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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Famílias com propósito: refletindo a imagem de Deus


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por Davi Faria de Caires*

O homem precisa de um propósito para viver. Todo ser humano tem anseio pela eternidade, pois Deus mesmo colocou o anseio da eternidade no coração do homem (Ec 3.11). Todo homem possui um senso de divindade (Sensus Divinitatis). Todo ser humano busca coisas como verdade, amor, justiça, beleza e eternidade. Questões sobre a existência, sobre a morte e sobre o propósito da vida são assuntos que permeiam o coração e os pensamentos do homem, em todo lugar e toda época. Vivemos, contudo, em um período de crise existencial nessa geração pós-moderna, onde não há absolutos, onde há ausência de restrições, onde não existe figura de autoridade. As pessoas vivem sem rumo e sem direção. Falta um senso de propósito de vida. O espírito do nosso tempo rege que somos produtos do tempo e do acaso. Imperam em nossos dias o cientificismo, o naturalismo e o evolucionismo darwinista, que exclui Deus da vida e da existência cotidiana.
Infelizmente, muitos cristãos, absortos pelo espírito da filosofia pós-moderna, deixam-se levar por esses valores fluidos, e esquecem-se dos valores perenes e imutáveis da Palavra de Deus. Muitos sequer consultam o manual da vida para obterem respostas às suas vidas e à sua existência, contudo, continuam perguntando: ‘o que estou fazendo com a minha vida?’; ‘porque estou aqui?’; será que minha vida faz alguma diferença no mundo?’. Muitos até ascendem profissionalmente e economicamente, porém, ainda lhes falta um senso de propósito.
O Catecismo de Westminster (o Maior e o Breve) e o Catecismo puritano, e também o mais contemporâneo, Catecismo Nova Cidade, começam com a primeira pergunta:

Pergunta: Qual é o fim principal do homem?
Resposta: O fim principal do homem é glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre.
        
         Mas ainda fica a questão: como fazer isso na prática? Como glorificar a Deus? Como desfrutá-lo? Ora, temos essa questão respondida na Bíblia, no primeiro capítulo, que responde essas questões no ato da criação do homem e da mulher. Diz-se que os agentes do FBI dos Estados Unidos, para inibir a disseminação de moedas falsas, estudam minuciosamente a moeda. Porém, ao invés de estudarem todos as técnicas de notas falsas, eles estudam em profundidade as características das cédulas verdadeiras! Devemos fazer o mesmo. Não precisamos nos perder estudando toda miríade de falsas definições sobre propósitos de vida produzidos por vãs filosofias. Devemos nos ater, prioritariamente, pelo que diz a Escritura, sobre o que ela diz acerca do nosso propósito de vida. Ao estudarmos e deleitarmo-nos sobre o que diz a Escritura a nosso respeito, seremos capazes de identificar e discernir os falsos ensinos sobre nossa natureza, sobre nosso propósito e sobre a família.
         A bíblia diz, em Gênesis 1.26-28:

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.”

O trecho acima focaliza o plano original de Deus para o homem e para a família. Esse trecho é fundamental, pois estabelece o tríplice propósito para o qual Deus nos criou. Existem três propósitos nessa passagem que aponta para a família:
(1) refletir a imagem de Deus;
(2) reproduzir a imagem de Deus e
(3) representar a imagem (reino) de Deus.

Refletir a imagem de Deus
Cristo, de modo perfeito, é o primogênito de toda criação, e a imagem do Deus invisível (Cl 1.15). O homem também, no ato da criação, foi feito à imagem de Deus. O valor e a glória do homem consistem no fato de ter sido feito à imagem de Deus. Logo, o nosso universo está centrado em Deus, e não no homem. Devemos ter uma abordagem do universo em perspectiva teocêntrica e teorreferente, ao invés de uma abordagem humanista e antropocêntrica. Deus é o centro, a causa e o significado primaz do Universo, e não o homem. Isso coloca em perspectiva correta a visão sobre família. O ponto de vista e o ponto de partida é sempre Deus, e não o homem. O dever do homem é adorar a Deus (ler Salmo 29.1,2).

