sexta-feira, 3 de agosto de 2018

PORQUE FOI PARA A PRESBITERIANA?





Certa vez um irmão em Cristo me fez essa seguinte pergunta, “Porque foi para a igreja presbiteriana?”. Ele todo sem graça e sem jeito de fazer a pergunta, dizendo, “se me permite”, a fez. Veio-me a mesma reflexão que tive quando me desliguei de uma igreja para ir congregar na IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil). Para respondê-lo usei algumas características que me levou a ir para IPB, que são elas:
1ª Uma Igreja Confessional / Reformada
2ª O Presbiterianismo
3ª Integridade no Púlpito

Em uma breve fala expliquei para ele esses pontos, e aqui quero abordar um pouco mais e explicar cada um, para responder a pergunta, “Porque foi para a igreja presbiteriana?”.

1º Uma Igreja Confessional
 A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma igreja confessional, que quer dizer uma instituição comprometida com uma linha de confissão, isso é expresso no capitulo 1, do artigo 1º da constituição da igreja, que diz:
Art.1 - A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma federação de Igrejas locais, que adota como única regra de fé e prática as Escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento e como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve;...”.
Algumas pessoas acham que a confissão e os catecismos são idolatrados dentro das igrejas, outros já acham que são ultrapassados e que não tem mais significância. A confissão e os catecismos são chamados de símbolos de fé das igrejas presbiterianas, e esses símbolos de fé não entram em detrimento com a Palavra de Deus, como na constituição, “sistema expositivo de doutrina e prática”, esses símbolos são usados para defender a sã doutrina, educar, edificar, consolar e ensinar os filhos de Deus, usando um sistema expositivo das Escrituras Sagradas. Esses símbolos de fé são de origem Reformada Calvinista. A IPB também é representada no TULIP, que é um acróstico resumido e extraído dos Cânones de Dort e formado pelas iniciais em inglês.

 (Total Depravity) Depravação Total
 (Unconditional Election) Eleição Incondicional
 (Limited Atonement) Expiação Limitada
 (Irresistible Grace) Graça Irresistível
 (Perseverance of the Saints) Perseverança dos Santos

Estes são chamados de 5 (cinco)  pontos do Calvinismo que de forma sistemática e gloriosa é representado como a salvação de Deus provém da livre escolha de seu amor eletivo. É realizada mediante o dom do Filho eterno que, por sua perfeita obediência, mereceu a vida eterna para os eleitos de Deus e que morreu na cruz como representante destes, expiando seus pecados e assegurando-lhes a salvação. O Espírito Santo, enviado do trono do Senhor Jesus Cristo, aplica sua salvação àqueles que foram dados pelo Pai ao Filho, regenerando- os de forma que sejam convencidos e capacitados a assumir Cristo, do modo em que ele é livremente oferecido no evangelho, dando-lhes ainda a graça de perseverarem na fé.

2º O Presbiterianismo
Esse termo de uma forma sucinta vem de uma forma de governo eclesiástico, por meio de presbíteros. O presbiterianismo surgiu particularmente em Calvino, nas Instituições da Religião Cristã (As Institutas), especificamente no volume quatro, são claramente encontrada a tradição e a unidade presbiteriana.  O governo da igreja é denominado de escriturístico, ou seja, fidelidade as Escrituras. Na Constituição, artigo 1°, diz, “...é pessoa jurídica, de acordo com as leis do Brasil, sempre representada civilmente pela sua Comissão Executiva e exerce o seu governo por meio de Concílios e indivíduos, regularmente instalados.”  Dentre essas questões de governo da igreja, temos os presbíteros docentes, reconhecidos como ministros da Palavra e os que governam chamados de presbíteros regentes. Os diáconos exercem ministério e são encarregados de serviços, ajuda na organização, exercer misericórdia aos necessitados etc. Um sistema de assembleias reflete a unidade, regional e local, da Igreja, pois os presbíteros governam em conjunto por meio da assembleia local (conselho), assembleia regional (presbitério) e assembleias mais amplas (sínodo, assembleia geral ou supremo concilio). E dentro do presbiterianismo quero envolver também, “Código de Disciplina, Princípios de Liturgia e Estatutos da Igreja Presbiteriana do Brasil”, estes estão dentro do Manual Presbiteriano, que traz um padrão que é necessário para o bem estar espiritual da igreja e para o bem da comunhão dos santos. Igreja presbiteriana diferente de todas as igrejas, nas quais o governo está nas mãos de um único presidente, e, de outro lado, daquelas nas quais o governo está com o povo em geral. Ela não acredita em nenhum governo de um homem só, seja este um pastor, presbítero e nem tampouco acredita em governo popular. Elas elegem presbíteros regentes como seus representantes, e estes, juntamente com os ministros, formam um conselho para o governo da igreja local.

