segunda-feira, 10 de julho de 2017

Expiação Limitada x Expiação Ilimitada: qual das visões está correta? [PARTE 2]



Transcrição do debate entre Adeildo Belisário e Isaac Silva, sob o tema: " Expiação Limitada x Expiação Ilimitada ", ocorrido em 10 de Abril de 2017 no Grupo de Estudos “Teologia com Propósito”.

Conheça cada teólogo em sua apresentação inicial logo abaixo:


EXPIAÇÃO LIMITADA:
Adeildo Belisário: Eu sou Adeildo Espíndola Belisario, sou de Caruaru-PE, estou cursando Bacharelado em Teologia na FAETEO (Faculdade de Teologia e Cursos de Capelania), instituição on-line mesmo.  Vou defender primeiramente que Jesus Cristo não morreu por todos. Seu sacrifício substitutivo foi a favor de um grupo específico. E este grupo específico é a igreja.


EXPIAÇÃO ILIMITADA:
Isaac Silva: Bom dia a todos e em especial ao nobre servo de Cristo meu irmão Adeildo, desde já um grande prazer poder estamos aqui para agregarmos conhecimento. Sou servo de Cristo, meu nome Isaac Silva, quero dizer que não sou calvinista e nem arminiano; sou biblista e estarei me postando ao que a bíblia fala, que todos pecaram (Rm 3.23), e como todos é todos, Cristo morreu por todos.

Confira abaixo o desenvolvimento da segunda parte deste debate, com pergunta, resposta, réplica e tréplica.


PERGUNTA:
Isaac Silva:

“Digo a verdade em Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo: tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração. Pois eu até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, os de minha raça, o povo de Israel”. (Romanos 9:1-4).


Será que Paulo estava querendo ser mais bondoso que Deus, ao desejar abrir mão de sua própria salvação por amor aos não-salvos? Se o próprio Deus não os escolheu, não morreu por eles, não deseja a salvação deles nem lhes dá a mínima oportunidade de salvação, por que Paulo queria fazer o que o próprio Deus não fez, ao amá-los a tal ponto de negar a si mesmo? Se Jesus morreu por todos, dá oportunidade a todos e deseja a salvação de todos, faz sentido que Paulo os ame tanto e deseje tanto a salvação deles.  Mas se eles não podem ser salvos de nenhuma maneira e nem o próprio Deus os ama, o apóstolo estaria querendo expressar um sentimento que, além de impossível de se concretizar, ainda bateria de frente com o que o próprio Deus já tinha reservado a eles. Para que desejar a salvação de alguém que Deus já decidiu soberanamente que iria ser condenado? Estaria Paulo se opondo aos decretos de Deus? [extraído de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”. Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017].


RESPOSTA:
Adeildo Belisário: Creio que em Romanos 9, Paulo só esteja demonstrando o amor humano como o temos por nossos vizinhos. A questão do amor de Deus é muito transcendente. Querer que todos se salvem é um sentimento amoroso, mas não é bíblico. E a base da morte de Cristo é o resgate que ele faz (as ovelhas, Sua igreja) pessoas de toda tribo, conforme Apocalipse 5.9: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação”. Enfim, Paulo exclama que ama os pecadores com quem conviveu, compatriotas. Isso tem eco na palavra presciência. Deus conhece todas as pessoas, mas só tem relação íntima com os que conhece de antemão. Como poderia dizer: “apartai-vos porque nunca vos conheci” [Mateus 7.3]? Deus não conheceu de maneira íntima todos.