Plural e Singular
         Deus criou toda vida vegetal (Gn 1.11,12) e toda vida animal (Gn 1.20-25); cada um conforme a sua espécie. Ou seja, de forma criativa, Deus imprimiu características novas ao reino vegetal e ao reino animal, de acordo com suas próprias características peculiares e inerentes. O termo “conforme a sua espécie” repete-se dez vezes, quando diz respeito à vida vegetal e à vida animal. E Depois de ter criado os vegetais e os animais, Deus também criou a vida humana (Gn 1.26). E quais características Deus imprimiu na raça humana? O texto diz que o ser humano foi criado à imagem de Deus, conforme a Sua semelhança. Isso não significa que o homem seja um pequeno deus, ou parte de Deus, mas significa que ele passa a possuir atributos e caraterísticas que refletem a natureza de Deus e que nenhuma outra criatura possui – seja do reino vegetal ou do reino animal. O ser humano – o primeiro casal – foi criado à imagem e semelhança de Deus.

Trindade
         O texto usa a palavra ‘façamos’, conjugado na primeira pessoa do plural, evidenciando um ato criativo da trindade que atuou em conjunto. A pluralidade de Deus é demonstrada na criação da pluralidade do ser humano: homem e mulher. A única vez em todo o livro de Gênesis em que Deus se refere a si mesmo na primeira pessoa do plural é na criação do ser humano. Isso mostra que o relacionamento entre o homem e a mulher refletem o relacionamento divino entre as três pessoas da trindade. As três pessoas da trindade estabelecem papéis diferentes na criação e na redenção do homem. Isso é um aspecto elementar da teologia. Somente quando o homem a mulher se unem, em uma só carne, no casamento, é que estão refletindo a relação de amor do Deus triúno.

Imagem e Semelhança
O termo imagem não diz respeito à aparência física, mas sim diz respeito à esfera espiritual, intelectual e moral. Neste aspecto, o homem é diferente dos animais e dos vegetais, e semelhante à Deus. Normalmente, o termo imagem na bíblia tem o significado de ídolos, que indica algo negativo e reprovado por Deus. Mas aqui a conotação é diferente. Deus abomina o uso de ídolos, pois sua representação já é refletida no ser humano! O homem foi criado à imagem de Deus. O homem não é apenas uma representação de aspectos do ser divino; ele é a melhor e mais exata representação de Deus na terra. O homem herdou de Deus, na criação, aspectos e atributos tais como: personalidade, vontade, intelecto, espírito, emoção, memória e cognição.

Imagem como comunidade
Vemos, portanto, que há estreitas relações entre a trindade e o ser humano, quando se unem no casamento. As três pessoas da trindade são distintas, porém há somente um Deus. Existe absoluta unidade na diversidade dentro da trindade. Homem e mulher, quando se unem no casamento, são distintos. Porém, de algum modo, tornam-se uma só carne. Vemos também unidade na diversidade. São relacionamentos que se complementam. Isso é um mistério.  A criação do homem como macho e fêmea refletem a unidade da trindade, criados por um Deus triúno que se comunica, que age e que se relaciona.

Algo faltando
A única vez que ele declarou que algo não era bom na sua criação original foi depois que ele vê a solidão do homem que criara: “não é bom que o homem esteja só” (2.18). Contudo, isso não significa que havia algum pecado, alguma imperfeição ou algum erro. Não havia. Mas havia evidências de que algo estava faltando. Em outras palavras, faltava a união, a complementaridade e a intimidade entre o homem e a sua mulher. Somente depois de criar a mulher, Deus declara: “e viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (1.31). A obra está encerrada e completa somente depois da criação da mulher para complementar o homem. A frase contém dois adjetivos, que qualificam positivamente a avaliação que Deus estabelece sobre sua criação. E, depois de fazer uma companheira para o homem e estabelecer o primeiro casamento, Deus encerra sua avaliação, afirmando que era tudo “muito bom”.  E para celebrar esse ato criativo, vemos a primeira poesia na bíblia (v27):

“E criou Deus o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou.”

