Por Rodrigo
Moraes* e Tiago Amorim**
Resumo
Uma
das teorias mais complexas e até às vezes contraditória é a Teologia e o problema
do Mal. Muitos até tentam explicar de forma convincente sobre o mal, e o
classificam sempre em duas formas, o “Mal
Moral e o Mal Físico”, mas neste artigo queremos propor o entendimento da sua
origem e não como ele se desenvolve no aspecto moral ou físico. Vamos abordar
aqui o mal antes mesmo do Jardim do Éden, vamos falar do mal em sua essência.
Palavra-chave:
Origem do Mal.
Introdução
Muitas
pessoas têm inquietações com a existência do mal, não porque ele possua
qualquer desafio lógico ao Cristianismo, mas porque a sua existência cria uma
lacuna na compreensão humana, que por falta de fundamentação acaba fugindo do
tema, e a pergunta ainda permanece aberta. “Quem
criou o Mal”?
O que é o Mal?
ü O Mal não existe como um ser ou uma coisa, porque
não é concreto, mas abstrato;
ü O Mal não é uma Criatura ou uma Criação;
ü O Mal não é Onipotente;
ü O Mal não é Onisciente;
ü O Mal não é Onipresente;
ü O Mal acontece;
ü Nada é Mal em si mesmo;
Conceito de Mal
“Todo Pecado é Mal, mas nem todo Mal é Pecado”.
Exemplo:
ü Ferrugem de um carro é mal, mas não é pecado;
ü Podridão de uma árvore é mal, mas não é pecado;
ü Sua calça jeans rasgou é mal, não é pecado;
ü A televisão da sua casa queima é mal, mas não é
pecado;
ü Fundiu o motor do seu carro é mal, mas não é pecado.
- As parteiras hebreias desobedeceram a Faraó e
Deus não lhes imputou mal por seu feito (Êx.
1.15,20).
Quem Criou o Mal?
Resposta: Deus!
Muitos
Teólogos querem defender Deus dessa pergunta eliminando Deus da equação e
fazendo malabarismo com a soberania, o amor, perfeição, santidade, etc.
O
surgimento do mal é consequência da criação do bem; Algo só pode ser bom quando
comparado a algo que é mau.
1.
Deus é
Criador de tudo o que existe, “...sem
ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo. 1.3);
2.
O Mal é
algo que existe;
3.
Portanto,
Deus é quem cria o Mal, e decreta sua existência.
Rejeitar
a primeira premissa leva ao dualismo, da mesma forma, negar a segunda leva ao
ilusionismo que nega a realidade do mal, que seria “Panteísmo”. Concordar que
Deus não criou todas as coisas é negar sua soberania, se na terceira premissa
eu negar que Deus cria o mal eu estaria negando a primeira em que Ele é criador
de tudo. Se pensarmos que existe uma criação paralela, então Deus não é o
Criador e sim um dos “criadores”, sendo Deus não mais Deus e sim Deus de deus,
ou seja, dois deuses e duas fontes de criação. Se alguma coisa foi criada fora
de Deus, isso o desqualificaria como a origem de tudo. Se alguma coisa foi
criada fora de Deus, Ele não teria domínio sobre ela.
O
fato de seres finitos não verem o propósito
de certos males não significa que este não exista, a incapacidade de ver o
propósito do mal não refuta a benevolência de Deus, apenas revela nossa
ignorância.
A
Escritura ensina que a vontade de Deus determina todas as coisas, portanto nada
existe ou acontece sem Deus, não meramente permitindo, mas ativamente desejando
que exista ou aconteça:
ü “...e farei toda a minha vontade”. (Is. 46.10)
ü “...e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de
vosso Pai” (Mt.10.29)
ü “O Senhor fez tudo para seus próprios fins...”(Pv.
16.4)
ü “...porque tu criaste todas as coisas, e por tua
vontade são e foram criadas” (Ap. 4.11)
Se
negarmos que Deus é a origem de tudo, iríamos contra a Sua soberania. Não há
nada que exista que Ele não tenha ativamente criado. Deus decretou a existência
do mal, Ele não o permitiu meramente, como se algo pudesse se originar e
acontecer aparte de sua vontade e do Seu poder, Deus decretou o mal, para a Sua
própria glória.
Em
Atos 17.28 diz “nele vivemos, e nos
movemos, e existimos”, portanto, é absolutamente impossível fazer algo em
independência de Deus, sem Ele, uma pessoa não pode nem mesmo pensar ou se
mover.
