Transcrição
do debate entre Adeildo Belisário e Isaac Silva, sob o tema: " Expiação Limitada x Expiação Ilimitada ", ocorrido
em 10 de Abril de 2017 no Grupo de Estudos “Teologia com
Propósito”.
Conheça cada
teólogo em sua apresentação inicial abaixo:
EXPIAÇÃO
LIMITADA:
Adeildo Belisário: Eu sou Adeildo
Espíndola Belisario, sou de Caruaru-PE, estou cursando Bacharelado em Teologia
na FAETEO (Faculdade de Teologia e Cursos de Capelania), instituição on-line
mesmo. Vou defender primeiramente que
Jesus Cristo não morreu por todos. Seu sacrifício substitutivo foi a favor de
um grupo específico. E este grupo específico é a igreja.
EXPIAÇÃO
ILIMITADA:
Isaac Silva: Bom dia a todos e em especial ao nobre
servo de Cristo meu irmão Adeildo, desde já um grande prazer poder estamos aqui
para agregarmos conhecimento. Sou servo de Cristo, meu nome Isaac Silva, quero
dizer que não sou calvinista e nem arminiano; sou biblista e estarei me
postando ao que a bíblia fala, que todos pecaram (Rm 3.23), e como todos é
todos, Cristo morreu por todos.
Confira abaixo o desenvolvimento da quarta e última parte deste debate,
com pergunta, resposta, réplica e tréplica entre os debatedores; perguntas dos
leitores do blog e também as considerações finais dos debatedores.
PERGUNTA:
Isaac
Silva: “Isso é bom e agradável perante Deus, nosso
Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento
da verdade” (1ª Timóteo 2:3-4). Este texto é tão claro quanto os anteriores que
postei, aqui Paulo diz basicamente o mesmo que Pedro: que Deus deseja que todos
os homens sejam salvos. A evidência de que o “todos” inclui também os
não-regenerados é que o apóstolo diz desejar que eles cheguem ao conhecimento
da verdade, o que implica que tais pessoas ainda não conheciam a verdade.
Portanto, dentro da expressão “todos”, estão incluídos também aqueles que ainda
estão nas trevas, afastados da verdade, precisando ainda conhecê-la e serem libertos
por ela (Jo.8:32) [Extraído
de: Lucas Banzoli: “Calvinismo versus Arminianismo. Quem está com a razão”.
Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>. Acesso
em: 10 de Abril de 2017]. Qual o embasamento bíblico e
exegético que se pode dar à expressão todo,
nos textos supracitados, todos significa
todos ou não? Explique.
RESPOSTA:
Adeildo
Belisário: Aqui é o mesmo mecanismo de João 3.16 e 14.17! No
versículo um, consta “súplicas em favor a todos os homens”. No versículo dois
ele especifica quem são os todos os homens: “reis, em eminência”. Continuando,
versículo três diz todos os homens sejam salvos. Todos os que detêm poder e
podem dar vida tranquila e mansa, para pregá-lo visto o ensejo histórico de
perseguição. Então não há motivos para quer que todos sejam (ou Deus queira que
todos os reis sejam salvos), mas que Deus quer que todas as classes de pessoas
sejam salvas, e não somente pobres. O tema do trecho não é a salvação de todos,
mas uma discriminação entre classes que são objeto da morte de Cristo.
RÉPLICA:
Isaac
Silva: 1ª Timóteo 2:4 diz: “Isso é bom e agradável
perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao conhecimento da verdade” (1ª Timóteo 2:3-4). Este texto é tão claro
quanto o anterior, pois Paulo diz basicamente o mesmo que Pedro: que Deus
deseja que todos os homens sejam salvos. A evidência de que o “todos” inclui
também os não-regenerados é que o apóstolo diz desejar que eles cheguem ao
conhecimento da verdade, o que implica que tais pessoas ainda não conheciam a
verdade. Portanto, dentro da expressão “todos”, estão incluídos também aqueles
que ainda estão nas trevas, afastados da verdade, precisando ainda conhecê-la e
serem libertos por ela (Jo.8:32). As tentativas de corromper o significado da
palavra “todos” nestes textos têm sido tão frustradas quanto nos demais,
chegando ao ponto de um dos maiores pregadores calvinistas na história,
Spurgeon, tê-las repudiado vigorosamente. Ele reconheceu:
“Nossos amigos calvinistas mais
antigos tratam esse texto. ‘Todos os homens’, dizem eles – isto é, ‘alguns
homens’: como se o Espírito Santo não pudesse ter dito ‘alguns homens’ se
quisesse dizer ‘alguns homens’. ‘Alguns homens’, dizem eles, como se o Senhor
não pudesse ter dito ‘todos os tipos de homens’ se quisesse dizer isso. O
Espírito Santo, por meio do apóstolo, escreveu ‘todos homens’, e é
inquestionável que ele quer dizer todos os homens” - (SPURGEON,
Charles H, apud, Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism, p. 150.)
