Mostrando postagens com marcador Teoria do Intervalo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Teoria do Intervalo. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

No princípio criou Deus... Com intervalo ou sem? [Parte 2 de 2]





A Terra terá mesmo bilhões de anos? Houve um mundo pré-adâmico que fora destruído por um cataclismo tão intenso que deixou a Terra sem forma e vazia? Conheça a Teoria do Intervalo e a crença de dias não literais e comuns na narrativa de Gênesis 1.
----------------------------------------------------------------------------
Para ler a parte 1 deste artigo, clique aqui.



Agora vamos analisar se há base bíblica para defender dias não literais ou diferentes em tempo dos nossos atuais e, ainda, base para um intervalo onde houvera muitos bilhões de anos onde todo um mundo pré-adâmico foi sucumbido diante da rebelião de seu governante. Partiremos, primeiramente, dos argumentos bíblicos que defendem os dias como sendo literais e de 24 horas (os argumentos foram extraídos original e parcialmente da obra “Criacionismo: Verdade ou Mito” (Ham, 2003) do Dr. Ken Ham e citados aqui de forma indireta e acrescidos de comentários meus):


1)          O uso do termo hebraico yom traduzido como dia: O termo utilizado em Gênesis capítulo 1 para “dia” é yom. Na maioria das vezes que o termo é usado no Antigo Testamento refere-se ao dia comum, de 24 horas. Quando se tratava de um período longo ou indefinido utilizavam os termos hebraicos olam ou qedem. Por que apenas o livro de Gênesis seria a única exceção e não seriam dias comuns e, sim alegóricos ou representariam eras?


2)          O contexto de Gênesis reafirma o argumento 1: O próprio contexto de Gênesis e o uso de expressões como “noite e manhã”, “primeiro dia, segundo dia, terceiro dia”, o ciclo de luz/trevas, a associação do dia com os corpos celestiais (v. 14) apontam para dias literais e normais e reafirmam que o termo yom foi utilizado com o objetivo do argumento apresentado anteriormente.


3)          O registro das genealogias dos capítulos 5 e 11: As genealogias de Gênesis não nos revela, apenas, o quanto longevo eram os homens e mulheres do período pré-diluviano. Elas vão muito além revelando-nos que os anos entre a Criação e nossa época não são de bilhões de anos, mas apenas de poucos milhares (aprox. 6.000 anos).

4)          A instituição da guarda do sábado aos judeus: Ao meditarmos em Êxodo 20.9-11 observamos que ao instituir a guarda do sábado ao povo de Israel, Moisés ratifica que os dias da obra criativa de Deus em Gênesis eram dias comuns e normais. Assim diz o texto em apreço: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou” [grifo nosso]. No original hebraico, Moisés utilizou o termo yom tanto para referir aos dias normais que os israelitas deveriam trabalhar quanto para os dias que Deus utilizou-se para concluir sua Criação. Mais uma vez, Moisés poderia ter se utilizado dos termos olam e qedem para os dias da Criação a fim de defini-los como longos períodos e diferentes dos dias normais, mas não o fez.


5)          Jesus ensina sobre a idade da terra como sendo jovem: Jesus em alguns de seus discursos dava-nos indícios de como a idade da terra calcula-se em milhares de anos, ao invés de bilhões como afirmam os cientistas. Em Marcos 10.6 diz: “porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea”, com isso Jesus nos aponta que ainda no princípio de tudo (Gn 1.1) Deus fez o homem e a mulher, ou seja, não houve nenhum intervalo longo entre o princípio e o sexto dia da Criação, mas apenas um breve intervalo. Já em Lucas 11.50-51 consta: “para que desta geração seja requerido o sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos digo, será requerido desta geração”, mais uma vez Jesus nos indica que entre a fundação e a morte de Abel havia um pequeno intervalo de tempo, considerando o assassínio de Abel como um evento próximo a fundação do mundo.


