quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pequenos Frascos, Melhores Fragrâncias





Será que o tamanho define a qualidade? O que podemos aprender com os livros que muitas vezes são esquecidos por ocuparem apenas uma ou duas páginas na Bíblia? Aprenda sobre a riqueza teológica que podemos extrair dos Profetas Menores.



Por Gleydson Salviano*


2 Pedro 1.19-21
19 E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração,
20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;
21 porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus faltaram inspirados pelo Espírito Santo.


Há um conhecido dito popular que diz: “Nos pequenos frascos estão as melhores fragrâncias“ e deveras isso se aplica aos chamados Profetas Menores ou, simplesmente, Os Doze. Segundo os pastores Alexandre Coelho e Silas Daniel: “Na literatura judaica, esses livros são chamados de “Os Doze” ou “Os Doze Profetas” (ou Dodekapropheton), no texto grego da Septuaginta) pelo menos desde 132 a.C. (outros datam 190 a.C., época provável da produção do livro apócrifo de Eclesiástico, escrito por Jesus Ben Siraque, que é o primeiro registro conhecido dessa designação (...) Quanto à designação cristã “Profetas Menores”, ela surgiu na Igreja Latina, segundo afirma Agostinho (345-430 d.C.), bispo de Hipona, em sua obra  A Cidade de Deus”[1].
Os Profetas Menores são compostos pelos livros de Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Mas seriam eles chamados de menores em decorrência de possuírem uma superficial teologia? Ou ainda por terem recebido uma porção inferior de inspiração divina em seus escritos? Por tratarem apenas de temas específicos e restritos ao povo de Israel? Ou por serem profetas não respeitados pelo povo? De forma alguma nenhuma destas indagações terá uma resposta afirmativa. Foram assim chamados, devido aos seus escritos registrados e preservados não serem tão volumosos se comparados com os Profetas Maiores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel), a ponto dos escribas, no passado, transcreverem os doze livros em apenas um rolo.
De forma singular, os Profetas Menores, oferecem uma gama de riquezas teológicas, experiências, promessas e juízos. Vejamos alguns pontos apresentados de forma magistral nesse grupo de livros, por vezes, rejeitados ou menosprezados pelos irmãos:

1) Sua importância foi atestada pelo próprio Cristo e a igreja primitiva: Em diversas oportunidades se vê que Jesus chamava tanto os profetas maiores quanto os menores de apenas “Profetas”, colocando-os em um mesmo patamar de importância quanto à inspiração divina e valor teológico (Mt 5.17; Lc 16.29). O rolo dos Profetas Menores foi considerado como de valor tão estimável que Estêvão, em sua bela defesa, o usou como argumento ao citar uma passagem do livro do profeta Amós (At 7.42).

2) Uma diversidade entre os profetas e a sua mensagem: Ao analisar os Profetas Menores se vê uma variedade grande no processo de chamado e vocação de Deus. Ele chamou profetas dos mais diferentes níveis sociais, a exemplo de Amós que era um simples boiero e cultivador de sicômoros e Sofonias que fazia parte da Corte Real e era tataraneto do rei Ezequias. Isso corrobora com as palavras do próprio Deus ao dizer a Samuel: “Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (1 Sm 16.7). Há ainda um fator de destaque nos Profetas Menores quanto à sua mensagem e seus destinatários: Deus mostra o seu amor não somente ao povo de Israel, mas estende a outros povos as profecias de juízo para que também tivessem oportunidade de arrepender-se, a exemplo dos assírios (Na 1.1; Jn 1.2) e dos edomitas (Ob 1.1). Os livros dessas referências citadas são os únicos, na Bíblia, em que a sua mensagem são destinada, na íntegra, a povos gentílicos.

3) São livros altamente cristocêntricos: Se em nossos dias, infelizmente, as pregações e ensinos estão cada vez mais distantes de ter a Cristo como tema central, não era o que acontecia nos Profetas Menores. Em toda a sua extensão de profecias veremos o plano de redenção da humanidade por meio do Messias ser apresentada como uma realidade que se aproximava rapidamente. Observam-se profecias a respeito de toda a vida e ministério de Jesus Cristo: seu nascimento (Mq 5.2), sua infância (Os 11.1), morte e ressurreição (Jn 1.17; 2.10). Além de outras profecias referentes ao reinado eterno de Cristo (Mq 4.7) e o alcance da sua salvação a todos os que quiserem (Ml 4.2).

4)  O registro histórico do relacionamento de Deus com seu povo: Os Profetas Menores atuaram entre os séc. VIII e V a.C., sendo assim por meio das profecias podemos entender como Deus foi lidando com o seu povo em cada fase da sua história. Normalmente, as pessoas tem o entendimento errôneo de cada profeta foi enviado, necessariamente, após a morte de um profeta antecessor, porém não foi assim. Muitos profetas atuaram durante o mesmo período de tempo, tanto os Profetas Maiores quanto os Menores. Seguem a relação dos Profetas Menores utilizados em cada período histórico de Israel: período pré-exílico (Joel, Miquéias, Habacuque, Sofonias, Oséias, Amós, Obadias, Jonas e Naum) e período pós-exílico (Ageu, Zacarias e Malaquias).
A partir dessa publicação, iniciarei uma série de estudos envolvendo os Profetas Menores, por esta razão achei conveniente mostrar-lhes o quanto valorosos são estes escritos e o quanto podemos aprender com eles a respeito do conhecimento teológico teórico-prático, pois de quê nos serviria conhecer as Sagradas Escrituras, de capa a capa, e não aplicá-la em nossas vidas. Por isso Deus utilizando-se de um dos Profetas Menores, por nome Oséias, assim diz ao seu povo: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Os 6.4). Que as bênçãos do Senhor Jesus estejam sobre a vida que cada leitor até que nos encontremos com Ele na glória. A Ele toda honra, toda glória para todo o sempre. Amém.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. “Os doze profetas menores”. Editora CPAD, 2012.



Gleydson Salviano



*Gleydson Salviano é casado com Ana Karolina, formado em Administração e com MBA em Gestão de Negócios, Controladoria e Finanças, é Superintendente e Professor de EBD na Assembléia de Deus de Brasília em Samambaia/DF pastoreada pelo Pr. Erasmo Araújo Pinto.



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