Por Davi
Faria de Caires*
OS PROFETAS MENORES
As expressões “Profeta Maior” e “Profeta Menor” foram cunhadas pelo
teólogo Agostinho de Hipona no século IV dC. O termo menor refere-se à
brevidade do segundo grupo, e não à sua importância relativa de seu conteúdo.
Os hebreus chamavam esse grupo de livro de “O Livro dos Doze”, e foram
agrupados dessa maneira por Esdras, mais ou menos em 425aC, talvez para acomodá-los
em um rolo. O grupo todo é mais curto, por exemplo, que Isaías, Jeremias ou
Ezequiel.
Embora os profetas maiores
estejam dispostos em ordem cronológica, os livros que compõem o grupo de
profetas menores não possuem esta disposição. Os seis primeiros livros (de
Oséias a Miquéias) estão relacionados a um período anterior ao cativeiro do
Norte (722 aC). Os livros de Naum, Habacuque e Sofonias relacionam-se a um
período anterior ao cativeiro do Sul (606 – 586aC), e os três últimos livros
(Ageu, Zacarias e Malaquias), posicionam-se em um período posterior ao regresso
do cativeiro (536 – 425 aC).
Neste artigo, estudaremos
os seis primeiros livros: Oseias, Joel,
Amós, Obadias, Jonas e Miquéias.
OSÉIAS
Oséias significa salvação
ou livramento. Pouco se conhece sobre este profeta, que profetizou ao Reino do
Norte 30 anos antes do cativeiro. Sabe-se que foi escrito em 740 aC. Neste
livro, o profeta descreve o estado abominável da nação que, à semelhança de sua
esposa, tinha-se entregue à prostituição.
Este profeta recebeu do Senhor a seguinte ordem: “vá, tome uma mulher
adúltera” (Os 1.2). Essa ordem parece violar os mandamentos e moral envolvida
no Pentateuco. Contudo, em tempos de grande depravação, Deus estava usando um
recurso prático e didático para apregoar ao povo através de uma mensagem
prática através da vida do profeta.
JOEL
Sabe-se muito pouco acerca
do profeta Joel. Existem na bíblia outras 14 pessoas com este nome. Este livro
foi escrito em 825 aC com dois objetivos: histórico
e profético. O objetivo histórico era chamar a atenção de Judá
ao arrependimento como uma reação adequada aos julgamentos do Senhor com
gafanhotos e estiagem, para que uma calamidade mais devastadora não viesse
sobre eles. Por outro lado, o objetivo profético era apresentar o futuro “Dia
do Senhor”, no qual ele dominará os pagãos e libertará seu povo para habitar
com ele. A praga de gafanhotos foi somente uma antecipação daquele futuro “Dia
do Senhor”. Joel é conhecido como o profeta do “Dia do Senhor”, por ter
utilizado a frase para o grande dia do julgamento das nações. O “Dia do Senhor”
é um conceito bíblico que significa um tempo qualquer de intervenção divina, em
que Deus assumirá o comando do mundo a fim de trazer julgamento ou bênção de
conformidade com seus princípios estabelecidos, de acordo com o programa
escatológico divino nos tempos do fim. Portanto, no sentido escatológico, o “Dia
do Senhor” é o período futuro em que o Messias julgará as nações afim de preparar
o mundo para seu reino milenar.
Joel é também conhecido como o profeta do
derramamento do Espírito Santo no Pentecoste. Tanto Pedro quanto Paulo usaram o
texto de Joel 2.28-32 como uma profecia da dispensação cristã, em Atos 2.16-21
e Romanos 10.13:
“Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos
últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a
carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jovens
terão visões, E os vossos velhos terão sonhos; E também do meu Espírito
derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e
profetizarão; E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na
terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, E a lua em
sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor; E acontecerá que
todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Atos
2.16-21 – Almeida Corrigida Fiel)
“Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR
será salvo.” (Romanos 10.13)
AMÓS
Amós significa ‘fardo’ ou
‘carregador de fardos’. O autor do livro que leva o seu nome nasceu em Tecoa,
era um homem de negócios, fazendeiro e pregador. Ocupava-se com criação de gado
e plantação de frutas. Era um intelectual e sábio escritor. Escreveu o livro em
760 aC. Amós vivia a 7 quilômetros ao sul de Jerusalém, no mesmo lugar em que
João Batista cresceu, muito tempo depois.
Este livro tem com objetivo expressar o julgamento
de Deus sobre a nação que vivia em tempos de corrupção espiritual, moral e
social. Em contraponto com Oséias que pregou o amor divino, Amós foi apregoeiro
da justiça, com forte ênfase em justiça social.
