A Terra terá mesmo
bilhões de anos? Houve um mundo pré-adâmico que fora destruído por um
cataclismo tão intenso que deixou a Terra sem forma e vazia? Conheça a Teoria
do Intervalo e a crença de dias não literais e comuns na narrativa de Gênesis
1.
----------------------------------------------------------------------------
Para
ler a parte 1 deste artigo, clique aqui.
Agora vamos analisar se há base
bíblica para defender dias não literais ou diferentes em tempo dos nossos
atuais e, ainda, base para um intervalo onde houvera muitos bilhões de anos
onde todo um mundo pré-adâmico foi sucumbido diante da rebelião de seu
governante. Partiremos, primeiramente, dos argumentos bíblicos que defendem os
dias como sendo literais e de 24 horas (os argumentos foram extraídos original
e parcialmente da obra “Criacionismo: Verdade ou Mito” (Ham, 2003) do Dr. Ken
Ham e citados aqui de forma indireta e acrescidos de comentários meus):
1)
O uso do termo hebraico yom traduzido como dia: O termo utilizado em Gênesis
capítulo 1 para “dia” é yom. Na
maioria das vezes que o termo é usado no Antigo Testamento refere-se ao dia
comum, de 24 horas. Quando se tratava de um período longo ou indefinido
utilizavam os termos hebraicos olam
ou qedem. Por que apenas o livro de
Gênesis seria a única exceção e não seriam dias comuns e, sim alegóricos ou
representariam eras?
2)
O contexto de Gênesis reafirma o
argumento 1: O
próprio contexto de Gênesis e o uso de expressões como “noite e manhã”,
“primeiro dia, segundo dia, terceiro dia”, o ciclo de luz/trevas, a associação
do dia com os corpos celestiais (v. 14) apontam para dias literais e normais e
reafirmam que o termo yom foi
utilizado com o objetivo do argumento apresentado anteriormente.
3)
O registro das genealogias dos
capítulos 5 e 11:
As genealogias de Gênesis não nos revela, apenas, o quanto longevo eram os
homens e mulheres do período pré-diluviano. Elas vão muito além revelando-nos
que os anos entre a Criação e nossa época não são de bilhões de anos, mas
apenas de poucos milhares (aprox. 6.000 anos).
4)
A instituição da guarda do sábado
aos judeus: Ao
meditarmos em Êxodo 20.9-11 observamos que ao instituir a guarda do sábado ao
povo de Israel, Moisés ratifica que os dias da obra criativa de Deus em Gênesis
eram dias comuns e normais. Assim diz o texto em apreço: “Seis dias trabalharás e farás toda a
tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhuma
obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua
serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o
SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou;
portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou” [grifo nosso]. No
original hebraico, Moisés utilizou o termo yom
tanto para referir aos dias normais que os israelitas deveriam trabalhar quanto
para os dias que Deus utilizou-se para concluir sua Criação. Mais uma vez,
Moisés poderia ter se utilizado dos termos olam
e qedem para os dias da Criação a fim
de defini-los como longos períodos e diferentes dos dias normais, mas não o
fez.
5)
Jesus ensina sobre a idade da terra
como sendo jovem:
Jesus em alguns de seus discursos dava-nos indícios de como a idade da terra
calcula-se em milhares de anos, ao invés de bilhões como afirmam os cientistas.
Em Marcos 10.6 diz: “porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e
fêmea”, com isso Jesus nos aponta que ainda no princípio de tudo (Gn 1.1) Deus
fez o homem e a mulher, ou seja, não houve nenhum intervalo longo entre o
princípio e o sexto dia da Criação, mas apenas um breve intervalo. Já em Lucas
11.50-51 consta: “para que desta geração seja requerido o sangue de todos os
profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado; desde o sangue de Abel
até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo; assim, vos
digo, será requerido desta geração”, mais uma vez Jesus nos indica que entre a
fundação e a morte de Abel havia um pequeno intervalo de tempo, considerando o
assassínio de Abel como um evento próximo a fundação do mundo.
