segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Escatologia, o estudo das últimas coisas [parte 2/3]




Por Davi Faria de Caires*


Quais os temas estudados pela escatologia? Quais as principais interpretações escatológicas a respeito do fim?


            Este artigo visa apresentar as diferentes escolas de interpretação do apocalipse, com desdobramentos em relação à posição do milênio e da grande tribulação. Ao final, apresento uma sequência cronológica dos fatos do porvir a partir da visão dispensacionalista, futurista, pré-milenista e pré-tribulacionista.


As quatro linhas de interpretação do Apocalipse
Existem quatro linhas de interpretação do apocalipse:  Preterista, Historicista, Futurista e Simbolista (Pate, 2002).
A interpretação Preterista (passado), entende que os acontecimentos do Apocalipse em grande parte foram cumpridos nos primeiros séculos da era cristã, tanto na década de 70dC, na queda de Jerusalém, tanto na queda de Roma, no século V. Essa visão regride a data do livro para a década de 50-60, contrariando a data predominante (94-96dC).
A escola Historicista encara os eventos do Apocalipse como um desdobramento no curso da história. Essa perspectiva era especialmente compatível com o pensamento dos reformadores protestantes que compararam o sistema papal de sua época com o anti-cristo.
A sinopse Futurista discute que os eventos do Apocalipse, em grande parte, não foram cumpridos, assegurando que os capítulos 4 – 22 esperam o fim dos tempos para a sua realização. Essa escola é a mais bíblica, e segue uma interpretação literal das Escrituras. Ao final deste artigo, apresento uma cronologia dos fatos escatológicos a partir da visão futurista.
O ponto de vista Simbolista, idealista ou espiritualista, por meios de contraste em relação às três escolas anteriores, é reticente em identificar historicamente o simbolismo do Apocalipse. Para essa escola de pensamento, o Apocalipse relata verdades infinitas relativas à batalha entre o bem e mal que continuam ao longo da era da igreja.


Posições em relação ao milênio
            Em relação ao milênio, existem três escolas de interpretação: pré-milenistas, amilenistas e pós-milenistas.
O Pré-Milenismo crê que a igreja de Jesus não passará pela grande tribulação, pois seremos arrebatados antes dela. Crê no milênio literal e utiliza-se da visão futurista do apocalipse. Esta linha de interpretação é a que mais está de acordo com a bíblia. Ao final deste artigo, apresento uma cronologia dos fatos do porvir, a partir desta visão.
O amilenismo defende a tese de que não haverá um milênio literal no futuro. Acredita que o milênio já começou com a ascensão de Jesus Cristo, ou seja, o milênio seria um tempo indeterminado entre a ressurreição de Cristo e sua segunda vinda. Defende ainda que o reinado de Cristo ocorre somente no coração das pessoas. Crê ainda que a igreja passará pela tribulação que virá sobre todo mundo.
O pós-milenismo  crê que o mundo que agora existe dará lugar ao Evangelho de Jesus. Em outras palavras, a cada dia que se passar as pessoas aceitarão a Jesus como Senhor e reconhecerão sua soberania, portanto, essa visão crê que o mundo irá tornar-se cada vez mais pacífico com o passar do tempo. Com as duas grandes guerras mundial que aconteceram, muitos abandonaram esta linha de pensamento.


Posições em relação à grande tribulação
Em relação à grande tribulação, existem também três linhas de interpretação: Pré-Tribulacionismo, Meso-Tribulacionismo e Pós-Tribulacionismo. Tendo em vista que o escopo deste artigo é apenas introdutório e panorâmico, não pretende abordar esse tópico em minúcias. Apenas dizer sucintamente que, o Pré-Tribulacionismo entende que a igreja será arrebatada antes da grande tribulação, o Meso-Tribulacionismo, por sua vez, entende que a igreja será arrebatada durante a grande tribulação e o Pós-Tribulacionismo entende que a igreja será arrebatada após a grande tribulação. Portanto, esta última linha prega que a igreja sofrerá as agruras deste período de dor e trevas.


Conclusão
Considerando todas essas linhas de interpretação apresentadas neste artigo, faz-se necessário um posicionamento e defesa em uma linha de interpretação que utilize o método de interpretação literal das Escrituras. O pré-milenismo, que é a visão do autor deste artigo, parte de uma interpretação literal das Escrituras. O método de interpretação histórico-gramatical é mais seguro que o método alegórico (Pentecost, 2006), donde surgem outras linhas de interpretação, tal como o amilenismo.
Segue abaixo uma cronologia de quinze fatos do porvir (Gilberto, 2008) em ordem cronológica, segundo a visão dispensacionalista, futurista, pré-milenista e pré-tribulacionista.


Quinze fatos escatológicos em ordem cronológica

1.    Rapto da Igreja (1 Ts 15.51);
2.    Julgamento da Igreja no Tribunal de Cristo, para galardão (2 Co 5.10);
3.    As bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9);
4.    Retirada do ES como restritor do pecado (2 Ts 2.3-10);
5.    Surgimento do Anticristo (Ap 13.1,2);
6.    Surgimento do Falso Profeta (Ap 13.11-16);
7.    Os sete selos (Ap 6);
8.    As duas testemunhas (Ap 11.3-12);
9.    Salvação de 144 mil judeus em Israel (Ap 7.4);
10.  As sete trombetas (Ap 8);
11.  As sete taças (Ap 15 - 16);
12.  Aprisionamento de Satanás (Ap 20.1-3);
13.  O milênio (Ap 20.4-6);
14.  O juízo final (Ap 20.11-15);
15.  Novos céus e nova terra (Ap 12 - 22).

Toda interpretação humana, por melhor que possa parecer, é falível. Somente a Escritura é infalível. Uma ortodoxia que não admite que existam outras ortodoxias válidas se torna sectária. Portanto, apesar de grandes diferenças entre as linhas de interpretação escatológicas, há um ponto central do cristianismo que as une. O ponto em comum que existe entre todas essa linhas de interpretação é que Jesus Voltará para buscar sua noiva.


Leia aqui a parte 1/3

Leia aqui a parte 3/3



Referências consultadas
CALVINO, João. "Pastorais. Série comentários bíblicos". São José dos Campos: Fiel, 2009.

CHAMPLIN, Russel Norman. "O novo testamento interpretado versículo por versículo". São Paulo: Candeia, 1982

EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood e CHILDERS, Charles L. "Comentário Bíblico Beacon - Vol. 6". Rio de Janeiro: CPAD, 2006

HENRY, Matthew. "Comentário bíblico Novo Testamento. Atos a Apocalipse". Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

PATE, C. Marvin. “As interpretações do apocalipse”. São Paulo: Vida, 2002

PENTECOST, J. Dwight. “Manual de escatologia”. São Paulo: Vida, 2006.

GILBERTO, Antônio. Daniel e Apocalipse: o panorama do futuro”. EETAD, 2008.

RENOVATO, Elinaldo. “O final de todas as coisas”. Rio de Janeiro: CPAD, 2015

RENOVATO, Elinaldo. “Revista Lições Bíblicas - 1º trimestre de 2016”. Rio de Janeiro: CPAD, 2016



Sobre o autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®Contato: davifariadecaires@gmail.com


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