OBADIAS
Obadias significa “servo do Senhor”. Era um nome comum no
Antigo Testamento. Não se sabe nada sobre Obadias, exceto que estava em
Jerusalém na ocasião dos violentos ataques de Edom à cidade. Este livro foi
escrito em 845aC, com o objetivo de anunciar juízo e a destruição final de Edom
em razão de sua violência e vingança constantes ao povo escolhido de Israel.
Esse livro também afirma escatologicamente o tempo em que Israel possuirá a
terra de Edom. Portanto, o livro narra o destino final de Edom, povo
descendente de Esaú, e também o destino final de Israel, povo descendente de
Jacó, ambos filhos de Isaque e Rebeca. Apesar de descenderem de dois irmãos
gêmeos, as nações Edom e Israel tornaram-se inimigas rancorosas e implacáveis.
Essa inimizade entre Israel e Edom perdurou por mil anos, de Moisés a
Malaquias, envolvendo muitas contendas e brigas.
A nação de Edom (conhecida
como Iduméia), tal como Israel, foram extintas no ano 70dC com a invasão
romana. Porém os edomitas nunca mais ressurgiram. Foram totalmente extirpados.
Obadias é a síntese do último capítulo da história desse povo, como se fosse a
conclusão dos livros sobre Edom, que foram eliminados por desprezarem a Palavra
de Deus, por terem vendido sua primogenitura e por terem infligido guerras e
disparates ao povo escolhido de Deus.
JONAS
Jonas é o mais provável
autor deste livro. Ele é identificado como o profeta de 2 Reis 14.25:
“Também este restituiu os termos de Israel, desde a entrada de Hamate,
até ao mar da planície; conforme a palavra do SENHOR Deus de Israel, a qual
falara pelo ministério de seu servo Jonas, filho do profeta Amitai, o qual era
de Gate-Hefer.”
A tradição judaica diz ser
ele o filho da viúva de Sarepta, que foi ressuscitado por Elias. Este livro foi
escrito em 765aC. Historicamente, no tempo de Jonas, Israel sentia-se seguro e
estava em ascensão, enquanto a Assíria achava-se em declínio político. O
objetivo deste livro é apresentar como Deus julga a iniquidade em todas as
esferas e, do mesmo modo, reage ao arrependimento das nações.
Este livro contém milagres “inacreditáveis”, tal
como ser engolido por um grande peixe por três dias. E do mesmo modo em que
Jonas esteve no ventre do peixe (lugar de morte) durante três dias e três
noites, o Filho do homem esteve no coração da terra: “Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia,
assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mateus
12.40 - ACF). Jesus usou a experiência de Jonas para tipificar a maior verdade
bíblica: sua própria ressurreição dentre os mortos.
MIQUÉIAS
Miquéias significa: “quem é igual a Javé?”. É uma expressão
adequada à mensagem do livro, tendo em vista haver ênfase no grande poder de Deus
no primeiro capítulo, e seu grande perdão no último. O profeta Miquéias era de
origem humilde e conhecia as más condições dos pobres. É reconhecido como o
único profeta cujo ministério foi simultaneamente direcionado a Judá e Israel.
Miquéias apresenta semelhanças e contrastes com
Isaías, profeta contemporâneo. Tal como Isaías, ambos profetizaram sobre a
vinda do Messias. Isaías falou de seu nascimento, e Miquéias determinou o local
de seu nascimento. Em contrapartida, como contraste evidente entre ambos,
Isaías dirigiu seu ministério à aristrocracia urbana de Jerusalém, enquanto
Miquéias falou ao povo comum da zona rural.
Em Miquéias vemos o melhor resumo da Lei, em seu
estilo mais simples e profundo, sem rodeios, com ênfase na prática da justiça,
amor e demonstração de bondade e submissão em humildade para com Deus:
“Com que me apresentarei ao SENHOR, e me inclinarei
diante do Deus altíssimo? Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos, com
bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, ou de dez
mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o
fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que
é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames
a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” - (Miquéias 6.6-8 – Almeida
Corrigida Fiel)
REFERÊNCIA
Ellisen, Stanley. Conheça melhor o
Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos explicativos dos primeiros 39
livros da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2007.
Sobre
o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®. Contato: davifariadecaires@gmail.com
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GOSTEI MUITO VARÃO.
ResponderExcluirMuito bom !!!!
ResponderExcluirótimo boa matéria
ResponderExcluirGraças a Deus pela sua dedicação a palavra de Deus.
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