6)          O ensino da Bíblia sobre pecado, morte, redenção e caráter de Deus: Ao acreditar que a Terra tem bilhões de anos e houve um intervalo de período desconhecido ou ainda que os seis dias da Criação foram períodos ou eras longas, ao invés de dias normais e literais, nós ferimos todo o princípio que a Bíblia nos ensina sobre o caráter de Deus, o pecado, a morte e a redenção. Ao concluir sua Criação no sexto dia, Deus a contempla e chama tudo de “muito bom” (Gn 1.31). Deus criou tudo perfeito, belo e maravilhoso. Originalmente, tanto o homem quanto os animais tinham uma alimentação vegetariana apenas (Gn 1.29,30) e não havia derramamento de sangue e morte. Diante da astuta cilada da serpente, Adão e Eva acabaram por ceder ao pecado e, consequentemente, lhes sobreveio a morte física, a maldição do próprio solo. Paulo bem nos explica ao escrever aos nossos irmãos de Roma que toda a criação geme e está à espera da redenção final, quando veremos a restauração de todas as coisas (Rm 8.19-25). Com essa história aprendemos que a morte, a violência, a fome e todas as coisas ruins entraram no mundo em decorrência do pecado da desobediência. Ao aceitar as teorias de bilhões de anos, somos forçados a acreditar que todas essas camadas de fósseis descrevendo mortes, sofrimento, violência ocorreram antes de o pecado entrar no mundo, contradizendo o ensinamento bíblico. Além de descrever o caráter de Deus, diferente do restante das Sagradas Escrituras, onde um Deus utiliza-se da morte, da doença, a extinção para causar dano à sua Criação e, ainda assim, a chama de “muito bom”. Então por que precisaríamos que o nosso pecado fosse expiado na cruz por Cristo, se Deus permite todas as coisas ruins, mesmo que não tenha havido pecado? Ou ainda, se pensarmos que Deus permitiu essas mortes em decorrência da rebelião de Lúcifer, então teríamos um Deus injusto que puniu seres alheios ao pecado, ao invés do seu causador. No Dilúvio de Noé, Deus puniu os homens pelos seus pecados, mas preocupou-se em guardar os animais na Arca.

7)          A Teoria do Intervalo abole a evidência do evento histórico do dilúvio global: Segundo estes teoristas, a formação dos fósseis foi em decorrência do Dilúvio de Lúcifer ocorrido no período longo e indeterminado entre Gn 1.1 e 1.2. Contudo, se ele é o responsável pelos fósseis que evidência restou do Dilúvio de Noé? Eles acreditam que o segundo Dilúvio praticamente não deixou vestígios, pois se tratou apenas de um Dilúvio local. Mas esta teoria é inconsistente se analisarmos a luz de 2 Pe 3.5-7: “Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; pelas coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos homens ímpios”. O texto bíblico é claro ao comparar que o Dia do Juízo será semelhante ao Dilúvio, todos serão julgados e receberão sua recompensa, conforme sua vida de piedade ou impiedade. Se acreditarmos que o Dilúvio de Noé foi apenas local, devemos acreditar que no Juízo Final apenas uma parte será punida e outra não. Além de pensarmos o porquê Deus ordenaria a Noé construir uma arca para salvar a ele, sua família e os animais se o Dilúvio seria local? Bastaria, para tanto, que Deus indicasse a Noé em qual local não choveria e transportar para lá os animais.

Irmãos, ainda haveria outros argumentos que mostram a inconsistência da Teoria do Intervalo, mas creio que os elencados aqui já sejam suficientes no momento. Para um estudo mais aprofundado indico o livro “Criacionismo: Verdade ou Mito?” do Dr. Ken Ham, publicado pela CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus). Espero que esse pequeno artigo, seja um fator motivador para aprofundar-se nesta área do conhecimento teológico. E desejo que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.



Sobre o autor:
Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto. Escreve quinzenalmente neste Blog sobre o tema: "Profetas Menores".


Permissões:
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.


Referências:
HAM, Ken. “Criacionismo: verdade ou  mito?”. Editora CPAD, 2013.


quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

No princípio criou Deus... Com intervalo ou sem? [Parte 1 de 2]




A Terra terá mesmo bilhões de anos? Houve um mundo pré-adâmico que fora destruído por um cataclismo tão intenso que deixou a Terra sem forma e vazia? Conheça a Teoria do Intervalo e a crença de dias não literais e comuns na narrativa de Gênesis 1.



Gênesis 1.1-2
1 No princípio, criou Deus os céus e a terra.
2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.



Gênesis é um dos meus livros da Bíblia preferidos, sem esse precioso escrito, não poderíamos responder a perguntas básicas: Quem nós somos? Quem nos criou e por que viemos à vida? Quais os planos desse Criador para conosco?

 Moisés, utilizando-se de três formas de recuperação histórica (tradição oral, documentos preservados e a inspiração do Espírito Santo) recebeu a incumbência de Deus de registrar o princípio de tudo: a origem dos céus e da Terra, do homem, do pecado, do juízo, do plano de redenção, do povo de Israel (Êx 17.14; 34.27; Dt 31.9). O nome do próprio livro já nos fornece forte indício de seu objetivo, em hebraico bereshit, que significa “Princípio”. O nome Gênesis deriva da forma grega utilizada na primeira vez na Septuaginta.