6)
O ensino da Bíblia sobre pecado,
morte, redenção e caráter de Deus:
Ao acreditar que a Terra tem bilhões de anos e houve um intervalo de período
desconhecido ou ainda que os seis dias da Criação foram períodos ou eras
longas, ao invés de dias normais e literais, nós ferimos todo o princípio que a
Bíblia nos ensina sobre o caráter de Deus, o pecado, a morte e a redenção. Ao
concluir sua Criação no sexto dia, Deus a contempla e chama tudo de “muito bom”
(Gn 1.31). Deus criou tudo perfeito, belo e maravilhoso. Originalmente, tanto o
homem quanto os animais tinham uma alimentação vegetariana apenas (Gn 1.29,30)
e não havia derramamento de sangue e morte. Diante da astuta cilada da
serpente, Adão e Eva acabaram por ceder ao pecado e, consequentemente, lhes
sobreveio a morte física, a maldição do próprio solo. Paulo bem nos explica ao
escrever aos nossos irmãos de Roma que toda a criação geme e está à espera da
redenção final, quando veremos a restauração de todas as coisas (Rm 8.19-25).
Com essa história aprendemos que a morte, a violência, a fome e todas as coisas
ruins entraram no mundo em decorrência do pecado da desobediência. Ao aceitar
as teorias de bilhões de anos, somos forçados a acreditar que todas essas
camadas de fósseis descrevendo mortes, sofrimento, violência ocorreram antes de
o pecado entrar no mundo, contradizendo o ensinamento bíblico. Além de
descrever o caráter de Deus, diferente do restante das Sagradas Escrituras,
onde um Deus utiliza-se da morte, da doença, a extinção para causar dano à sua
Criação e, ainda assim, a chama de “muito bom”. Então por que precisaríamos que
o nosso pecado fosse expiado na cruz por Cristo, se Deus permite todas as
coisas ruins, mesmo que não tenha havido pecado? Ou ainda, se pensarmos que
Deus permitiu essas mortes em decorrência da rebelião de Lúcifer, então teríamos
um Deus injusto que puniu seres alheios ao pecado, ao invés do seu causador. No
Dilúvio de Noé, Deus puniu os homens pelos seus pecados, mas preocupou-se em
guardar os animais na Arca.
7)
A Teoria do Intervalo abole a
evidência do evento histórico do dilúvio global: Segundo estes teoristas, a formação
dos fósseis foi em decorrência do Dilúvio de Lúcifer ocorrido no período longo
e indeterminado entre Gn 1.1 e 1.2. Contudo, se ele é o responsável pelos
fósseis que evidência restou do Dilúvio de Noé? Eles acreditam que o segundo
Dilúvio praticamente não deixou vestígios, pois se tratou apenas de um Dilúvio
local. Mas esta teoria é inconsistente se analisarmos a luz de 2 Pe 3.5-7:
“Eles voluntariamente ignoram isto: que pela palavra de Deus já desde a
antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da
água subsiste; pelas coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do
dilúvio. Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam
como tesouro e se guardam para o fogo, até o Dia do Juízo e da perdição dos
homens ímpios”. O texto bíblico é claro ao comparar que o Dia do Juízo será
semelhante ao Dilúvio, todos serão julgados e receberão sua recompensa,
conforme sua vida de piedade ou impiedade. Se acreditarmos que o Dilúvio de Noé
foi apenas local, devemos acreditar que no Juízo Final apenas uma parte será
punida e outra não. Além de pensarmos o porquê Deus ordenaria a Noé construir
uma arca para salvar a ele, sua família e os animais se o Dilúvio seria local? Bastaria,
para tanto, que Deus indicasse a Noé em qual local não choveria e transportar
para lá os animais.
Irmãos, ainda haveria outros
argumentos que mostram a inconsistência da Teoria do Intervalo, mas creio que
os elencados aqui já sejam suficientes no momento. Para um estudo mais
aprofundado indico o livro “Criacionismo: Verdade ou Mito?” do Dr. Ken Ham, publicado
pela CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus). Espero que esse pequeno
artigo, seja um fator motivador para aprofundar-se nesta área do conhecimento
teológico. E desejo que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que
cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda
glória para todo o sempre. Amém.
Sobre o autor:
Gleydson Salviano é casado
com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios,
Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de
Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto.
Escreve quinzenalmente neste Blog sobre o tema: "Profetas Menores".
Permissões:
Você está autorizado e
incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde
que informe o autor e cite a fonte. Não altere o conteúdo original e não o
utilize para fins comerciais.
Referências:
HAM, Ken. “Criacionismo:
verdade ou mito?”. Editora CPAD, 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário