão imputa a quem vota grande responsabilidade em votar de acordo com a Palavra e não pode se deixar levar por questões pessoais como amizade ou a falta dela. Um fator agravante é que um neófito terá que decidir sobre casos que pode não ter conhecimento bílbico para ponderar daí vemos a necessidade de muito discipulado que deve anteceder o batismo e um período indeterminado até que haja  sinais de amadurecimento no novo cristão.

Considerando o crivo bíblico que o sistema congregacional possui e levando em conta os pontos favoráveis e desfavoráveis aqui expostos é possível afirmar o que foi dito no inicio do artigo que a maneira de se governar não é o fator decisivo para o sucesso de uma congregação e sim a parametrização bíblica por parte de quem exerce o governo, no caso em discussão a congregação deve ter por meta o entendimento acerca do plano de Deus para igreja, da obra que Deus preparou para ela e tenha a mesma visão do apóstolo Paulo ao orar pela igreja de Deus.

“E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, ele, por meio do seu Espírito, dê a vocês poder para que sejam espiritualmente fortes. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no coração de vocês. E oro para que vocês tenham raízes e alicerces no amor, para que assim, junto com todo o povo de Deus, vocês possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade.” (Efésios 3.16,18 - NTLH).


Parte 2. O sistema Episcopal.
É o sistema governamental onde as decisões admnistrativas são centralizadas um uma única pessoa, o Bispo, porém a ausência deste título não descarcteriza um sistema já que sua principal característica não é a presença de um bispo mas sim  a centralização nas decisões que podem ser tomadas por um Pastor Presidente.


Outro fato relevante é que este sistema não é peculiar a igreja protestante, pois a igreja Católica Romana ao longo de sua história adotou este modelo administrativo, a partir da Reforma a igreja protestante entrou em um processo de rompimento com o episcopado como observa Champlin:

“Na época da Reforma Protestante, a forma episcopal de governo foi repudiada. Antes de tudo por causa dos abusos e corrupções que tinham entrado na mesma; e em segundo lugar porque os  reformadores julgaram que as evidências neotestamentárias em favor desse tipo de governo não são convincentes.”  (R.N. Champlin, 2011 pág 406).

O rompimento com o episcopado não foi total já que no decorrer do tempo igrejas de tradição histórica como  a Igreja Anglicana  e Metodista até hoje têm no episcopado seu sistema eclesiástico de governo.

As Raizes bíblicas  do episcopado são muitas no novo Testamento um texto que mostra a autoridade de um líder que escolhia, treinava e instiuía a liderança na igreja do primeiro séculos eram os apóstolos, como o caso de Paulo ao lembrar a Tito sobre uma decisão tomada ao que parece com autoridade episcopal: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei” (Tito 1.5).

A autoridade de um bispo na igreja do primeiro século era diferente dos dias de hoje, visto que o período era conturbado e de mudanças e os bispos tinham papel fundamental no auxilio aos apóstolos nas tomadas de decisões em questões doutrinárias um fato que coaduna com essa afirmação é que os próprios apóstolos de autodenominavam bispos: “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar’’ (1 Pedro 5.1).

Pontos favoráveis ao Governo Epsicopal .
Sem dúvida a rapidez nas tomadas decisão é o ponto mais profícuo do governo episcopal.

Quanto ao bispo pressupõe-se que seja um cristão maduro, preparado espiritual e teológicamente e que contanto esteja apto a julgar situações administrativas, disciplinares ou normativas tudo sob a luz da palavra como descreve a norma dada por Paulo a Timóteo em sua primeira carta:

“Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus? ); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.” (1 Timóteo 3:1-7).

As Decisões do bispo dão dinamismo e um problema pode ser sanado antes que resultem em maiores consequências  e danos para igreja sejam eles de ordem material ou espiritual.

Por exemplo o caso de um pastor que porventura esteja agindo em desacordo com a declaração de fé da denominação pode ser substituído sem dificuldades, preservando com isso a identidade denominacional. Questões de cunho financeiro que invariavelmente causam discussões quando tratadas por um grupo de pessoas no governo espiscopal são decididas sem desgaste.

Pontos desfavoráveis ao Sistema Episcopal.
Em busca dos objetivos desta breve reflexão adiante estou apontando  adiante alguns pontos que são considerados  vulneráveis neste sistema.

