Por Davi Faria de Caires*
Após o arrebatamento da igreja,
sucederá na terra um estado de sofrimento e horror, conhecido como Grande
Tribulação, assunto que ocupa treze capítulos do livro de Apocalipse (Ap 6 -
18). Neste tempo, caracterizado por juízo divino, Deus derramará o cálice de
sua ira sobre todos aqueles que escolheram viver na prática do pecado e
rejeitaram o sacrifício do Filho de Deus. Esse assunto, apesar de muito
terrível, deve despertar em nós o temor. Não o temor do porvir, mas sim o temor
e o tremor ao Senhor, que é o princípio da sabedoria (Pv 9.10)
É bem verdade que Satanás jamais conseguirá ser igual a Deus,
porém desde o princípio, ele tenta imitá-lo. E essa frustração faz dele um
imitador das obras divinas, porém com intenções más. Pelas Escrituras, sabemos
nós que no início da Grande Tribulação, Satanás formará uma tríade, a sua falsa
trindade, constituída pelo Dragão, pelo Anticristo e pelo Falso Profeta, que neste
período de sete anos, tomarão posse temporariamente da Terra. De acordo com 2
Tessalonicenses 2.3-10, é o Espírito Santo quem impede que o anticristo se
manifeste antes do tempo. Quando o anticristo surgir, o Espírito Santo será
retirado como restritor do pecado, e o pecado terá livre curso. Porém, a
operação de salvação dos pecadores continuará acontecendo por obra do Espírito
Santo.
O início da carreira do Anticristo será algo insignificante.
Daniel relata esse aparecimento inicial como um chifre pequeno (Dn 7.8). Mas
logo depois, o anticristo derrubará três reis, ocupará três países e
prosseguirá em crescimento de força e poder, tornando-se governante de uma
confederação de dez países (Dn 7.24). O anticristo (a besta de Apocalipse
13.1-8) será um líder político, um ditador mundial. O falso profeta será seu
ministro de cultos, que estará à frente da igreja mundial de Satanás, a falsa
igreja, que se projetará através da unificação de todas as religiões.
No primeiro período da Grande Tribulação, duas testemunhas
surgirão para pregarem. A bíblia não diz quem serão essas testemunhas, mas a
suspeita é que sejam Enoque e Elias. Estes dois homens são os únicos do Antigo Testamento
que foram trasladados e não provaram a morte física. Essas duas testemunhas
morrerão no início do segundo período da grande tribulação, e depois
ressuscitarão à vista de todos e finalmente ascenderão ao céu (Ap 11.3-12).
O juízo de Deus será derramado em toda a terra, simbolizados
por sete selos, sete trombetas e sete taças. Os quatro primeiros selos são representados
por quatro cavalos: branco, vermelho, preto e amarelo. O cavalo branco
representa o surgimento do anticristo. O cavalo vermelho representa o
surgimento de muitas guerras. Em virtude das guerras, haverá muita fome (cavalo
preto). E em decorrência de guerras e fomes, um quarto da população mundial será
exterminada. Essa mortandade é representada pelo cavalo amarelo (Ap
6.2-8). Apesar de tão grande calamidade,
esses quatro selos são apenas o início das dores, pois ainda restam o quinto, o
sexto e o sétimo selos; as sete trombetas e as sete taças. Haverá muitos
mártires neste tempo (quinto selo). O sexto selo (Ap 6.12,13) indica que haverá
grande tremor de terra, escurecimento do sol e mudança de aspecto da lua,
tornando-se como o sangue. Essas catástrofes físicas encerram a primeira parte
da grande tribulação. A segunda parte da grande tribulação inicia-se com o
sétimo selo (Ap 8.1-5), e está relacionado a novas catástrofes na terra e
comoções no céu físico.
As sete trombetas estão descritas nos capítulos 8 e 9 do
Apocalipse. Ao analisarmos o texto bíblico, veremos que um terço da vegetação
será destruído com saraivada, fogo e sangue que cairão sobre a terra (primeira
trombeta). Um terço da vida marinha e das embarcações será destruído com a
queda de algo grande como uma montanha caindo no mar (segunda trombeta). Rios e
fontes serão contaminados, e um terço de toda a água da terra será poluído
(terceira trombeta). Haverá muita escuridão na terra, pois um terço do brilho
do sol, da lua e das estrelas desaparecerá (quarta trombeta). A terra será
invadida por demônios em forma de gafanhotos gigantes, e os habitantes da terra
serão atormentados por cinco meses (quinta trombeta). A terra será invadida por
duzentos milhões de seres infernais, comandados por quatro anjos caídos. Nesta
ocasião, um terço da população da terra será exterminada (sexta trombeta). A
sétima e última trombeta introduz os últimos e mais severos juízos de Deus, sob
as sete taças.