Aos
“ortodoxos” e “fundamentalistas”, que gostam de dizer que seguem a verdade e se
fundamentam nas escrituras, ao invés de tentar “proteger” Deus de algo que Ele
não precisa ser protegido, deveria reconhecer alegremente com a Bíblia que Deus
decretou ativamente o mal, e então tratar com o assunto de forma responsável.
Se
Deus é o único que possui dignidade intrínseca, e se Ele decide que a
existência do mal irá servir no final das contas, para glorificá-lo, então, o
decreto é, por definição, bom e justificável.
Muitas pessoas contestarão o direito e a justiça de
Deus em decretar a existência do mal para a Sua própria glória e propósito.
Para uma pessoa ter dificuldade em aceitar que Deus decretou a existência do
mal implica que ele encontra algo “errado” em Deus fazer tal decreto.
Contudo, qual é o padrão de certo e errado pelo
qual esta pessoa julga as ações de Deus?
Se há
um padrão moral superior a Deus, ao qual o próprio Deus é responsável, e pelo
qual o próprio Deus é julgado, então, este “Deus” não é Deus de forma alguma,
antes, este padrão maior seria Deus, ou seja, se há algo mais alto do que o
“Deus” que uma pessoa está argumentando contra, então, esta pessoa não está
realmente se referindo ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, visto que Deus chama a Si mesmo de bom, e
visto que Deus definiu a bondade para nós revelando Sua natureza e bondade, o
mal é, dessa forma, definido como algo que é contrário à Sua natureza e aos
Seus mandamentos. Visto que Deus é bom, e visto que Ele é a única definição de
bondade, é bom também que Ele tenha decretado a existência do mal. Não há
padrão de bom e mal pelo qual possamos denunciar Seu decreto como errado ou
mal. Não estamos afirmando que o mal é bom, o que seria uma contradição, mas,
estamos dizendo que o decreto de Deus para a existência do mal é bom.
Quero
me lembrar das 71 perguntas que Deus fez a Jó começando no capitulo 38, no
versículo 4 “Onde você estava quando lacei as alicerces da terra?” versículo 33
“você conhece as leis dos céus?, você pode determinar o domínio de Deus sobre a
terra?”. Vemos que partimos do nosso próprio conceito e definição de bondade a
partir de Deus, acusa-lo de maldade seria como dizer que o bom é mal, o que é
uma contradição.
Conclusão
A
Maldade é a causa secundária da quebra de uma Lei primária estabelecida por
Deus, à quebra desta Lei causa uma existência secundária que seria a Maldade. Deus
criou o mal, mas o homem é
responsável por propagar a maldade
através de sua relação com o pecado. Da mesma forma como Deus criou a galinha,
esta por sua vez bota ovos, e os homens fazem dos ovos omeletes. Deus não criou
a omelete, mas dEle é a origem.
A mentira é resultado secundário da verdade, é uma
sub-realidade do que é verdadeiro. No instante em que é definido aquilo que é
verdade, tudo o que estiver fora da delimitação é tido automaticamente como
mentira. Então quando definimos aquilo que é bom, fica pré-definido de maneira
automática a criação do que é mal.
Bibliografia
FITCH, William. Deus
e o Mal. Editora Pes, 2005.
GEISLER, Norman L. Enciclopédia de apologética: respostas aos críticos da fé; tradução
Lailah de Noronha, São Paulo, Editora Vida, 2002.
SAYÃO, Luiz. O
Problema do Mal no Antigo Testamento: o caso de Habacuque. São Paulo,
Hagnos, 2012.
WRIGHT, N.T. O
Mal e a justiça de Deus. Viçosa, MG, Ultimato, 2009.
Autores:
*Rodrigo Moraes
Bacharelado em Teologia - UMESP - Universidade Metodista; Gestão de
Projetos - Universidade Mogi das Cruzes; Pós-Graduação em Teologia & Missão
- FLAM - Faculdade Latino Americana de Teologia Integral (Cursando).
**Tiago Amorim
Bacharelado em Teologia - UPM - Universidade Presbiteriana Mackenzie;
Bacharelado em Filosofia - CEUCLAR - Universidade Claretiano; Pós-Graduação em
Teologia & Missão - FLAM - Faculdade Latino Americana de Teologia Integral
(Cursando).
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