Proteção da imagem a dois
Vemos, portanto, que casamento é coisa séria. O casamento não foi criado pelo homem. O casamento foi estabelecido por Deus, e reflete verdades teológicas sérias e profundas. O casamento, tal como Deus o criou, entre um homem e uma mulher, refletem a magnificência da e expressam características da própria trindade. Como devemos reagir frente à esta revelação? Em termos práticos, o relacionamento entre marido e esposa deve ser protegido a qualquer custo. No casamento, dois são um. Isso é uma sombra, uma parábola de como na Trindade, três são um.
A configuração que Deus estabeleceu é bem clara: um homem e uma mulher. Essa é a estrutura elementar da criação. O que passa disso é distorção e desvio. Outras configurações e combinações não podem ser chamadas de ‘casamento’, pois o casamento é entre um homem e uma mulher.

Ataque satânico
Em Gênesis, vemos o relato de toda criação de Deus. Com o poder da sua palavra, e pelo seu ato deliberativo, pela sua própria vontade e pelo seu próprio poder, Deus criou o tempo e o espaço. Ele criou o universo, criou as estrelas, o planeta terra, as águas, o reino vegetal e o reino animal. Criou o homem e a mulher. Em Gênesis vemos o início dos povos, a entrada do pecado no mundo e o plano de Deus para redenção do seu povo (Gn 3.15).
O casamento faz parte da criação, e é um elemento fundamental da obra  de Deus. Tudo o que Deus criou era muito bom, porém, desde o início da criação, Satanás e seus demônios lutam ativamente para perverter e distorcer a obra perfeita de Deus. O diabo sempre procura atacar e desviar esse relacionamento humano estabelecido por Deus: o casamento. Nós, cristãos, devemos estar preparados para combater o bom combate e defender o próprio casamento e a instituição do matrimônio, a qualquer custo. 

Conclusão
O propósito do casamento é refletir a imagem de Deus. Portanto, Deus faz isso para a sua própria glória. Quando Deus une duas pessoas no casamento, ele não o faz pensando primeiramente nelas. Quando Deus une duas pessoas no casamento, ele está pensando em si mesmo. Lembre-se: o propósito da criação é o próprio Deus, e não o homem. A visão que devemos ter sobre o casamento deve ser teocêntrica e teorreferente; não humanista e antropocêntrica. O propósito maior de Deus para nossos casamentos não é a nossa felicidade. O propósito é bem maior que isto! O propósito primaz do casamento é refletir a glória de Deus.  O fim principal não é o prazer próprio, e sim a glória de Deus.



Davi Faria de Caires

Casado, natural de Campinas-SP e residente em Atibaia-SP, acadêmico do Master of Divinity (M.Div) pela Escola de Pastores da Primeira Igreja Batista de Atibaia-SP (EPPIBA). Membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Lar, Família e Casamento: Crise Cultural ou Espiritual?

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por Davi Faria de Caires*


"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." - Sl 127.1


Muitas são as preocupações e ocupações do ser humano. O homem sempre se preocupou com segurança, abrigo e criação da família. Esse salmo toca em três grandes preocupações do homem: construção, segurança e criação do lar, da família. A palavra 'casa' possui dois significados. Na poesia hebraica, refere-se a moradia e família.

Esse versículo pode ser dividido em duas partes. Na primeira metade ("Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam"), diz respeito aos atos de 'produzir' e 'construir'. A segunda metade ("se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela"), fala de 'guardar' e 'preservar'.

Trabalhamos para produzir e construir coisas, e também cuidamos em guardar e preservar o fruto do nosso trabalho. São apenas duas opções: (1) Deus realiza a construção e concede a segurança ou (2) Tudo é em vão. Não há terceira via! Não há outra opção. Nós trabalhamos para edificar a nossa casa e protegê-la. Porém, devemos reconhecer, sobretudo, que a prosperidade, a segurança e a fecundidade provém de Deus.

