segunda-feira, 19 de junho de 2017

Os Profetas Menores: Resumo e Visão Panorâmica – PARTE 2/2




Por Davi Faria de Caires*


OS PROFETAS MENORES
         As expressões “Profeta Maior” e “Profeta Menor” foram cunhadas pelo teólogo Agostinho de Hipona no século IV dC. O termo menor refere-se à brevidade do segundo grupo, e não à sua importância relativa de seu conteúdo. Os hebreus chamavam esse grupo de livro de “O Livro dos Doze”, e foram agrupados dessa maneira por Esdras, mais ou menos em 425aC, talvez para acomodá-los em um rolo. O grupo todo é mais curto, por exemplo, que Isaías, Jeremias ou Ezequiel.

         Embora os profetas maiores estejam dispostos em ordem cronológica, os livros que compõem o grupo de profetas menores não possuem esta disposição. Os seis primeiros livros (de Oséias a Miquéias) estão relacionados a um período anterior ao cativeiro do Norte (722 aC). Os livros de Naum, Habacuque e Sofonias relacionam-se a um período anterior ao cativeiro do Sul (606 – 586aC), e os três últimos livros (Ageu, Zacarias e Malaquias), posicionam-se em um período posterior ao regresso do cativeiro (536 – 425 aC).

         Neste artigo, estudaremos os seis últimos livros do grupo de progetas menores, e também, os últimos livros do Antigo Testamento, a saber: Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.


NAUM
         Naum descreve o Senhor como um Deus zeloso e também vingativo. Naum revelou o detalhado plano divino para destruir e devastar Nínive completamente, que na pregação de Jonas havia vivenciado um grande avivamento e conversões em massa. Essa nação violenta e implacável foi o instrumento de Deus para destruir o reino de Israel, por causa de sua idolatria e violência. Mas quando Deus ordenou sua destruição, ela foi aniquilada tão completamente que ficou esquecida por muitos séculos, coberta com areia e transformada em um deserto. A destruição de Nínive foi tão completa que a cidade tornou-se quase uma lenda durante dois milênios, até ser redescoberta em 1842 por Layard e Botta (cf. Ellisen, 2015, p. 367). Alexandre, o Grande, passou por ela em 331 aC, sem ver sinais de sua existência. Nada restou da cidade e do seu poderio. Nínive foi uma das cidades mais antigas do mundo, fundada por Ninrode (“Desta mesma terra saiu à Assíria e edificou a Nínive, Reobote-Ir, Calá” – Gênesis 10.11), foi a capital da Assíria. A Assíria teve esse nome em homenagem a seu principal deus, Assur, divindade da guerra.

         O objetivo deste livro, que foi escrito em 710 aC, é servir como consolação para Judá. O Deus vingador descrito por Naum é um dos quadros mais aterrorizantes da Bíblia. Enquanto o livro de Jonas apresenta a misericórdia do Senhor oferecida aos gentios de Nínive, o livro de Naum retrata a ira e o julgamento de Deus a esta mesma cidade, que havia se corrompido a despeito do avivamento vivenciado pela geração anterior através da pregação do profeta Jonas.


HABACUQUE
         Habacuque quer dizer “abraçar”. Quase nada se conhece sobre Habacuque. Ele não é mencionado em nenhum outro lugar da bíblia. Habacuque foi contemporâneo de Jeremias, e escreveu este livro em 607 aC. Em sequência lógica à destruição de Nínive profetizada por Naum, Habacuque profetiza a queda e destruição da Babilônia.

         Ao contrário de outros livros proféticos, Habacuque é mais uma oração do que uma profecia. O objetivo do livro era enfatizar a santidade divina ao julgar o violento reino de Judá por seus pecados, muito embora Deus estivesse usando uma nação mais iníqua para executar tal julgamento – Babilônia -, nação que mais tarde seria destruída por sua idolatria e iniquidade ainda maior.


