quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

No princípio criou Deus... Com intervalo ou sem? [Parte 1 de 2]




A Terra terá mesmo bilhões de anos? Houve um mundo pré-adâmico que fora destruído por um cataclismo tão intenso que deixou a Terra sem forma e vazia? Conheça a Teoria do Intervalo e a crença de dias não literais e comuns na narrativa de Gênesis 1.



Gênesis 1.1-2
1 No princípio, criou Deus os céus e a terra.
2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.



Gênesis é um dos meus livros da Bíblia preferidos, sem esse precioso escrito, não poderíamos responder a perguntas básicas: Quem nós somos? Quem nos criou e por que viemos à vida? Quais os planos desse Criador para conosco?

 Moisés, utilizando-se de três formas de recuperação histórica (tradição oral, documentos preservados e a inspiração do Espírito Santo) recebeu a incumbência de Deus de registrar o princípio de tudo: a origem dos céus e da Terra, do homem, do pecado, do juízo, do plano de redenção, do povo de Israel (Êx 17.14; 34.27; Dt 31.9). O nome do próprio livro já nos fornece forte indício de seu objetivo, em hebraico bereshit, que significa “Princípio”. O nome Gênesis deriva da forma grega utilizada na primeira vez na Septuaginta.

Hoje em dia, há uma controvérsia muito grande quanto à idade da Terra em decorrência de “fatos científicos” que apresentam bilhões de anos em escala evolutiva, gradual e lenta. Até o século XVIII poucos ousavam interpretar o texto de Gênesis diferentemente do que indica o próprio texto, contudo diante das descobertas científicas muitos teólogos e estudiosos começaram a modificar a interpretação do texto com o objetivo de adequar-se às novas realidades. Argumentos de dias da Criação não serem dias literais e comuns (24 horas) e a Teoria do Intervalo, Ruína e Reconstrução começaram a ter cada vez mais espaço no meio evangélico. Cabe destacar aqui, que a maioria dos pais da Igreja, principalmente até o século IV d.C entendiam que os seis dias da Criação eram dias literais e não meramente alegóricos.

A chamada Teoria do Intervalo consiste em acreditar que entre os versículos 1 e 2 do primeiro capítulo de Gênesis houve um período de tempo longo e desconhecido em que houve um mundo pré-adâmico habitado e perfeito, governado pelo próprio Lúcifer, enquanto ainda gozava dos privilégios angelicais e, anteriormente a sua queda. Ensinam que esse mundo fora destruído por Deus em decorrência da rebelião liderada por Lúcifer, que foi o responsável pelo juízo divino vindo sob sua Criação perfeita em forma de um dilúvio global e devastador, o que explicaria o fato da terra ser apresentada no versículo 2 como sendo “sem forma e vazia” e que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. Uma das maiores referências a essa Teoria é o pastor Finis Jennings Dake, que assim descreve o chamado por ele de Dilúvio de Lúcifer:

Esse dilúvio foi mais devastador e durou muito mais tempo do que o dilúvio de Noé, pois destruiu também a vegetação (Gn 2.5,6; Jr 4.23-26), enquanto um ano e 17 dias do dilúvio de Noé não o fizeram (Gn 8.11,22; 9.3). Não existe conflito entre a ciência e a Bíblia. Entretanto, descobertas científicas reais devem ser distinguidas de meras teorias. A ciência, em especial, a geologia, ainda está na infância e o testemunho das rochas não é confiável. As afirmativas verdadeiras da Palavra de Deus também devem ser distinguidas da interpretação que o homem faz delas. Quando os homens finalmente concordarem sobre a idade da Terra, então coloque os muitos anos (acima dos históricos 6.000) entre Gn 1.1 e 1.2, e não haverá nenhum conflito entre o livro de Gênesis e a ciência (Dake, 2012).

Ora, vocês podem perguntar: que diferença faz se os dias de Gênesis foram dias literais ou não, se houve um período longo e desconhecido entre os dois primeiros versículos ou que mal há em tentar conciliar a narrativa de Gênesis às novas descobertas da ciência? O problema encontra-se no princípio basilar de interpretação bíblica: ela é infalível, inerrante e interpreta a si mesmo. É algo muito preocupante quando se começa a utilizar fontes externas à própria Bíblia para interpretá-la. Quando eu digo, que diante dos avanços científicos, o livro de Gênesis pode ser reinterpretado a fim de equalizar-se a esses avanços, estou dizendo que a sua interpretação pode variar muitas vezes, conforme a necessidade e conveniência. E isso abre precedentes para que o mesmo ocorra com outros trechos das Sagradas Escrituras, além de que isso prejudica a imagem da Palavra de Deus que deixa de ser completa, suficiente e verdadeiramente fiel. Colocamos sua credibilidade em jogo. Não é à toa que em muitos países a Bíblia já não é tida como um livro de ensino fundamental e, consequentemente, a cada dia que se passa vê-se as gerações mais afastadas de Deus. Quando houver uma divergência entre ciência e a Bíblia, a filosofia e a Bíblia, a política e a Bíblia, nunca hesite em escolher a Palavra de Deus sempre. Quem a inspirou é o Criador de tudo. Glória a Deus!


Para ler a parte 2 deste artigo, clique aqui.


Sobre o autor:
Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto. Escreve quinzenalmente neste Blog sobre o tema: "Profetas Menores".


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Referência:
DAKE, Finis Jennings. “Bíblia de Estudo Dake”. Editora Atos, 2012.


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