Por Davi Faria de Caires*
Quais os temas estudados pela
escatologia? Quais as principais interpretações escatológicas a respeito do
fim?
Este artigo visa
apresentar as diferentes escolas de interpretação do apocalipse, com
desdobramentos em relação à posição do milênio e da grande tribulação. Ao
final, apresento uma sequência cronológica dos fatos do porvir a partir da
visão dispensacionalista, futurista, pré-milenista e pré-tribulacionista.
As quatro linhas de interpretação do
Apocalipse
Existem quatro linhas de interpretação do apocalipse: Preterista,
Historicista, Futurista e Simbolista (Pate, 2002).
A interpretação Preterista (passado),
entende que os acontecimentos do Apocalipse em grande parte foram cumpridos nos
primeiros séculos da era cristã, tanto na década de 70dC, na queda de Jerusalém,
tanto na queda de Roma, no século V. Essa visão regride a data do livro para a
década de 50-60, contrariando a data predominante (94-96dC).
A escola Historicista encara
os eventos do Apocalipse como um desdobramento no curso da história. Essa
perspectiva era especialmente compatível com o pensamento dos reformadores
protestantes que compararam o sistema papal de sua época com o anti-cristo.
A sinopse Futurista discute
que os eventos do Apocalipse, em grande parte, não foram cumpridos, assegurando
que os capítulos 4 – 22 esperam o fim dos tempos para a sua realização. Essa
escola é a mais bíblica, e segue uma interpretação literal das Escrituras. Ao final
deste artigo, apresento uma cronologia dos fatos escatológicos a partir da
visão futurista.
O ponto de vista Simbolista,
idealista ou espiritualista, por meios de contraste em relação às três
escolas anteriores, é reticente em identificar historicamente o simbolismo do
Apocalipse. Para essa escola de pensamento, o Apocalipse relata verdades
infinitas relativas à batalha entre o bem e mal que continuam ao longo da era
da igreja.
Posições em relação ao milênio
Em relação ao milênio,
existem três escolas de interpretação: pré-milenistas,
amilenistas e pós-milenistas.
O Pré-Milenismo crê que a
igreja de Jesus não passará pela grande tribulação, pois seremos arrebatados
antes dela. Crê no milênio literal e utiliza-se da visão futurista do
apocalipse. Esta linha de interpretação é a que mais está de acordo com a
bíblia. Ao final deste artigo, apresento uma cronologia dos fatos do porvir, a
partir desta visão.
O amilenismo defende a tese de
que não haverá um milênio literal no futuro. Acredita que o milênio já começou
com a ascensão de Jesus Cristo, ou seja, o milênio seria um tempo indeterminado
entre a ressurreição de Cristo e sua segunda vinda. Defende ainda que o reinado
de Cristo ocorre somente no coração das pessoas. Crê ainda que a igreja passará
pela tribulação que virá sobre todo mundo.
O pós-milenismo crê que o mundo que agora existe dará lugar ao
Evangelho de Jesus. Em outras palavras, a cada dia que se passar as pessoas
aceitarão a Jesus como Senhor e reconhecerão sua soberania, portanto, essa
visão crê que o mundo irá tornar-se cada vez mais pacífico com o passar do
tempo. Com as duas grandes guerras mundial que aconteceram, muitos abandonaram
esta linha de pensamento.
Posições em relação à grande tribulação
Em relação à grande tribulação, existem também três linhas de
interpretação: Pré-Tribulacionismo, Meso-Tribulacionismo
e Pós-Tribulacionismo. Tendo em
vista que o escopo deste artigo é apenas introdutório e panorâmico, não
pretende abordar esse tópico em minúcias. Apenas dizer sucintamente que, o Pré-Tribulacionismo
entende que a igreja será arrebatada antes
da grande tribulação, o Meso-Tribulacionismo, por sua vez, entende que a igreja
será arrebatada durante a grande
tribulação e o Pós-Tribulacionismo entende que a igreja será arrebatada após a grande tribulação. Portanto, esta
última linha prega que a igreja sofrerá as agruras deste período de dor e
trevas.
Conclusão
Considerando todas essas linhas de interpretação apresentadas neste
artigo, faz-se necessário um posicionamento e defesa em uma linha de
interpretação que utilize o método de interpretação literal das Escrituras. O
pré-milenismo, que é a visão do autor deste artigo, parte de uma interpretação
literal das Escrituras. O método de interpretação histórico-gramatical é mais
seguro que o método alegórico (Pentecost, 2006), donde surgem outras linhas de interpretação,
tal como o amilenismo.
Segue abaixo uma cronologia de quinze fatos do porvir (Gilberto, 2008)
em ordem cronológica, segundo a visão dispensacionalista, futurista, pré-milenista
e pré-tribulacionista.
Quinze fatos escatológicos em ordem
cronológica
1. Rapto da Igreja (1 Ts 15.51);
2. Julgamento da Igreja no Tribunal de
Cristo, para galardão (2 Co 5.10);
3. As bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9);
4. Retirada do ES como restritor do pecado
(2 Ts 2.3-10);
5. Surgimento do Anticristo (Ap 13.1,2);
6. Surgimento do Falso Profeta (Ap
13.11-16);
7. Os sete selos (Ap 6);
8. As duas testemunhas (Ap 11.3-12);
9. Salvação de 144 mil judeus em Israel
(Ap 7.4);
10. As sete trombetas (Ap 8);
11. As sete taças (Ap 15 - 16);
12. Aprisionamento de Satanás (Ap 20.1-3);
13. O milênio (Ap 20.4-6);
14. O juízo final (Ap 20.11-15);
15. Novos céus e nova terra (Ap 12 - 22).
Toda interpretação humana, por melhor que possa parecer, é falível.
Somente a Escritura é infalível. Uma ortodoxia que não admite que existam
outras ortodoxias válidas se torna sectária. Portanto, apesar de grandes
diferenças entre as linhas de interpretação escatológicas, há um ponto central
do cristianismo que as une. O ponto em comum que existe entre todas essa linhas
de interpretação é que Jesus Voltará para buscar sua noiva.
Referências consultadas
CALVINO, João. "Pastorais. Série comentários
bíblicos". São José dos Campos: Fiel, 2009.
CHAMPLIN, Russel Norman. "O novo testamento
interpretado versículo por versículo". São Paulo: Candeia, 1982
EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood e CHILDERS, Charles
L. "Comentário Bíblico Beacon - Vol. 6". Rio de Janeiro: CPAD, 2006
HENRY, Matthew. "Comentário bíblico Novo Testamento. Atos a
Apocalipse". Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
PATE, C. Marvin. “As interpretações do apocalipse”. São Paulo: Vida,
2002
PENTECOST, J. Dwight. “Manual de escatologia”. São Paulo: Vida, 2006.
GILBERTO, Antônio. “Daniel e
Apocalipse: o panorama do futuro”. EETAD, 2008.
RENOVATO, Elinaldo. “O final de todas as coisas”. Rio de Janeiro: CPAD,
2015
RENOVATO, Elinaldo. “Revista
Lições Bíblicas - 1º trimestre de 2016”.
Rio de Janeiro: CPAD,
2016
Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®. Contato: davifariadecaires@gmail.com
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