segunda-feira, 10 de outubro de 2016

A igreja foi um plano de Deus?





Por Fabrício Leonardo de Souza*

Jesus disse que “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto” (Jo 12.24). Isso se aplica perfeitamente aos primórdios da história do cristianismo, pois os três primeiros séculos dessa história foram a época da semeadura, e a semente caiu por terra e morreu. Por mais de 200 anos, a igreja viveu sob a opressão do Império Romano, “escondida na terra”, oprimida, martirizada. Foram três séculos de luta renhida entre o politeísmo dominante no mundo e o monoteísmo de tradição judaica que o cristianismo defendia. A história da igreja é, nesse sentido, um assunto de enorme relevância para todo aquele que deseja estar informado sobre sua herança espiritual para imitar os bons exemplos do passado, e evitar os erros que a igreja tem cometido ao longo de sua existência.

A igreja nos planos de Deus

A origem da igreja é um tema efetivamente complexo, entretanto, podemos facilmente refletir sobre dois períodos distintos:

 1. O momento do projeto da igreja: nessa primeira fase, podemos afirmar que a igreja sempre existiu no eterno propósito de Deus. Ela já existia antes da fundação do mundo, pois estava determinada por Ele desde a eternidade.

 2. O momento da execução da igreja: nessa segunda fase, a igreja, que antes era desconhecida dos homens, tornou-se manifesta em Cristo. Ela, que era um projeto de Deus na plenitude dos tempos, veio a ser conhecida por meio do ministério terreno de Jesus Cristo. Por tudo o que fez e ensinou, Cristo é mais o fundamento do que o fundador da igreja, fato evidente pelo uso do tempo futuro que está mencionado em Mateus 16.18, que diz: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Em uma ordem lógica, evidenciada pelas Escrituras, sem diminuir as pessoas da Trindade, podemos dizer que Deus Pai é o criador e arquiteto da Igreja; Jesus Cristo é a figura que materializa e o Espírito Santo a edifica. Paulo, ao escrever aos Efésios, afirmou:

“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.25-27).

Com essa e outras passagens, a Bíblia mostra que Deus planejou a Igreja, Cristo deu sua vida por ela, seu corpo, e o Espírito Santo foi enviado para dar poder à igreja para cumprir sua missão de testemunhar Cristo em toda a parte da Terra (Jo 14.16-17; At 1.8) e chamar os pecadores para a comunhão nesta nova sociedade que Ele está edificando, guiando e preservando para a eternidade.

Independentemente da data que viermos a estabelecer para o nascimento da nova associação, seja na ocasião da grande confissão de Pedro em Cesaréia de Felipe, seja na noite da ressurreição do Senhor, há poucas dúvidas de que, depois do Pentecostes, os 12 apóstolos estavam conscientes de sua missão como propagadores do Evangelho. Apesar de ter iniciado sua história com um reduzido número de pessoas, a igreja contou com a influência do Espírito Santo desde sua fundação. Isso estava de acordo com a promessa de nosso Senhor Jesus Cristo, quando, nas últimas semanas de Sua vida, prometeu enviar “outro Consolador” que lideraria a igreja após sua ascensão.

Judeus de todas as partes do mundo estavam presentes em Jerusalém para participar da Festa de Pentecostes, evento que se tornou um marco na vida dos primeiros seguidores de Cristo e no qual os discípulos foram agraciados pelo Espírito Santo (At 2.5-11). A manifestação sobrenatural do poder divino no conhecimento repentino de línguas, claramente evidenciou uma nova etapa para a igreja. Todos os membros da recém-formada igreja eram judeus, e, inicialmente, nenhum desses membros, bem como nenhum dos integrantes da companhia apostólica, aceitava que algum gentio fosse admitido como membro da igreja. Para tanto, o gentio teria que se tornar judeu, e somente então seria aceito no circulo cristão. Esse tipo de situação perdurou até que Deus levantou o Apóstolo Paulo para corrigir tal atitude, deixando evidente a igualdade entre todos os servos de Jesus Cristo.


*Sobre o autor: 
Fabrício Leonardo de Souza. Membro da Igreja Evangélica Assembléia de Deus São Lourenço - MG; Ministro do Evangelho; Formado em Missiologia pelo CIM (Centro Internacional de Missões) e estudante de Teologia pela Uninter (Centro Universitário Internacional).


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