No presente século vivemos em tempos difíceis e trabalhosos (2 Tm 3). Vivemos em tempos de crise cultural em relação ao casamento e à família. O mundo contém valores que contradizem e se opõem frontalmente à palavra de Deus. O errado é tido como o certo, e o certo é tido como errado. São tempos difíceis. Provavelmente você conheça alguma família (até mesmo de cristãos) que passou por um divórcio. Como foi o impacto desse divórcio sobre essa família, e sobre os filhos? A igreja (de modo geral), poderia ter sido mais ativa na prevenção do divórcio e na restauração do casamento? De quais formas a igreja poderia ajudar? Pense nisto, antes de prosseguir na leitura deste artigo.

Há muitas verdades convivendo no dia de hoje, mas somente a Bíblia contém a primeira e última palavra sobre família e casamento.

         Definição:
De acordo com a Bíblia, casamento é uma aliança de exclusividade e fidelidade, monogâmica, vitalícia e indissolúvel entre um homem e uma mulher, selado diante de Deus (ainda que o casal não reconheça isso).

É monogâmico, pois ocorre entre duas pessoas, somente. Ao contrário do que alguns pensam, o casamento não é para sempre. O casamento é vitalício: dura até o final da vida. Não há casamento depois da morte. No porvir não haverá casamento entre homem e mulher. Somente entre Cristo e a Igreja. Por isto, o casamento é indissolúvel, e não deve haver separação. O que Deus uniu não separe o homem! O casamento é entre um HOMEM e uma MULHER. E ocorre na presença de Deus, pelo qual ele é a principal testemunha.

Há 50 anos atrás, em uma pregação, não era preciso definir 'casamento' e 'família'. Mas hoje em dia uma definição é necessária. Até alguns anos atrás, uma família 'normal' era constituída de pai, mãe e filhos. Porém este modelo tem sido visto como algo retrógrado e ultrapassado. Hoje em dia há muitas configurações de família. A palavra de ordem é diversidade e tolerância.

Hoje em dia não há um padrão. O padrão de pai, mãe e filhos é apenas uma opção, dentre tantas outras definições possíveis. Quando você faz um cadastro pela internet, não existe mais o gênero ‘masculino’ ou ‘feminino’. Você pode colocar uma infinidade de gêneros possíveis. Por falta de padrões, o que importa são os prazeres e a vontade própria.

Essa situação cultural é apenas a superfície da algo que está acontecendo em nível mais profundo. Esses valores culturais apenas refletem a situação espiritual da nossa sociedade. Os valores e fundamentos estão sendo corroídos e fragmentados. Deus, através da sua Palavra, já estabeleceu os padrões sobre família e casamento. Existe uma batalha espiritual. Existe uma guerra sendo travada neste momento. Satanás é inimigo de toda criação de Deus, e desde o jardim do Éden, ele tenta desfigurar e desconfigurar os padrões de família e casamento. O diabo não perde tempo, e desde o primeiro casamento, ele tem trabalhado 24hs por dia para desfacelar os relacionamentos através do pecado. Após a Queda, houve conflitos entre Adão e Eva, e os filhos foram atingidos, ocasionando no primeiro homicídio. Depois do pecado, houveram consequências de morte. Toda natureza foi também contaminada pelo pecado. Então esse problema não é apenas cultural ou social. A origem dessa desfragmentação de valores é de origem espiritual. Portanto, a solução para nossa sociedade, para a família e para o casamento deve ser de origem espiritual, e não apenas a nível de padrões ou de costumes.