As sete taças da ira de Deus estão descritas nos capítulos 15
e 16 de Apocalipse. Serão flagelos e catástrofes em escala mundial e de efeitos
destruidores jamais conhecidos. Os adoradores da besta serão acometidos por
muitas chagas malignas (primeira taça). O mar se tornará em sangue, e por
tornar-se completamente contaminado, toda vida marinha desaparecerá (segunda
taça). Os rios e fontes de água doce também serão contaminados (terceira taça).
Haverá aumento de temperatura do sol, queimando os homens (quarta taça). Haverá
muitas blasfêmias na maior parte da humanidade, e por não se arrependerem,
serão acometidos de muitas trevas e morderão suas línguas de dor (quinta taça).
Hostes demoníacas dominarão os homens, levando exércitos de guerra a se
concentrarem em Israel com o intuito de destruírem Jerusalém e o próprio Deus
(sexta taça). Espetaculares mudanças ocorrerão na superfície da terra através
de um terremoto mundial, destruindo cidades, aplainando montanhas e alterando
todo o contorno dos mares. Toda geografia do planeta será alterada (sétima
taça).
No início da Grande Tribulação, Israel gozará de privilégios
e se fortalecerá, a ponto de o Anticristo fazer pacto com ela. Os sacrifícios em
Israel serão retomados, e após três anos e meio, o anticristo anulará o pacto e
começará a perseguir os judeus. Dentre as doze tribos, haverão cento e quarenta
e quatro mil judeus que serão salvos e testemunharão em toda a terra: “E ouvi o
número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de
todas as tribos dos filhos de Israel (Ap 7.4).” Mais adiante, esses cento e
quarenta e quatro mil judeus serão martirizados, como dá a entender Apocalipse
14.1-3. Os judeus lutarão desesperadamente. Israel será quase destruída. Será
muito grande a mortandade em Israel (Zc 13.8). Quando não houver mais esperança
de salvação para os judeus, eles clamarão a Deus, e nesse momento Jesus descerá
visivelmente sobre o monte das Oliveiras para prender Satanás por mil anos e
instaurar o Seu Reino milenial. No momento em que Jesus tocar o Monte das
Oliveiras este se dividirá o meio, produzindo um grande vale, e toda Jerusalém
se tornará uma planície. O Mar Morto, onde atualmente não há vida, será um
viveiro de peixes. Com a vinda visível de Jesus sobre o monte das Oliveiras, finda-se,
então, o período da Grande Tribulação.
Obras Consultadas
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Vem o
fim, o fim vem: a doutrina das últimas coisas. Revista Lições Bíblicas,
CPAD, 4º Trimestre de 2004.
CABRAL, Elienai. Escatologia:
o estudo das últimas coisas. Revista Lições Bíblicas, CPAD, 3º Trimestre de
1998.
RENOVATO, Elinaldo. O final de todas as coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 2015
RENOVATO, Elinaldo. Escatologia. Revista Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 1º
Trimestre de 2016
SILVA, Antônio Gilberto da. Daniel e Apocalipse: o panorama do futuro.
Campinas: EETAD, 2008.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Erros escatológicos que os pregadores devem evitar. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012
Sobre o
autor:
Davi Faria de Caires
Cristão protestante, casado, residente e natural de Campinas-SP, é membro da Igreja Batista Regular no Jd Liza (Campinas-SP). Músico formado pela Escola Livre de Música (UNICAMP), formado em Psicologia (PUCCAMP) e em Gestão de Recursos Humanos (UNIDERP); graduando em Teologia pela Faculdade Batista Teológica de Campinas (FTBC) e pelo Centro Universitário Filadélfia (UniFil). Psicólogo clínico com atuação em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e em Desenvolvimento Humano Organizacional (DHO) na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Criador do Grupo de Estudos Teologia com Propósito®. Contato: davifariadecaires@gmail.com
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