SOFONIAS
         Este livro foi escrito por Sofonias entre 630 e 625 aC, com o objetivo de divulgar um chamado de décima primeira hora à nação, condenando sua idolatria e advertindo o povo sobre o grande dia da ira divina que estava por vir. Além desse aviso, Sofonias enfatizou novamente os resultados finais do julgamento de Israel, que seria um povo purificado e humilde, restaurado pelo Senhor, e este passaria a habitar no meio deles. O título “Sofonias” significa “o Senhor esconde” ou “o Senhor protege”. Essa proteção da justiça do “dia do Senhor” está em 2.3 e 3.8-12 deste livro:


“Buscai ao SENHOR, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos no dia da ira do SENHOR.” (Sofonias 2.3 - ACF)


“Portanto esperai-me, diz o SENHOR, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu decreto é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo. Porque então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR, para que o sirvam com um mesmo consenso. Dalém dos rios da Etiópia, meus zelosos adoradores, que constituem a filha dos meus dispersos, me trarão sacrifício. Naquele dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com as quais te rebelaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti os que exultam na tua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo. Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do SENHOR.” (Sofonias 3.8-12 – ACF)


AGEU
         Ageu significa “festivo” ou “minha festa”. É provável que o profeta tenha nascido em um dia de festa. Seu nome está ligado ao maior objetivo da profecia, que era completar o templo para reiniciar as festividades religiosas. Apesar de Ageu ser também mencionado em Esdras 5.1, pouco se sabe a seu respeito. Este livro foi escrito no período entre 1 de setembro a 24 de dezembro de 520 aC. Dado os detalhes contidos no livro, é possível saber a data desta profecia com exatidão.

         O objetivo deste livro é fazer os líderes e o povo continuarem a reconstruir o templo destruído, mostrando-lhes que os fracassos nos outros setores da vida eram resultado da negligência na obra do Senhor. Ageu foi o maior responsável por conseguir que a construção do templo recomeçasse e fosse concluída. Ele apareceu em cena após uma grande arrancada e parada brusca na construção do templo.


ZACARIAS
         Zacarias significa “O Senhor lembra”. Zacarias era filho de Ido e neto de Berequias. Zacarias foi um sacerdote que voltou para Israel com seu pai e seu avô no primeiro retorno da Babilônia com Zorobabel (Neemias 12.4,16). É possível que seu pai tenha falecido antes do retorno e que ele tivesse sido criado pelo avô. Ido foi um dos principais sacerdotes do retorno.

         Este livro foi escrito entre 520 e 480 aC, com dois objetivos: insistir na conclusão da restauração imediata do templo e instruir a nação quanto ao seu futuro nos tempos messiânicos. É considerado um livro de “apocalipse” do antigo testamento, e também considerado misterioso e de pontos difíceis de entender, segundo alguns intérpretes.



MALAQUIAS
         Nada se sabe sobre Malaquias, o autor do livro, a não seu o seu nome, que aparece no primeiro versículo. Não é identificado nem pelos pais, pela cidade natal, pelo cargo ou mesmo data de ministério. Malaquias foi a voz profética final, contemporâneo de Esdras. Foi o último mensageiro divino para o povo da aliança do Antigo Testamento, ministrando cerca de mil anos depois de Moisés, o primeiro profeta e primeiro escritor bíblico.

         Apesar de não ter data, evidências internas indicam que Malaquias foi escrito em 430 aC. O livro tem como objetivo despertar o povo que restara em Israel de sua estagnação espiritual, com o intuito de possibilitar que o Senhor tornasse a abençoá-lo. O profeta realizou isso tomando como base a ênfase da grandeza de seu Deus, que sempre corresponde à obediência de sua palavra e está planejando o dia do julgamento final, quando então os perversos serão julgados, e os justos, recompensados:


“PORQUE eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que estou preparando, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias 4.1-3 - ACF).


Ao escrever essas últimas palavras, o profeta lembrou a todos da obra do Messias, que viria para purificar a nação, preparando-a para receber seu reino e as bênçãos. A profecia de Malaquias encerra, portanto, a era do Antigo Testamento.



REFERÊNCIA

Ellisen, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços e gráficos explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. São Paulo: Editora Vida, 2007.






Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®Contato: davifariadecaires@gmail.com


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Um comentário:

  1. Boa tarde Davi Faria de Caires. Muito esclarecedor seus estudos, especialmente dos livros dos profetas menores.

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