Como igreja, precisamos urgentemente retornar aos princípios basilares das Escrituras, quando falamos em família e casamento. A palavra de Deus não depende de aprovação humana. Ela é eterna e absoluta, e não fica calada. Ela contém respostas e soluções para os males que afligem nossa sociedade. Foi Deus quem planejou a família. Foi Deus quem criou o casamento. A bíblia começa e termina com casamentos. Os três primeiros capítulos da bíblia e também os três últimos capítulos da Bíblia falam sobre casamentos. Confira em Gn 2.18,21-24; Ap 19.7; 21.9 e 22.17. O casamento é uma metáfora, uma parábola temporária de uma realidade muito maior e eterna: o amor de Jesus por sua igreja. O maior e principal casamento de toda história é o casamento entre Cristo e sua Igreja. Todo casamento -- mesmo que esteja oscilante; mesmo que esteja manchado pelo pecado e mesmo que o casal não dê a mínima para Jesus -- todo casamento é um retrato e uma metáfora entre o relacionamento entre Cristo e sua noiva; a Igreja. O casamento dar-se-á nas bodas, e ambos -- Cristo e sua Noiva -- deleitar-se-ão unidos para todo sempre, por toda eternidade, no Novo Céu e Nova Terra.

Mas o pecado manchou o plano perfeito de Deus para o casamento. O modelo cultural de hoje é: "que seja eterno enquanto dure". Por falta de padrões, vemos um número alto de divórcios. Por falta de padrões, hoje em dia é comum haver sexo fora do casamento. Trata-se de relacionamento sexual ilícito, e as consequências disso são notórias: gravidez na adolescência e o aborto; para citar apenas dois exemplos. Outro problema por falta de padrões é a homossexualidade. Os filhos são privados de serem criados com pai e mãe, com a figura masculina e feminina dentro de casa. Por falta de padrões, os papéis dentro de casa são voláteis, incertos e indefinidos. Qual o papel do homem? Qual o papel da mulher? O sexo (masculino e feminino) foi criado não apenas para determinar o gênero, mas também deve identificar toda estrutura de comportamentos. Por falta de parâmetros, há distorções, tais como o machismo ou o feminismo. Por conta da falta de padrões e pelo abandono dos valores bíblicos, a família e o casamento estão sendo destruídos, nos moldes que Deus planejou.

Satanás é inimigo da igreja, inimigo de Deus e inimigo da família e do casamento. O primeiro lugar que Satanás atacou foi o coração do homem (Pensamentos, vontade) no contexto do lar (família, casamento). Deus criou a família para espelhar e espalhar sua imagem na terra. Mas o diabo, astuto, infiltrou-se no jardim do Éden e enganou o primeiro casal com suas mentiras, desfigurando e distorcendo a imagem de Deus no primeiro casal.

Devemos orar e clamar por reavivamento da igreja no Brasil. Mas o primeiro lugar em que deve começar o avivamento é em nossas famílias. Como já lemos: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam..." (Salmo 127.1a). Um dos propósitos pelas quais Cristo veio a este mundo foi para resgatar a família pela sua obra na cruz. A única esperança para resgatar as famílias de acordo com a vontade de Deus é a obra da Cruz. A cruz vazia e o túmulo vazio, são dois vazios que preenchem a lacuna e o grande vazio do coração do homem.

A família é um campo missionário. Nossa família constitui-se em uma grande oportunidade para alcançarmos outras pessoas com o evangelho de Cristo. Pela graça de Deus, Cristo refaz famílias destruídas pela tragédia do pecado! Pela obra de Cristo na cruz e pelo poder do Espírito Santo, casamentos podem ser reconstituídos e reconstruídos. Por causa do pecado, a família e o casamento foram afetados, e não refletem mais com perfeição a imagem de Deus. É possível reverter os efeitos da Queda? É possível haver restauração na família e no casamento? Isso parece um enorme desafio. Será que isso é possível? A resposta está na bíblia: "Porque para Deus nada é impossível." (Lucas 1.37)

Mas então fica a pergunta: como Deus refaz a família?  Como Deus reconstitui e reconstrói famílias? Como Ele realiza esta obra?

Resposta:

pelo poder da Palavra e pelo poder do Espírito!

