segunda-feira, 24 de julho de 2017

Expiação Limitada x Expiação Ilimitada: qual das visões está correta? [PARTE 4]





Transcrição do debate entre Adeildo Belisário e Isaac Silva, sob o tema: " Expiação Limitada x Expiação Ilimitada ", ocorrido em 10 de Abril de 2017 no Grupo de Estudos “Teologia com Propósito”.

Conheça cada teólogo em sua apresentação inicial abaixo:


EXPIAÇÃO LIMITADA:
Adeildo Belisário: Eu sou Adeildo Espíndola Belisario, sou de Caruaru-PE, estou cursando Bacharelado em Teologia na FAETEO (Faculdade de Teologia e Cursos de Capelania), instituição on-line mesmo.  Vou defender primeiramente que Jesus Cristo não morreu por todos. Seu sacrifício substitutivo foi a favor de um grupo específico. E este grupo específico é a igreja.


EXPIAÇÃO ILIMITADA:
Isaac Silva: Bom dia a todos e em especial ao nobre servo de Cristo meu irmão Adeildo, desde já um grande prazer poder estamos aqui para agregarmos conhecimento. Sou servo de Cristo, meu nome Isaac Silva, quero dizer que não sou calvinista e nem arminiano; sou biblista e estarei me postando ao que a bíblia fala, que todos pecaram (Rm 3.23), e como todos é todos, Cristo morreu por todos.

Confira abaixo o desenvolvimento da quarta e última parte deste debate, com pergunta, resposta, réplica e tréplica entre os debatedores; perguntas dos leitores do blog e também as considerações finais dos debatedores.



PERGUNTA:
Isaac Silva: “Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1ª Timóteo 2:3-4). Este texto é tão claro quanto os anteriores que postei, aqui Paulo diz basicamente o mesmo que Pedro: que Deus deseja que todos os homens sejam salvos. A evidência de que o “todos” inclui também os não-regenerados é que o apóstolo diz desejar que eles cheguem ao conhecimento da verdade, o que implica que tais pessoas ainda não conheciam a verdade. Portanto, dentro da expressão “todos”, estão incluídos também aqueles que ainda estão nas trevas, afastados da verdade, precisando ainda conhecê-la e serem libertos por ela (Jo.8:32) [Extraído de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”. Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017]. Qual o embasamento bíblico e exegético que se pode dar à expressão todo, nos textos supracitados, todos significa todos ou não? Explique.


RESPOSTA:
Adeildo Belisário: Aqui é o mesmo mecanismo de João 3.16 e 14.17! No versículo um, consta “súplicas em favor a todos os homens”. No versículo dois ele especifica quem são os todos os homens: “reis, em eminência”. Continuando, versículo três diz todos os homens sejam salvos. Todos os que detêm poder e podem dar vida tranquila e mansa, para pregá-lo visto o ensejo histórico de perseguição. Então não há motivos para quer que todos sejam (ou Deus queira que todos os reis sejam salvos), mas que Deus quer que todas as classes de pessoas sejam salvas, e não somente pobres. O tema do trecho não é a salvação de todos, mas uma discriminação entre classes que são objeto da morte de Cristo.

RÉPLICA:
Isaac Silva: 1ª Timóteo 2:4 diz: “Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1ª Timóteo 2:3-4). Este texto é tão claro quanto o anterior, pois Paulo diz basicamente o mesmo que Pedro: que Deus deseja que todos os homens sejam salvos. A evidência de que o “todos” inclui também os não-regenerados é que o apóstolo diz desejar que eles cheguem ao conhecimento da verdade, o que implica que tais pessoas ainda não conheciam a verdade. Portanto, dentro da expressão “todos”, estão incluídos também aqueles que ainda estão nas trevas, afastados da verdade, precisando ainda conhecê-la e serem libertos por ela (Jo.8:32). As tentativas de corromper o significado da palavra “todos” nestes textos têm sido tão frustradas quanto nos demais, chegando ao ponto de um dos maiores pregadores calvinistas na história, Spurgeon, tê-las repudiado vigorosamente. Ele reconheceu:


“Nossos amigos calvinistas mais antigos tratam esse texto. ‘Todos os homens’, dizem eles – isto é, ‘alguns homens’: como se o Espírito Santo não pudesse ter dito ‘alguns homens’ se quisesse dizer ‘alguns homens’. ‘Alguns homens’, dizem eles, como se o Senhor não pudesse ter dito ‘todos os tipos de homens’ se quisesse dizer isso. O Espírito Santo, por meio do apóstolo, escreveu ‘todos homens’, e é inquestionável que ele quer dizer todos os homens” - (SPURGEON, Charles H, apud, Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism, p. 150.)