Hoje em dia, há uma controvérsia muito grande quanto à idade da Terra em decorrência de “fatos científicos” que apresentam bilhões de anos em escala evolutiva, gradual e lenta. Até o século XVIII poucos ousavam interpretar o texto de Gênesis diferentemente do que indica o próprio texto, contudo diante das descobertas científicas muitos teólogos e estudiosos começaram a modificar a interpretação do texto com o objetivo de adequar-se às novas realidades. Argumentos de dias da Criação não serem dias literais e comuns (24 horas) e a Teoria do Intervalo, Ruína e Reconstrução começaram a ter cada vez mais espaço no meio evangélico. Cabe destacar aqui, que a maioria dos pais da Igreja, principalmente até o século IV d.C entendiam que os seis dias da Criação eram dias literais e não meramente alegóricos.

A chamada Teoria do Intervalo consiste em acreditar que entre os versículos 1 e 2 do primeiro capítulo de Gênesis houve um período de tempo longo e desconhecido em que houve um mundo pré-adâmico habitado e perfeito, governado pelo próprio Lúcifer, enquanto ainda gozava dos privilégios angelicais e, anteriormente a sua queda. Ensinam que esse mundo fora destruído por Deus em decorrência da rebelião liderada por Lúcifer, que foi o responsável pelo juízo divino vindo sob sua Criação perfeita em forma de um dilúvio global e devastador, o que explicaria o fato da terra ser apresentada no versículo 2 como sendo “sem forma e vazia” e que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Uma das maiores referências a essa Teoria é o pastor Finis Jennings Dake, que assim descreve o chamado por ele de Dilúvio de Lúcifer:

Esse dilúvio foi mais devastador e durou muito mais tempo do que o dilúvio de Noé, pois destruiu também a vegetação (Gn 2.5,6; Jr 4.23-26), enquanto um ano e 17 dias do dilúvio de Noé não o fizeram (Gn 8.11,22; 9.3). Não existe conflito entre a ciência e a Bíblia. Entretanto, descobertas científicas reais devem ser distinguidas de meras teorias. A ciência, em especial, a geologia, ainda está na infância e o testemunho das rochas não é confiável. As afirmativas verdadeiras da Palavra de Deus também devem ser distinguidas da interpretação que o homem faz delas. Quando os homens finalmente concordarem sobre a idade da Terra, então coloque os muitos anos (acima dos históricos 6.000) entre Gn 1.1 e 1.2, e não haverá nenhum conflito entre o livro de Gênesis e a ciência (Dake, 2012).

Ora, vocês podem perguntar: que diferença faz se os dias de Gênesis foram dias literais ou não, se houve um período longo e desconhecido entre os dois primeiros versículos ou que mal há em tentar conciliar a narrativa de Gênesis às novas descobertas da ciência? O problema encontra-se no princípio basilar de interpretação bíblica: ela é infalível, inerrante e interpreta a si mesmo. É algo muito preocupante quando se começa a utilizar fontes externas à própria Bíblia para interpretá-la. Quando eu digo, que diante dos avanços científicos, o livro de Gênesis pode ser reinterpretado a fim de equalizar-se a esses avanços, estou dizendo que a sua interpretação pode variar muitas vezes, conforme a necessidade e conveniência. E isso abre precedentes para que o mesmo ocorra com outros trechos das Sagradas Escrituras, além de que isso prejudica a imagem da Palavra de Deus que deixa de ser completa, suficiente e verdadeiramente fiel. Colocamos sua credibilidade em jogo. Não é à toa que em muitos países a Bíblia já não é tida como um livro de ensino fundamental e, consequentemente, a cada dia que se passa vê-se as gerações mais afastadas de Deus. Quando houver uma divergência entre ciência e a Bíblia, a filosofia e a Bíblia, a política e a Bíblia, nunca hesite em escolher a Palavra de Deus sempre. Quem a inspirou é o Criador de tudo. Glória a Deus!


Para ler a parte 2 deste artigo, clique aqui.


Sobre o autor:
Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto. Escreve quinzenalmente neste Blog sobre o tema: "Profetas Menores".


Permissões:
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.


Referência:
DAKE, Finis Jennings. “Bíblia de Estudo Dake”. Editora Atos, 2012.