3º Integridade no Púlpito
Diante das duas características abordadas acima, do impacto que elas carregam e, a semente que plantam, colhemos agora o 3° ponto que me fez ir para a IPB. Colhemos a integridade no púlpito, os púlpitos presbiterianos desde sua fundação até os dias atuais, foram e é um dos fortes doutrinariamente e com fortes convicções, abrangendo uma espiritualidade sã na Palavra de Deus, entre eles, cito alguns que tem forte influencia em minha vida, João Calvino, Robert Murray M’Cheyne, Charles Hodge, R.C Sproul e Sinclair B. Ferguson.
Essa integridade ainda reside em muitas igrejas presbiterianas, ela não é por acaso, o simples fato de ser uma integridade construída desde o começo do ministério pastoral, quando ele ainda é candidato ao Ministério da Palavra de Deus. No antigo livro chamado “Manual do Candidato” em 2008, pelo Supremo Concilio, teve um anexo – “Modelo de Manual do Candidato”, intitulado: “VOCAÇÃO: Preparação Para o Ministério”, e na apresentação, no primeiro parágrafo desse novo anexo, é perceptível a preocupação com essa integridade, ela diz,
Uma das atividades mais abençoadoras e críticas de um Presbitério é o exame daqueles que aspiram ao ministério da Palavra na Igreja de Cristo. Nossa Constituição impõe sérios requisitos que devem ser cumpridos passo a passo, o que demonstra a seriedade com que essa tarefa deve ser conduzida.”
E não termina ai, o candidato recebe um tutor para conduzi-lo no caminho e nos deveres correto. Sobre o candidato, o tutor deverá apresenta um relatório sobre as seguintes áreas do candidato:
1. O desempenho acadêmico;
2. A capacidade intelectual;
3. A vida espiritual;
4. A lista dos livros lidos pelo aluno no decorrer do ano;
5. A dedicação, zelo e responsabilidade do candidato no cumprimento de suas tarefas;
6. O campo de atuação na vida eclesial determinado para que o candidato desenvolvesse
sua vocação;
7. A capacidade de adaptação e postura;
8. A aptidão para a tribuna e a cátedra;
9. As condições de ordem financeira, familiar, emocional e acadêmica;
10. Cópia do relatório anual prestado pelo candidato ao tutor;
Essas e mais ações são feitas no decorre do tempo de uma longa jornada de formação no seminário. E tudo isso para preservar a igreja integra, longe de escândalos, expelindo o erro doutrinário e com uma vigilância na formação pastoral, pois como diz o Manual de Candidato, “A Constituição da IPB, tratando da Doutrina da Vocação define, com muita propriedade, que vocação para ofício na Igreja é a chamada de Deus, pelo Espírito Santo. E vai além. Põe à prova os indícios, os sinais da vocação, no momento em que exige o testemunho interno de uma boa consciência.”

Diante dessas evidencias, vale a pena ressaltar a pergunta novamente, “Porque foi para a igreja presbiteriana?”.
Por que diante de uma cultura que sofre com um país laico, a grande aberração do mundanismo, o vírus mortal do relativismo, a ridícula ganância de querer poder e status, a ascensão de movimentos pragmáticos e subjetivos, outros místicos e com espiritualidade extravagante, uma igreja que uni essas três características e outras, certamente terá mais resistência nesse mundo contra esses males. Pela doutrina reformada que sustenta, pela coerência bíblica, por gerar uma espiritualidade saudável e promover a comunhão de irmãos em Cristo, e ter acima de tudo e por máxima, a Soberania de Deus em tudo, na salvação, na providência, na escolha dos ministros, no bem da igreja e por toda a nossa fé. Pelo sistema ser diferente de outras igrejas, por ter um zelo intransferível na formação de novos pastores, na zelosa escolha dos diáconos e presbíteros, e no sistema expositivo de doutrina e por ser para mim uma igreja que tem compromisso com a Palavra de Deus, e compromisso na integra, com consulta cuidadosa na exegese de textos Sagrados, ter na forma literal o “partir do pão” no momento da Ceia do Senhor, por lutar pela verdade e por promover nos membros a glorificação a Deus, como está escrito no Breve Catecismo de Westminster, “Pergunta 1. Qual é o fim principal do homem?
R. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre”.


Referências
As Institutas/ João Calvino;[tradução Waldir Carvalho Luz] -2ed.- São Paulo: Cultura Cristã, 2006. (volume IV)
Manual Presbiteriano, 15ª edição; São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
Modelo de Manual do Candidato ao Ministério da Palavra de Deus-- VOCAÇÃO: Preparação Para o Ministério: JET/ IPB, 2008.
Novo Dicionario de Teologia/ Sinclair B. Ferguson, David F. Wright.—São Paulo: Hagnos, 2009.
O Breve Catecismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
Teologia Sistemática/Louis Berkhof; 4ª Edição Revisada- São Paulo: Cultura Cristã, 2012.


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