RÉPLICA:
Isaac Silva: [extraído de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”. Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017]. Os calvinistas tem pouquíssimos textos que eles encontraram na Bíblia para defenderem a expiação limitada, até porque esta doutrina nunca surgiu através da descoberta de textos bíblicos, mas apenas para dar sentido ao restante do calvinismo. E o pior é que nenhum dos versículos utilizados por eles dizem qualquer coisa parecida com: “eu morro somente pelos eleitos”, ou então: “eu não morro pelos não-eleitos”. No máximo, no melhor dos cenários, o que eles têm são textos que dizem que Deus morreu pelos eleitos, o que nenhum arminiano nega: “Assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (João 10:15). “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela” (Efésios 5:25). Estes textos, assim como outros análogos, dizem que Cristo morreu pelas ovelhas/Igreja, o que absolutamente nenhum arminiano neste mundo nega. Para que estes textos provem alguma coisa em favor do calvinismo, eles teriam que acrescentar a palavra somente neles, ficando assim: “Assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida somente pelas ovelhas” (João 10:15).  “Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo somente por ela” (Efésios 5:25). Logicamente, os textos não dizem isso. Qualquer calvinista que use textos como esses na tentativa de colocar a expiação limitada na Bíblia está explicitamente adulterando as Escrituras, acrescentando uma palavra que simplesmente não se encontra ali, mas que é absolutamente necessária para dar peso aos argumentos deles. Estarão incorrendo na maldição que João lançou: “Declaro a todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro: se alguém lhe acrescentar algo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro” (Apocalipse 22:18).  
Para deixarmos ainda mais claro a desonestidade de se usar versos como esses na defesa de uma expiação limitada, podemos usar Gálatas 2:20 e, com a mesma lógica calvinista, concluir que Jesus morreu somente por Paulo, pois ele disse:  “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2:20). A estrutura do texto é exatamente igual a dos anteriores. O texto diz que Cristo se entregou por Paulo, como os outros que dizem que Cristo se entregou pelas ovelhas e que Cristo se entregou pela Igreja. Mas ninguém que não seja um herege seria capaz de dizer que Cristo morreu somente por Paulo. Eles teriam que acrescentar uma palavra que não se encontra no original grego. A conclusão lógica é que um texto dizer que Jesus morreu por Paulo não significa dizer que Jesus morreu somente por Paulo, da mesma forma que os textos que dizem que Cristo morreu pela Igreja não significam que Cristo morreu somente pela Igreja. Roger Olson fala sobre isso nas seguintes palavras:

“Que Cristo morreu por eles [a saber, os cristãos] de forma alguma exige que ele tenha morrido apenas por eles. O crítico David Allen corretamente enfatiza que o fato de que muitos versículos falam de Cristo morrendo por suas ‘ovelhas’, sua ‘igreja’ ou seus ‘amigos’ não prova que Ele não tenha morrido por outros não incluídos nestas categorias”. (OLSON, Roger. Contra o Calvinismo. Editora Reflexão: 2013, p. 226. Extraído de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”. Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017).


Norman Geisler também observa:

“Quando a Bíblia usa termos como ‘nós’, ‘nossos’ ou ‘nos’ com referência à expiação, diz respeito somente àqueles a quem a expiação foi aplicada, não a todos a quem ela foi proporcionada. Fazendo assim, ela não limita a expiação em sua aplicação possível a todas as pessoas. Antes, fala de alguns a quem a expiação já foi aplicada”. (GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 90. Extraído de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”. Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017).


 Sendo que os calvinistas não têm mais qualquer texto que minimamente implique em uma expiação limitada, passaremos aos nossos. [extraído de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”. Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017].


TRÉPLICA:
Adeildo Belisário: Veja, o calvinismo não adultera a bíblia, antes persegue o que cada texto e contexto quer dizer. Palavras como "todos", "mundo", "todo aquele que", só podem ser significadas pelo contexto. Eu reafirmo, que a base para um resultado prefeito é a realização por alguém igualmente perfeito.  Não dar o que Cristo obteve na cruz à pessoa que foi (o motivo) do próprio sacrifício, é minimizar sua obra, tornando-a mais fraca. Se morrer pela igreja, seu povo, não for excluir uma parcela do todo, então a obra foi incompleta e O executor não atingiu seu objetivo. E textos como Romanos 4.25, Hebreus 7.25 e Hebreus 9.12 trazem essa certeza e essa infalibilidade.


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