Comparemos Efésios 5.18 até 6.9 e Colossenses 3.16 a 4.1, especialmente os versículos iniciais:

"E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do  Espírito;" - Efésios 5.18

"A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria,  ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e  cânticos espirituais, cantando ao SENHOR com graça em vosso coração." - Colossenses 3.16


O primeiro trecho fala sobre a plenitude do Espírito. O segundo trecho fala sobre a plenitude (habitação) da palavra. Ser cheio do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Compare os dois trechos, e verás que uma vida cheia do Espírito Santo e que é habitada e saturada pela Palavra de Deus produzirá os mesmos resultados:


Efésios 5.18 até 6.9
Colossenses 3.16 a 4.1

  • Edificação mútua
  • Adoração
  • Gratidão
  • Submissão mútua
  • VIDA NO LAR:
    • mulheres
    • homens
    • filhos
    • pais
    • servos
    • senhores

  • Edificação mútua
  • Adoração
  • Gratidão
  • Submissão mútua
  • VIDA NO LAR:
    • mulheres
    • homens
    • filhos
    • pais
    • servos
    • senhores



Aquele que é cheio do Espírito Santo e que é guardião e portador da palavra de Deus manifestará sua conduta dentro de sua própria casa. Os resultados dessa abundância serão vistas no lar. A principal evidência de transformação genuína será vista dentro de casa! O lar é onde somos o que somos. Lá nós tiramos a máscara. Se a fé cristã produz algum efeito, esse feito será visto no próprio lar. Se o nosso cristianismo é verdadeiro, ele terá que permear até mesmo a privacidade do nosso lar. Se nosso cristianismo não for visto no lar, será que de fato somos cristãos? Se o Espírito me controlar, os resultados serão vistos no meu lar.

Quando lemos as passagens acima, em Efésios e Colossenses, podemos nos questionar: porque esses trechos falam sobre família? Porque será que Deus chama atenção sobre os papéis das mulheres, dos homens e dos filhos? Os trechos são conhecidos por falarem de batalha espiritual e da armadura de Deus. É dentro do lar que a imagem de Deus foi manchada na Queda. Quando o pecado entrou no mundo, todos os relacionamentos dentro do lar foram afetados. Mas uma vida cheia do Espírito Santo e da Palavra de Deus será capacitada a restaurar a imagem de Deus perdida dentro do casamento e da família. Cristo, pelo poder do Espírito Santo e pela sua Palavra pode restaurar a imagem de Deus afetada e manchada pelo pecado no coração do homem. Que seja este o nosso alvo de vida: nossas famílias refeitas em Cristo pela presença do Espírito Santo e pelo poder da Palavra de Deus.



Referências:

Derek Kidner. Série cultura bíblica. Salmos 73 a 150: introdução e comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1984.

Merkh, David J. Comentário bíblico lar, família e casamento: fundamentos, desafios e estudo bíblico-teológico prático para líderes, conselheiros e casais. São Paulo: Hagnos, 2019.

Köstenberger, Andreas J; David W. Jones. Deus, casamento e família: reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo: VIda Nova, 2015.




Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Casado, natural de Campinas-SP e residente em Atibaia-SP, acadêmico do Master of Divinity (M.Div) pela Escola de Pastores da Primeira Igreja Batista de Atibaia-SP (EPPIBA). Membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®






sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Pode um cristão viver amasiado?





Por Davi Faria de Caires*


Em nenhum lugar a bíblia declara explicitamente em que ponto Deus considera um casal oficialmente casados. Contudo, a ausência de formalização explícita do casamento torna as cerimônias civil dispensáveis na igreja? No meu entendimento, a obrigatoriedade do casamento civil e religioso para cristãos está pautado na tradição. Defendo que tradição é útil e necessária. Defendo também que o casamento civil e religioso deve ser praticado.

Vou comentar sobre o peso e necessidade de uma tradição. Há um peso indissociável da tradição que pesa sobre o culto, a liturgia, os costumes e a vida da cristandade e igreja local. Se por um lado, essa tradição não pode sobrepujar ou equivaler à escritura, como fazem os católicos romanos, por outro lado não é indissociável à igreja local. É consenso que na cristandade reformada de que nas escrituras existe razoável liberdade para questões práticas e doutrinárias periféricas. Dentro dos limites doutrinários fundamentais, vivemos um espaço para diferenças periféricas, que resulta em diversidade nas liturgias, práticas, tendo como exemplo visível disto a existência de denominações. Essas diferenças, contudo, não descaracterizam a igreja protestante. E isso também é consenso.