Ele era tão firme
neste ponto que chegou a zombar dos calvinistas que interpretavam o “TODOS”
como NÃO SENDO “TODOS”, dizendo que, se fosse assim, seria melhor e mais fácil
que Paulo tivesse dito o contrário:
“Eu pensei, quando li sua exposição,
que teria sido um comentário muito bom sobre o texto se esse dissesse: ‘Que não
quer que todos os homens sejam salvos nem venham ao conhecimento da verdade’”. (SPURGEON,
Charles H, apud, Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism, p. 151.)
De fato, se o texto
dissesse o contrário daquilo que diz, expressaria perfeitamente a opinião da
maioria dos calvinistas acerca dele. Spurgeon, portanto, rejeitava a
interpretação calvinista tradicional deste texto pelas seguintes razões:
-
Se Paulo quisesse dizer “alguns” onde ele disse “todos”, ele poderia e teria
feito isso, dizendo “alguns homens” no lugar de “todos os homens”.
-
Se Paulo estivesse falando dos tipos de homens, ele poderia e teria feito isso,
dizendo “todos os tipos de homens” ao invés de “todos os homens”.
-
Se o texto estivesse dizendo o contrário do que diz, afirmando que Deus não
quer que todos os homens sejam salvos, estaria expressando com muito mais
exatidão a interpretação calvinista do que do jeito que ele está escrito.
Resumidamente, o que
Spurgeon se recusava a fazer era lutar contra o óbvio do texto bíblico,
corrompendo o significado daquilo que está claro. Mas isso não entra em
contradição direta com a tese calvinista da expiação limitada? Sim, entra. E
ele reconhecia isso. Mesmo assim, ele preferia parecer inconsistente com sua
própria teologia do que com o texto bíblico:
“Eu preferiria centenas de vezes
parecer incoerente comigo mesmo que ser incoerente com a Palavra de Deus”
(SPURGEON, Charles H, Apud Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism, p. 150.)
Também podemos
observar que “a mesma palavra grega para ‘todos’ é utilizada em 2ª Timóteo 3.16
para dizer que ‘toda’ a Escritura é inspirada. Se a palavra não significar
literalmente ‘todos’ em 1ª Timóteo 2.4, então ela também não significa ‘toda’
em 2ª Timóteo 3.16 (‘toda a Escritura é inspirada’). Seria mais honesto que os
calvinistas fizessem como Spurgeon e reconhecessem o óbvio do texto de 1ª
Timóteo 2:4, mesmo conflitando com sua própria teologia, do que insistirem em
interpretar um texto diferente do seu significado evidente [Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>.
Acesso em: 10 de Abril de 2017].
TRÉPLICA:
Adeildo
Belisário: Bom, concluir que todos os homens no verso um,
são todas as pessoas indistintamente, é ignorar a própria temática do capítulo
inteiro. Paulo admoesta Timóteo e suas ovelhas, a interceder por todas as
classes de pessoas, nas quais estão incluídos os reis e governantes. O fato de
calvinistas não lidarem bem com essa a passagens, faz realçar que todos estão
aprendendo. Tanto calvinistas quanto arminianos. É que o todos do verso primeiro são todas as classes de pessoas, assim como
o verso 4. Só que há a especificação do todos no verso 2. Isso os arminianos
não veem! E o calvinismo preza justamente pelo peso da morte de Cristo, se ele
pagou os pecados, propiciou, fez justiça
pela sua morte, tem de ser lógico que todos serão salvos pela qualidade do
autor da operação. Enfim, o significado dos termos são preenchidos pelo
contexto e pelo dicionário, mas o peso mais forte é pelo contexto.
ð PERGUNTAS ENVIADAS PELOS LEITORES
DO BLOG:
PERGUNTA
PARA ISAAC:
“Tendo em
vista a unicidade do texto bíblico no diz respeito à mensagem que é única sendo
Cristo o centro da escritura. Na expiação veterotestamentaria onde o sacerdote
fazia a expiação pelo povo, o mesmo era
elemento passivo e que apenas recebia os benefícios da expiação. No contexto neotestamentário se a expiação
efetuada por Cristo for ilimitada uma vez que sendo a humanidade passiva
e recebedora dos benefícios da expiação sendo assim inevitavelmente todos
seriam salvos. Como resolver essa questão do universalismo?”
(Pergunta
enviada por Luís).
Isaac
Silva: se eu entendi bem sobre quem é passivo, a questão
de ser passivo no ofertante ou ofensor era meramente em relação ao benefício
advindo do ato de ofertar o sacrifício, isto no antigo testamento, é o mesmo
ato era fundamentado pela fé no sacrifício que cobriria seu pecado é claro que
o mérito esta unicamente no sacrifício. O mesmo princípio se aplica por inferência
no novo testamento. Ofertante agora não precisa mais sua atuação "ativa"
de trazer um novilho para o sacrifício. Sua passividade continua a mesma em
relação ao poder do sacrifício, pois o mérito é de outrem JESUS, porém sua
atuação em receber os benefícios deste sacrifício superior permanece o mesmo o
ato de crer, o exercício da fé.
PERGUNTA
APARA ADEILDO:
“Ezequiel:
18.23 diz: “Tenho eu algum prazer na morte do ímpio? Diz o Senhor Deus. Não
desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?” Se Deus não tem prazer
na morte do ímpio e deseja que o ímpio se converta, por que o sacrifício não se
estenderia a todos ímpios?”
(pergunta
enviada por Diego Fernandes).
Adeildo
Belisário: Bom, irmão, temos que entender que tipo de
vontade Deus tem. Que tipo de amor Deus tem e aplica. É claro que Deus não
trata todos de igual forma, digo, Deus não manifesta se amor na mesma
intensidade. Como a manifestação máxima
de amor é a morte de Cristo, Essa manifestação não pode ter barreiras, o que o
calvinismo faz é dar o devido poder da morte que traz vida. Deus deseja algo,
mas Deus também deseja algo com mais intensidade. Aí se parte para o decreto,
que Deus escolheu fazer aquilo que teve vontade, essa vontade é diferente da
vontade do texto de Ezequiel 18. Como harmonizar com as outras partes da bíblia
como Isaías 43? Farei toda a minha vontade? É fazendo diferenciação entre o que
Deus quer daquilo que ele quer mais, que no final é a sua própria Glória.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Isaac
Silva: Em minhas considerações finais quero agradecer a
oportunidade em poder ter contribuído para o elevo espirituais de todos, pelo
convite a mim feito pelo irmão Alcione Pedro, valeu todos esses dias de
pesquisa, me preparei e muito. E agradecer o amado irmão Adeildo, meu conterrâneo
pois morei por 30 em Recife e sobre tudo ao nossos Deus que nos Amou com AMOR
IMUTAVEL, dito isto, finalizo dizendo que:
“A crença na expiação limitada nunca
surgiu através de um exame detido das Escrituras, razão pela qual eles possuem
quase nenhuma fonte de apoio acerca disso, exceto alguns versículos que, como
mostramos, nem de longe favorecem a visão limitada da expiação. Se a expiação
limitada é verdadeira, ela passou despercebida pela Bíblia, por todos os Pais
da Igreja, por Lutero e até pelo próprio Calvino. Até que um homem, sucessor de
Calvino, percebeu que limitar a extensão da expiação era totalmente necessário
para dar sentido e ligação às demais crenças calvinistas. Por isso, a Bíblia
não apenas foi revista, mas muitas vezes manipulada, corrompida e
flagrantemente adulterada nas tentativas de reinterpretação de textos
históricos que sempre foram usados na defesa da expiação universal e que
claramente atestam que Cristo morreu por todos. Lutar contra eles, tentando
forçar os textos a dizer algo diferente daquilo que eles explicitamente dizem,
não melhoram nada – apenas demonstra como alguém é capaz de lutar contra o
óbvio. Como resultado das interpretações manipuladas, o “mundo” não é mundo, o
“todos” não é todos, o “querer” não é querer, o “redimir” não é redimir, o
“destruir” não é destruir e a palavra “alguns” não existia no vocabulário de
Paulo e dos demais escritores neotestamentários. Foi um trabalho árduo a
revisão de textos que claramente apontam para a expiação universal, mas,
infelizmente, foi onde eles tiveram que chegar para assumir as consequências de
uma doutrina que começa errada, e que termina pior ainda.” [Fonte: <http://www.cacp.org.br/expiacao-limitada-ou-ilimitada/>.
Acesso em: 10 de Abril de 2017].
Adeildo
Belisário: Agradeço a oportunidade! E Pr Isaac,
foi um prazer debater a palavra de Deus com você, foi muito estudo
também de minha parte, mas tudo contribui para o nosso bem!
Minha consideração é que pela
história, a teologia vem se desenvolvendo,
como a doutrina da Trindade, e todas que foram objeto dos concílios. Não
se falava em expiação limitada em Calcedônia porque os pais estavam preocupados
com outra questão. A recomendação que faço é que cada um pegue a bíblia e Leia
TODOS os versículos, TODOS os pontos de vista e orientem-Se pelo Espírito
Santo. E pesem a questão do monergismo e sinergismo, que acho o ponto crítico
entre calvinistas e arminianos.
Graça e paz a todos!
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