Ele era tão firme neste ponto que chegou a zombar dos calvinistas que interpretavam o “TODOS” como NÃO SENDO “TODOS”, dizendo que, se fosse assim, seria melhor e mais fácil que Paulo tivesse dito o contrário:


“Eu pensei, quando li sua exposição, que teria sido um comentário muito bom sobre o texto se esse dissesse: ‘Que não quer que todos os homens sejam salvos nem venham ao conhecimento da verdade’”. (SPURGEON, Charles H, apud, Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism, p. 151.)


De fato, se o texto dissesse o contrário daquilo que diz, expressaria perfeitamente a opinião da maioria dos calvinistas acerca dele. Spurgeon, portanto, rejeitava a interpretação calvinista tradicional deste texto pelas seguintes razões:

- Se Paulo quisesse dizer “alguns” onde ele disse “todos”, ele poderia e teria feito isso, dizendo “alguns homens” no lugar de “todos os homens”.

- Se Paulo estivesse falando dos tipos de homens, ele poderia e teria feito isso, dizendo “todos os tipos de homens” ao invés de “todos os homens”.

- Se o texto estivesse dizendo o contrário do que diz, afirmando que Deus não quer que todos os homens sejam salvos, estaria expressando com muito mais exatidão a interpretação calvinista do que do jeito que ele está escrito.

Resumidamente, o que Spurgeon se recusava a fazer era lutar contra o óbvio do texto bíblico, corrompendo o significado daquilo que está claro. Mas isso não entra em contradição direta com a tese calvinista da expiação limitada? Sim, entra. E ele reconhecia isso. Mesmo assim, ele preferia parecer inconsistente com sua própria teologia do que com o texto bíblico:
        

“Eu preferiria centenas de vezes parecer incoerente comigo mesmo que ser incoerente com a Palavra de Deus” (SPURGEON, Charles H, Apud Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism, p. 150.)


Também podemos observar que “a mesma palavra grega para ‘todos’ é utilizada em 2ª Timóteo 3.16 para dizer que ‘toda’ a Escritura é inspirada. Se a palavra não significar literalmente ‘todos’ em 1ª Timóteo 2.4, então ela também não significa ‘toda’ em 2ª Timóteo 3.16 (‘toda a Escritura é inspirada’). Seria mais honesto que os calvinistas fizessem como Spurgeon e reconhecessem o óbvio do texto de 1ª Timóteo 2:4, mesmo conflitando com sua própria teologia, do que insistirem em interpretar um texto diferente do seu significado evidente [Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017].


TRÉPLICA:
Adeildo Belisário: Bom, concluir que todos os homens no verso um, são todas as pessoas indistintamente, é ignorar a própria temática do capítulo inteiro. Paulo admoesta Timóteo e suas ovelhas, a interceder por todas as classes de pessoas, nas quais estão incluídos os reis e governantes. O fato de calvinistas não lidarem bem com essa a passagens, faz realçar que todos estão aprendendo. Tanto calvinistas quanto arminianos. É que o todos do verso primeiro são todas as classes de pessoas, assim como o verso 4. Só que há a especificação do todos no verso 2. Isso os arminianos não veem! E o calvinismo preza justamente pelo peso da morte de Cristo, se ele pagou os pecados, propiciou,  fez justiça pela sua morte, tem de ser lógico que todos serão salvos pela qualidade do autor da operação. Enfim, o significado dos termos são preenchidos pelo contexto e pelo dicionário, mas o peso mais forte é pelo contexto.


ð  PERGUNTAS ENVIADAS PELOS LEITORES DO BLOG:


PERGUNTA PARA ISAAC:

“Tendo em vista a unicidade do texto bíblico no diz respeito à mensagem que é única sendo Cristo o centro da escritura. Na expiação veterotestamentaria onde o sacerdote fazia a expiação pelo povo,  o mesmo era elemento passivo e que apenas recebia os benefícios da expiação.  No contexto neotestamentário se a  expiação  efetuada por Cristo for ilimitada uma vez que sendo a humanidade passiva e recebedora dos benefícios da expiação sendo assim inevitavelmente todos seriam salvos. Como resolver essa questão do universalismo?”
(Pergunta enviada por Luís).