Essa tradição é necessária, por exemplo, para o teólogo, haja vista que sua teologia deve ser consolidada na práxis, e vice versa. Seu discurso deve ser exercido na vida, e é a vida dá sentido ao discurso, em relação recíproca e dialética. Fé e obras. Bíblia e igreja local. Teologia e tradição. A tradição não é dispensável, porque é a prova histórica da cristandade. Se não existisse, a bíblia seria apenas um livro teórico. Mas a historicidade da igreja, ao invés de competir com a bíblia, confirma-a. Os credos e confissões são fruto de uma tradição da igreja. É uma tradição, útil. Não é imutável, visto que pode ser modificado, contudo, fornece meios úteis para defesa do evangelho e combate de heresias históricas que renascem de tempos em tempos, a exemplo do arianismo e semi-pelagianismo, só para citar dois exemplos. Neste caso, tanto o Credo de Atanásio e o movimento da reforma, respectivamente, são tradições históricas que sobrepujaram estas heresias e continuam sendo úteis ainda hoje. Não dá para dissociar igreja e tradição. Visto que a igreja é histórica, e possui uma tradição.

Citei no início os pormenores de uma igreja local. A tradição se reflete em liturgia, usos, costumes, etc. O que fazer? Retirar todo resquício de tradição e criar uma comunidade independente, do 'zero', sem vieses, pautada somente na palavra? Impossível! Estaríamos a partir daí criando outra tradição, com finas raízes antigas que insistiriam em perspassar toda tentativa de ruptura com o passado. Roupas, corte de cabelo, vestimentas, usos e costumes, tipos de comida, cerimônias de casamento... São construtos históricos e regionais, com diferenças visíveis de acordo com o tempo e o local. Igrejas diferentes lidam com essas questões a partir de tradições em que se alicerçam e pelo entendimento que possuem das Escrituras. Em tudo isso, há a liberdade cristã que Paulo escreveu em 1 Coríntios 8 - 10. Ao falar de alimentos permitidos ou proibidos, ao invés de simplesmente dizer sim ou não, Paulo discorreu com maestria, enaltecendo a importância da ética, do amor e do altruísmo que precisam predominar na vida cristã.

O cumprimento dos votos de amor e fidelidade conjugal são mais importantes do que a cerimônia, mas não dispensa-a. Não há mandamento bíblico para casamento no civil e religioso, contudo, considerando o peso e a necessidade da tradição na cristandade, é saudável e importante que esse costume sejam praticado. Casamento civil e religioso não contrapõe à bíblia. Se o casamento civil e religioso não contrapõe a bíblia; se a tradição possui papel vital na igreja, e se a ausência desta causa escândalos, então defendo que o casamento civil e religioso deve sim, ser praticado por todo cristão. 


Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®Contato: davifariadecaires@gmail.com



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sábado, 2 de janeiro de 2016

Família, Projeto de Deus





Antes de qualquer outra coisa, Deus em sua soberania instituiu a família, e em sua palavra Ele nos dá todo o direcionamento de como ela deve funcionar, de forma a glorificar o seu nome aqui na terra, onde cada membro, marido, mulher e filhos exerçam o seu papel, facilitando a harmonia entre si e recebendo as bençãos de Deus.


Por Ivan Paulino*

Quando Deus, o ser supremo e todo poderoso idealizou a família, Ele fez isso antes mesmo de constituir um governo de homens, antes mesmo do estabelecimento de fóruns e leis, antes mesmo da criação da própria igreja. Deus designou e decretou antes de qualquer outra coisa, a família humana como sua prioritária e grande obra.


Gênesis 1.27 - “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.”