Como já exposto  no Sistema Espiscopal o poder é concentrado, esta particularidade gera inevitávelmente o partidarismo por parte de liderados que podem vir a se beneficiar com determinado lider no poder, infelizmente isso gera um comportamento de conivência dos subalternos em relação ao líder.

Outra vulnerabilidade do meio Episcopal está no fato que não existe uma norma bíblica que limite o tempo de governo de um lider, ou seja quase sempre no meio evangélico o topo do poder acaba por ser ocupado por alguém por anos e até décadas, e ainda existem casos em denominações tradicionais o posto passa de pai para filho como se fosse uma dinastia, este é um ponto sensível de discussão visto que na bíblia, não há argumento neotestamentário que possa fundamentar a sucessão familiar no governo da igreja, como sugere o apóstolo Paulo na sua carta a igreja de Éfeso quem levanta um líder para exercer governo é o Cristo de maneira soberana, não havendo menção de que isso esteja delegado a alguma família em especial: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” (Efésios 4:11,12).

A percepção sobre os fatores acima expostos dá ao cristão que vive este modelo de governo e a pessoa que está incumbida de governar é que ambos precisam viver esta realidade nos parâmetros bíblicos. Se por um lado a bíblia exorta os cristãos a serem obedientes à sua liderança, por outro ela é enfática em parametrizar a maneira como o governante deve proceder. Não por acaso o escritor da carta aos Hebreus se referiu à Biblia santa, perfeita e sem erros como:

Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (Hebreus 4.12,13).

Parte 3: O Governo Presbiteriano.
O sistema de governo Presbiteriano pode ser definido como governo representativo, neste contexto a igreja possui um grupo de presbíteros que governa uma congregação em um mandato limitado. Esta igreja está subordinada a um Presbitério regional e este por sua vez responderá a sínodos superiores até uma instancia máxima: o supremo concílio.

O grupo de presbíteros que governa a igreja local se divide em presbíteros docentes e regentes, o primeiro se dedica a ensinar a igreja e os demais a administrar a igreja nas questões administrativas e eclesiásticas.

O presbiterianismo talvez seja o modelo de governo eclesiástico que mais possua raízes neotestamentária, pois as alusões ao presbiterianismo encontram apoio com maior frequência (Atos 14.23, Atos 15 e Tito 1.5).

Pontos favoráveis ao Presbiterianismo
O sistema presbiteriano consegue coadunar duas características de extrema importância: a deliberação nas decisões e a capacidade de quem decide.

As decisões que são tomadas partem de pessoas qualificadas teológica e espiritualmente. Como fator favorável ainda existe o fator da deliberação que há antes da decisão ser oficializada diminuindo o risco de serem tomadas decisões equivocadas ou precipitadas, já que quanto mais pessoas e quanto maior a qualificação destas o risco de erro diminui proporcionalmente.
Um exemplo bíblico de deliberação acerca de assuntos eclesiásticos é encontrado no fato que é conhecido como primeiro concílio da igreja registrado no livro de Atos dos Apóstolos onde claramente a decisão é tomada por um colegiado formado por líderes (entre eles os presbíteros, conforme Atos 15.2; 4.23).

Pontos Desfavoráveis ao Presbiterianismo:
Nem sempre no Presbiterianismo as decisões são tomadas de maneira ágil. Alguns fatores podem colaborar para delongamento das mesmas.

Pelo fato do presbitério ser formado por pessoas que teoricamente são formadores de opinião podem surgir impasses mais em função de questões pessoais do que teológicas ou administrativas.

Outro fator desfavorável que pode ocorrer neste sistema é o surgimento do desinteresse de alguns membros para com os assuntos administrativos da igreja.



*Sobre o autor:

Luís Roberto de Souza
Casado, 37 anos, Técnico em Eletrotécnica, graduando em Tecnologia de Construção de Edifícios, possui curso básico em teologia, estuda teologia de maneira autodidata, é cristão Batista de tradição histórica. Administrador do Grupo de Estudos "Teologia com Propósitos". Co-Editor do Blog. Escreve semanalmente sobre o tema: “Teologia Paulina”. Contato: robertoluissouza78@gmail.com


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