Isaac Silva: se eu entendi bem sobre quem é passivo, a questão de ser passivo no ofertante ou ofensor era meramente em relação ao benefício advindo do ato de ofertar o sacrifício, isto no antigo testamento, é o mesmo ato era fundamentado pela fé no sacrifício que cobriria seu pecado é claro que o mérito esta unicamente no sacrifício. O mesmo princípio se aplica por inferência no novo testamento. Ofertante agora não precisa mais sua atuação "ativa" de trazer um novilho para o sacrifício. Sua passividade continua a mesma em relação ao poder do sacrifício, pois o mérito é de outrem JESUS, porém sua atuação em receber os benefícios deste sacrifício superior permanece o mesmo o ato de crer, o exercício da fé.


PERGUNTA APARA ADEILDO:

“Ezequiel: 18.23 diz: “Tenho eu algum prazer na morte do ímpio? Diz o Senhor Deus. Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?” Se Deus não tem prazer na morte do ímpio e deseja que o ímpio se converta, por que o sacrifício não se estenderia a todos ímpios?”

(pergunta enviada por Diego Fernandes).


Adeildo Belisário: Bom, irmão, temos que entender que tipo de vontade Deus tem. Que tipo de amor Deus tem e aplica. É claro que Deus não trata todos de igual forma, digo, Deus não manifesta se amor na mesma intensidade.  Como a manifestação máxima de amor é a morte de Cristo, Essa manifestação não pode ter barreiras, o que o calvinismo faz é dar o devido poder da morte que traz vida. Deus deseja algo, mas Deus também deseja algo com mais intensidade. Aí se parte para o decreto, que Deus escolheu fazer aquilo que teve vontade, essa vontade é diferente da vontade do texto de Ezequiel 18. Como harmonizar com as outras partes da bíblia como Isaías 43? Farei toda a minha vontade? É fazendo diferenciação entre o que Deus quer daquilo que ele quer mais, que no final é a sua própria Glória.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

Isaac Silva: Em minhas considerações finais quero agradecer a oportunidade em poder ter contribuído para o elevo espirituais de todos, pelo convite a mim feito pelo irmão Alcione Pedro, valeu todos esses dias de pesquisa, me preparei e muito. E agradecer o amado irmão Adeildo, meu conterrâneo pois morei por 30 em Recife e sobre tudo ao nossos Deus que nos Amou com AMOR IMUTAVEL, dito isto, finalizo dizendo que:

“A crença na expiação limitada nunca surgiu através de um exame detido das Escrituras, razão pela qual eles possuem quase nenhuma fonte de apoio acerca disso, exceto alguns versículos que, como mostramos, nem de longe favorecem a visão limitada da expiação. Se a expiação limitada é verdadeira, ela passou despercebida pela Bíblia, por todos os Pais da Igreja, por Lutero e até pelo próprio Calvino. Até que um homem, sucessor de Calvino, percebeu que limitar a extensão da expiação era totalmente necessário para dar sentido e ligação às demais crenças calvinistas. Por isso, a Bíblia não apenas foi revista, mas muitas vezes manipulada, corrompida e flagrantemente adulterada nas tentativas de reinterpretação de textos históricos que sempre foram usados na defesa da expiação universal e que claramente atestam que Cristo morreu por todos. Lutar contra eles, tentando forçar os textos a dizer algo diferente daquilo que eles explicitamente dizem, não melhoram nada – apenas demonstra como alguém é capaz de lutar contra o óbvio. Como resultado das interpretações manipuladas, o “mundo” não é mundo, o “todos” não é todos, o “querer” não é querer, o “redimir” não é redimir, o “destruir” não é destruir e a palavra “alguns” não existia no vocabulário de Paulo e dos demais escritores neotestamentários. Foi um trabalho árduo a revisão de textos que claramente apontam para a expiação universal, mas, infelizmente, foi onde eles tiveram que chegar para assumir as consequências de uma doutrina que começa errada, e que termina pior ainda.” [Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso em: 10 de Abril de 2017].



Adeildo Belisário: Agradeço a oportunidade!  E Pr Isaac,  foi um prazer debater a palavra de Deus com você, foi muito estudo também de minha parte, mas tudo contribui para o nosso bem!

Minha consideração é que pela história, a teologia vem se desenvolvendo,  como a doutrina da Trindade, e todas que foram objeto dos concílios. Não se falava em expiação limitada em Calcedônia porque os pais estavam preocupados com outra questão. A recomendação que faço é que cada um pegue a bíblia e Leia TODOS os versículos, TODOS os pontos de vista e orientem-Se pelo Espírito Santo. E pesem a questão do monergismo e sinergismo, que acho o ponto crítico entre calvinistas e arminianos.

Graça e paz a todos!





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