Após criar ambos à sua imagem, Deus expressa a sua vontade de que ambos permaneçam juntos e constituam família, instituindo o casamento em Gênesis 2.24 - “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne.” Instituindo assim o casamento como uma união monossomática (significa um corpo, unidade, união de cônjuges em uma só carne), heterossexual (entre pessoas de sexo oposto-masculino e feminino) e monogâmica (relacionamento matrimonial com apenas um cônjuge), observe que deixará o varão, (singular) e apegar-se-á à sua mulher (singular).


Após a criação de ambos em Gênesis 1.27, nos três versículos seguintes, 1.28-30, Deus os abençoa e os dá como casal o domínio de toda a terra, devendo assim o homem e a mulher como casal focar em trazer tanto o domínio quanto o senhorio de Deus para a terra enquanto família, existindo assim distintas e singulares maneiras entre o homem e a mulher de realizar essa nobre missão através do destacado papel de cada um.

O real papel do homem:

1-O homem é orientado a cuidar do jardim.
Gênesis 2.15 - “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar.”

O homem deve cuidar de seu lar para que ele produza frutos e seja um lugar seguro para a esposa e os filhos.

2-O homem é orientado a observar as proibições e atentar para as responsabilidades, deveres e cuidados inerentes a ele.

Gênesis 2.16 e 17 - “E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Cabe ao homem o sacerdócio de seu lar, orientando e dando o devido exemplo de zelo e obediência para com os mandamentos do SENHOR.


O real papel da mulher:

1-A mulher é orientada ao homem e a ser uma auxiliadora idônea para ele, empregando toda a sua concentração de seus dons e talentos para promover o trabalho da administração dele.

Gênesis 2.18 - “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.”

Quando temos algo ao nosso favor, mesmo em forma de ajuda, devemos saber administrar essa ajuda, de forma a sermos grato por ela e a cultivarmos de maneira tal para que a sempre tenhamos, caso contrário faríamos como o servo mal e preguiçoso de Mateus 25.24 que enterrou os talentos. Com isso o homem deve administrar os talentos  de sua mulher que estão ao seu dispor, sendo ela a sua ajudadora. Essa administração no lar deve transcorrer em uma via de mão dupla: Efésios 5.33 - “Assim também vós , cada um em particular ame a sua própria mulher como a si mesmo , e a mulher reverencie o marido.”
Deus em sua soberana sabedoria e vontade deu ao homem e a mulher diferentes papeis relacionados um ao outro mas complementares entre si, sendo ambos para Deus iguais em valor e em dignidade. Gálatas 3.28  - “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”
Esse equilíbrio entre a igualdade e a diferença significa que alguns aspectos no reino de Deus serão unissex, enquanto que outros aspectos serão específicos para cada gênero, mas que marido e mulher precisam um do outro. 1 Coríntios 11.11 e 12 - “Todavia, nem o varão é sem a mulher, nem a mulher , sem o varão, no Senhor. Porque, como a mulher provém do varão, assim também o varão provém da mulher, mas tudo vem de Deus.”
Agindo assim em conformidade com a palavra de Deus, ambos homem e mulher serão exemplos para seus filhos, e terão a seus favores os frutos desse relacionamento saudável em família, exercitando exemplarmente o que está escrito em Efésios 6.4 - “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.”
Se cada membro da família fizer o seu papel, para qual foi designado, não em forma de competição, mas com união como uma equipe de uma só carne, exercendo com amor e dedicação, serão cooperadores do Senhor em seu projeto ao mesmo tempo em que usufruirão dos benefícios e bênçãos traçados pelo próprio Deus para esse projeto, que têm como principal observância resplandecer a glória de Deus na terra, porque família é um projeto de Deus.



*Sobre o autor:
Ivan Paulino, servo do Deus Altíssimo, Sargento da Polícia Militar do Estado do Ceará, casado há 17 anos com Ednete Nobre, pai de Laila Nobre de 17 anos e Laiane Nobre de 10 anos. É diácono na Igreja Batista El Betel em Maracanaú (CE), líder juntamente com sua esposa do Departamento da Família e Líder do corpo Diaconal da Igreja. Escreve quinzenalmente neste blog sobre o tema: “Família”.



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